domingo, 9 de novembro de 2008

Crise financeira impactará destino de Kyoto

A crise financeira global impactará as discussões da Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, a ser realizada na Dinamarca em dezembro de 2009, estabelecerá o acordo internacional que substituirá o Protocolo de Kyoto. Embora a crise financeira possa diminuir a capacidade de investimento dos países desenvolvidos em esforços de redução das emissões de carbono, ela também ensina muito sobre os riscos da falta de sustentabilidade econômica. Os impactos econômicos das mudanças climáticas, conclui-se que, com um investimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, pode-se evitar a perda de 20% do PIB em 50 anos. O novo estudo, intitulado Acordo Global em Mudanças Climáticas feito na Escola de Ciência Política e Econômica de Londres (LSE), faz diversas propostas para a realização de um acordo global a ser discutido na conferência de dezembro. Os países desenvolvidos devem se comprometer a cortar em até 80% suas emissões de carbono até 2050, enquanto as nações emergentes devem concordar em estabelecer metas de cortes até 2020. Comparam-se os efeitos da crise financeira mundial com as conseqüências previstas das mudanças climáticas globais. A crise financeira não é um desastre natural, assim como o aquecimento global. São desastres de origem humana, conseqüências de se ignorar os riscos de uma economia que não é sustentável. O risco ignorado é geralmente amplificado. Essa é uma lição da crise econômica que precisa ser transposta para a crise ambiental. A inércia que levou à crise financeira não pode ser repetida na crise climática. Ignorar os riscos das mudanças climáticas é muito mais grave que ignorar os riscos financeiros. As novas tecnologias de baixa emissão de carbono e os mercados de carbono são grandes oportunidades abertas pela crise ambiental. E elas se caracterizam pela sustentabilidade, ao contrário do que acontece com as bolhas especulativas das empresas na internet ou no mercado imobiliário. A eficiência energética será central de agora em diante, tanto para o combate aos efeitos das mudanças climáticas como para a economia. As adaptações para melhorar a eficiência energética têm grande potencial para gerar renda e trabalho, representando uma fonte de energia. A eficiência será o principal motor do processo de recuperação, assim como o desenvolvimento de tecnologias limpas. Destaca-se também a necessidade de estabelecer os preços do carbono por meio de taxas, comércio de carbono e regulamentações. É importante definir um valor global para o carbono, de modo a deixar claro o custo social e ambiental de cada atividade que provoca emissões. O preço, que está por volta de €25, em média, deverá chegar a €40 em poucos anos. O desenvolvimento e o clima são os problemas centrais do século 21. Se falharmos para lidar com um deles, vamos falhar com o outro também. As mudanças climáticas minam o desenvolvimento e não vamos mais poder separar os dois assuntos. O que chamamos de adaptação às mudanças climáticas é um sinônimo de desenvolvimento em uma situação hostil. Um estudo terá seus resultados consolidados apresentados a partir de junho de 2009, cuja concepção teve início em junho de 2007. O objetivo é identificar estratégias para lidar com os riscos das mudanças climáticas e avaliar a efetividade das medidas de mitigação já em curso a fim de propor políticas públicas. Com enfoque no ano de 2100 e bases nos modelos climáticos desenvolvidos pelo CPTEC-Inpe, o projeto estuda temas como agricultura, energia, uso da terra e desmatamento, biodiversidade, recursos hídricos, zona costeira, migração e saúde.

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