sábado, 25 de julho de 2009

Aquecimento vai agravar efeitos das ilhas de calor

Tempestades, enchentes, temperaturas extremas, raios, secas prolongadas, escassez de água, poluição. Todos os efeitos nocivos das "ilhas de calor" urbanas sobre o clima serão exacerbados pelo aquecimento global nos próximos anos, segundo especialistas reunidos por três dias em São Paulo para discutir o efeito das mudanças climáticas sobre a vida nas cidades. "A Defesa Civil precisa ser fortalecida, porque vai ter muito trabalho daqui para frente", avisa a geógrafa Magda Lombardo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, especialista em clima e planejamento urbano. As discussões ocorrem no âmbito da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede-Clima), criada em 2008 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para subsidiar políticas públicas sobre o tema. O primeiro encontro foi na semana passada, no Rio, e o segundo, nesta semana, na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foram os primeiros passos para identificar os riscos - e soluções - que as mudanças climáticas trarão para as regiões metropolitanas das duas capitais. "A mancha urbana é um enorme experimento de mudanças climáticas e adaptação", diz o especialista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As ilhas de calor formadas pela urbanização, já alteram o clima local de maneira significativa - aumentando, por exemplo, a ocorrência de tempestades e a concentração de poluentes atmosféricos. Temos de somar os efeitos do aquecimento global a tudo isso que já está ocorrendo. Na maioria dos casos, a situação vai piorar. A mancha urbana de São Paulo já é, em média, 3 °C mais quente que o entorno. Nos dias de muito calor, a diferença pode chegar a 12 °C. Ameaças No Rio, as principais ameaças previstas pelos pesquisadores são o aumento do nível do mar - que poderá comprometer várias praias - e os deslizamentos de encostas ocupadas por favelas, por causa do aumento da ocorrência de tempestades. São Paulo deverá sofrer com mais enchentes, no verão, e secas, no inverno. O grande problema para São Paulo é água. Por causa do calor, as chuvas vão ficar mais concentradas (na forma de tempestades) e vão cair mais no centro da cidade, e não sobre os mananciais, que é onde se precisa delas para abastecimento. A concentração de poluentes sobre a região metropolitana também será exacerbada, assim como os efeitos nocivos da poluição sobre a saúde da população. Os piores impactos sempre acabam desembocando na saúde pública. As mudanças climáticas devem ser incorporadas ao planejamento urbano dos governos, e que as prefeituras das regiões metropolitanas cooperem mais entre si. Em junho de 2009, São Paulo foi a primeira cidade do País a aprovar uma Lei Municipal de Mudanças Climáticas, prevendo medidas tanto de mitigação (redução de emissões) quanto de adaptação. O secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que participou do encontro na Fapesp, chamou atenção para outro efeito do aquecimento com o qual a cidade terá de lidar: a migração de refugiados do clima, vindos do Nordeste e de outras regiões impactadas. O Nordeste faz parte de São Paulo. Quando acabarem as áreas agriculturáveis no Ceará, você acha que as pessoas vão fugir para onde? Parte irá para Fortaleza, parte virá para cá.

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