segunda-feira, 13 de julho de 2009

Natureza é fonte cobiçada de drogas e cosméticos

Uma das grandes promessas não cumpridas da ciência brasileira sobre a biodiversidade da Amazônia é a descoberta de moléculas terapêuticas na natureza. Apesar do vasto conhecimento tradicional disponível sobre o uso de ervas e outras substâncias medicinais da floresta, o País nunca desenvolveu um medicamento com base na fauna e flora local. As possibilidades, segundo os pesquisadores, são imensas. Cerca de metade das drogas desenvolvidas até hoje no mundo ou utilizam ou são derivadas de produtos naturais. Entre elas a morfina, a aspirina, a penicilina, outros vários antibióticos e medicamentos antitumorais. Em um estudo publicado na última quinta-feira na revista Nature, cientistas americanos mostraram que a droga rapamicina, usada como agente imunossupressor (para evitar a rejeição de órgãos), pode também aumentar a expectativa de vida de camundongos. Efeito semelhante já havia sido observado em vermes, fungos e moscas, mas nunca em mamíferos. Com um detalhe importante: a rapamicina foi descoberta em uma bactéria de solo da Ilha de Páscoa, nos anos 70. Entre 2005 e 2007, foram aprovadas nos Estados Unidos 13 drogas derivadas de produtos naturais, segundo um artigo publicado na última edição da revista Science. Apesar de um declínio no interesse da indústria farmacêutica sobre esse tipo de pesquisa nos últimos 15 anos, os autores acreditam que as novas tecnologias de prospecção genômica que estão surgindo vão facilitar a descoberta de mais moléculas terapêuticas no futuro. "Os recursos (de produtos naturais) são tão vastos que parecem ilimitados", escrevem os cientistas, do Departamento de Química da Universidade de Alberta, no Canadá. BELEZA NATURAL Enquanto os "biomedicamentos" não chegam, os Estados da Amazônia miram seus investimentos em um alvo mais simples: os "biocosméticos". Uma parceria lançada em maio pelas instituições de fomento à ciência do Amazonas, Pará, Maranhão, Acre e Tocantins vai financiar projetos de pesquisa aplicada ao desenvolvimento de cosméticos derivados da biodiversidade. O primeiro edital da Rede Amazônia de Pesquisa e Desenvolvimento de Biocosméticos (Redebio) é de R$ 6,3 milhões, com foco em quatro produtos: copaíba, andiroba, castanha e babaçu. "São produtos que já estão no mercado, mas não têm certificação, não têm competitividade", diz o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa), Ubiratan Bezerra. Ele enfatiza que a rede vai trabalhar em forte sincronia com a indústria. O objetivo não é fazer pesquisa acadêmica, é transferir tecnologia. Se a pesquisa não chegar às empresas, a rede não faz sentido.

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