sábado, 11 de julho de 2009

Países do G-8 propõem acerto climático fraco

Emergentes concordam com meta de 2°C de aquecimento, mas discordam sobre seu papel para atingi-la. Os 17 países que mais emitem gases do efeito estufa, reunidos no Fórum das Maiores Economias (MEF), devem assumir hoje o compromisso de não permitir que a temperatura do planeta aumente mais do que 2°C em relação à média registrada no início do século 18. A declaração do MEF sobre mudança climática será assinada em encontro organizado no contexto da cúpula do G-8, grupo das sete economias mais industrializadas e a Rússia, na cidade italiana de L'Áquila. Embora dê substância a uma cúpula criticada pelo caos temático, esse acerto está longe de ser considerado um acordo. O texto não define metas para a redução dos gases do efeito estufa, apenas objetivos, termo diferente para a diplomacia, pois não são mandatórios, ressalta conflitos entre países desenvolvidos e emergentes no debate do tema. Uma fonte da diplomacia brasileira insistiu que a ausência de metas quantitativas não ofusca o objetivo dos líderes do MEF de definir um "rumo político" para as discussões em andamento no âmbito da Convenção do Clima. Por ser um documento assinado por chefes de Estado, afirmou, a declaração tenderá a dar uma linha clara para o acordo sobre mudança climática, que deve ser concluído na Conferência do Clima das Nações Unidas, em dezembro. Segundo o negociador, o texto da declaração indicará a "existência de consenso" sobre a adoção de meta para os países desenvolvidos de redução de 50% nas emissões de gases-estufa em 2050 em relação aos níveis de 1990. Haveria acordo em torno da definição de meta de médio prazo, até 2020. Mas os números estão em negociação. Os países emergentes concordaram sobre a necessidade de suas políticas de desenvolvimento serem acompanhadas de ações de controle das emissões e da incorporação de novas tecnologias, para impedir a repetição da tradicional curva de crescimento econômico com aumento das emissões. Trata-se de uma "meta camuflada", uma vez que essas ações serão contabilizadas - e cobradas. Todos os países mostraram flexibilidade nas negociações, até mesmo a Índia e os Estados Unidos, que eram mais reticentes. Esses supostos consensos, entretanto, se mostram débeis a cinco meses da Conferência. Em sua declaração sobre mudança climática e ambiente, o G-8 insistiu que os países em desenvolvimento também devem assumir uma meta quantitativa, corte de 20% nas emissões. A declaração do G-5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul), bateu na tecla da necessidade de metas ambiciosas para os países desenvolvidos e de maior empenho deles para o financiamento de iniciativas dos emergentes e pobres. Os líderes desse grupo deram aval também à proposta do México de criação de fundo verde. O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, acentuou as divergências ao afirmar que o conceito de ambiente sustentável deve estar vinculado ao crescimento econômico.

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