segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Emissões do cerrado se igualam às da Amazônia

Os níveis de emissão de gás carbônico (CO2) provocados pela devastação do cerrado já são equivalentes aos alcançados pelo desmatamento na Amazônia. Levantamento divulgado nesta quinta-feira (10) pelo Ministério do Meio Ambiente mostra que a emissão média anual de carbono entre 2002 e 2008 foi de 350 milhões de toneladas. Neste intervalo, a taxa média de desmatamento anual no bioma foi de 21.260 Km², uma área duas vezes maior que a estimativa de desmatamento na Amazônia, que é de 10 mil Km². Com esse ritmo, o total de área devastada do cerrado passou de 41,9% para 48,2%. "Os números são acachapantes", resumiu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Embora o cerrado tenha o dobro de área desmatada que a Amazônia, a quantidade de carbono emitida é equivalente, porque as árvores da Amazônia têm mais celulose, com isso, mais carbono por hectare. Diante dessas estatísticas, Minc lançou um conjunto de medidas para interromper a tendência de devastação no cerrado. Batizado de Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas, o plano traça estratégias para serem executadas entre 2009/2011. Entre elas, ampliar áreas sob proteção. "Atualmente, no papel, 7,5% do território do cerrado está protegido", disse o ministro. A ideia é ampliar esse percentual, para, pelo menos 10%. Para alcançar esse índice, seria preciso criar, em dois anos, 600 mil hectares de áreas novas de proteção. O plano inicial é que três unidades sejam criadas, cada uma com 200 mil hectares. O local das novas áreas já foi escolhido, mas não foi anunciado. Ainda segundo o jornal, o estudo sobre o ritmo de desmatamento no cerrado é fruto de uma análise dos satélites CBERS e Landsat. O novo plano prevê um acompanhamento constante das atividades de desmatamento, a exemplo do que é feito na Amazônia. O novo sistema deverá ser desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o diretor de Conservação da Biodiversidade do ministério, Bráulio Ferreira de Souza Dias, o novo método deverá demorar um pouco para entrar em funcionamento. "É preciso fazer adaptações, testes em campo", avisou. Um dos desafios, contou Dias, está relacionado com o longo período de seca, em que vegetação perde boa parte das folhas. "Isso torna um pouco mais difícil diferenciar o que é seca, o que é devastação." A análise das imagens captadas no levantamento mostra que, ao contrário do que ocorre na Amazônia, as áreas de devastação são mais pulverizadas. Mesmo assim, é possível identificar algumas tendências. O estudo realizado mostra, por exemplo, que 60 cidades são responsáveis por um terço de todo desmatamento do cerrado. Os estados onde há maior desmatamento, em números absolutos, são: Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia.A maior parte da devastação no cerrado ocorreu a partir da década de 1970. Atualmente, maiores vetores de desmatamento no bioma são cana-de-açúcar (principalmente no Triângulo Mineiro e São Paulo); carvão vegetal (em Minas, Bahia e Goiás); soja (no Piauí, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão); pecuária (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) e queimadas.

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