quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Poluição reduz nascimento de homens

A poluição atmosférica, a fuligem da queima da cana-de-açúcar e o uso de agrotóxicos nas lavouras têm reduzido o número de nascimentos de bebês do sexo masculino, indicam estudos da USP e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A hipótese é que as substâncias químicas - chamadas de desreguladores endócrinos-, presentes nesses poluentes alterem o mecanismo de regulação do eixo hipotálamo- hipófise- gônadas e inibam a fabricação de espermatozóides que carregam o cromossomo Y (que determina o sexo masculino). Diversos estudos na Europa e nos EUA vêm relatando que, além da tendência de declínio na proporção de homens, a exposição ambiental às substâncias químicas pode contribuir para um maior surgimento de cânceres hormônio, dependentes, redução da fertilidade e malformações congênitas. Uma análise publicada em outubro passado na revista científica francesa "Gynécologie Obstétrique & Fertilité" diz que há 15 anos diversos estudos epidemiológicos têm demonstrado possíveis associações entre o câncer de mama e os pesticidas que levam na composição desreguladores endócrinos. No Brasil, ao menos dois trabalhos de pesquisadores da USP mostram que quanto maior o número de partículas suspensas na atmosfera, menor a quantidade de meninos nascidos em regiões de São Paulo. Foi avaliado o nível de poluição medido em 15 estações da CETESB e o número de nascimentos registrados em cartórios da capital paulista. Entre a área menos poluída e a com maior índice de poluição atmosférica, a diferença da proporção de nascimento de bebês do sexo masculino foi de 1%, 51,7% e 50,7%, respectivamente, com 1.180 meninos a menos na área mais poluída. A análise foi feita entre 2001 e 2003. Sempre nascem mais homens do que mulheres (numa proporção média de 51% e 49%) porque a mortalidade masculina é maior. Porém, a proporção de homens vem caindo conforme o nível de poluição da região. Estudos mostram que o cromossomo Y, que define o sexo masculino, é muito sensível à exposição de agente químico presentes na atmosfera. Há uma morte maior da linhagem germinativa que carrega o Y. Em trabalho experimental, observa-se que ratos expostos à poluição ejaculam menos espermatozóides. A poluição afeta a qualidade e a quantidade de sêmen. Um estudo inédito feito no interior de São Paulo demonstra que as cidades onde há maior queima de cana-de-açúcar - monitorada por satélites - também têm redução do nascimento masculino. Agrotóxicos - Nas regiões agrícolas do Paraná, o declínio do nascimento de homens é atribuído aos agrotóxicos. A análise foi realizada entre 1994 e 2004, com base nos registros do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O município de Jardim Olinda, no noroeste paranaense, registrou a menor proporção de nascimentos de homens no período analisado. Em 1994, teve uma taxa de 62,5% e, dez anos depois, o índice de nascimentos de meninos caiu para 26%. Segundo Gibson, os agrotóxicos atuam como desreguladores endócrinos porque, entre os mecanismos de ação, têm estrutura molecular semelhante à de hormônios naturais.Alguns autores sugerem que não se pode atribuir a responsabilidade pelo declínio na proporção de nascimento masculino só à poluição ambiental, uma vez que não se sabe como seria tal proporção na ausência dessas partículas poluentes.

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