sábado, 27 de março de 2010

Descongelamento do Oceano Ártico

Descongelamento do Oceano Ártico lança 7,7 milhões de toneladas de metano por ano na atmosfera.
Cobertura de gelo do Oceano Ártico em descongelamento. Uma grande reserva de metano, gás-estufa 30 vezes mais potente do que o dióxido de carbono, está se abrindo. Pesquisadores da Universidade do Alasca descobriram diversas perfurações na camada de gelo que era tida como impermeável. A liberação do gás para a atmosfera, se não for interrompida, pode provocar mudanças climáticas ainda mais drásticas do que as já estudadas. - A quantidade de metano que vaza naquela região é comparável àquela liberada por todos os outros oceanos do planeta – alerta Natalia Shakhova, coordenadora da pesquisa e autora de um artigo publicado hoje na revista “Science”. O Ártico, segundo Natalia, liberaria cerca de sete teragramas anuais para a atmosfera. Cada teragrama equivale a 1,1 milhões de toneladas. - Se o permafrost (a camada de gelo permanente) continuar mostrando sinais de desestabilização, esta quantidade crescerá significativamente – adverte. A concentração atmosférica de metano varia de acordo com a temperatura global – os índices costumam ser maiores em períodos quentes. No Ártico, este índice, hoje, é o maior em 400 mil anos. Pesquisas relacionadas ao gás na década passada mostraram que, quanto maior a latitude, menor era a emissão de metano. Os estudos, porém, eram restritos à superfície terrestre. Em 2003, a equipe de Natalia colheu amostras no Oceano Ártico. Descobriu-se que mais de 80% das águas profundas e metade das águas de superfície tinham níveis de metano oito vezes maior do que a água normal de superfície. A constatação, combinada a dados de expedições anteriores, mostrou que o metano estava não apenas dissolvido na água, como também borbulhando para a atmosfera. Parte da área estudada preocupa a equipe por ser muito rasa, com menos de 50 metros de profundidade. Em águas profundas, o metano se oxida e se transforma em gás carbônico antes de atingir a superfície. Mas não há tempo para estas reações químicas em áreas superficiais. Os gases-estufa liberados ali são ainda mais danosos. - O lançamento de apenas 1% do metano que se acredita estar armazenado no Ártico pode aumentar a carga atmosférica do gás em até quatro vezes – explica Natalia. – É difícil prever quais seriam as consequências climáticas. A concentração atmosférica de metano teria mais do que dobrado desde a Revolução Industrial. Cerca de 60% são provenientes da atividade humana, enquanto o resto tem causas naturais, como, por exemplo, a decomposição de material orgânico. Geleira encolheu 3 km em 200 anos. Vilões do aquecimento global, os gases-estufa já deixam marcas visíveis nas regiões mais frias do planeta. Uma delas é o derretimento constante da geleira Exit, no Alasca. A geleira encolheu três quilômetros nos últimos 200 anos. Funcionários do Parque Nacional de Fiordes de Kenai costumam mudar sinais e trilhas para dar espaço aos rios efêmeros formados ao redor da geleira. - Agora, no entanto, as mudanças têm sido tão rápidas que montamos nossas placas sobre pedestais móveis – conta Klasner Fritz, especialista em recursos naturais do parque.

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