quarta-feira, 31 de março de 2010

Mudanças Climáticas - histórico e suas evidências

Atravessando o túnel do tempo, constatamos que já em 1979 havia um alerta grave sobre as mudanças climáticas. O relatório da NAS (National Academy of Sciences) sobre o assunto advertia que se adotada a política de “esperar para ver o que acontece” podia significar esperar até que seja tarde demais para evitar as catástrofes ambientais. A Primeira Conferência Mundial realizada neste mesmo ano, adota as mudanças climáticas como tema principal e convoca os governos a evitar as mudanças antropogênicas do clima. Em 1987, pesquisadores franceses e russos, a partir da análise de amostras de gelo da Antártica, denominadas testemunhos de gelo, revelam uma relação extremamente próxima entre os níveis de dióxido de carbono e a temperatura, nos últimos cem anos. A Organização das Nações Unidas fundada em 1988, o Painel Internacional de Mudanças Climáticas- IPCC – tinha como meta analisar os documentos sobre descobertas científicas. Em 1999, os cientistas reconstruíram o clima global dos últimos mil anos e, para isso, utilizando registros de temperatura, anéis extraídos de árvores, corais e testemunhos ( amostras) de gelo declararam que a década de 90 foi a mais quente do último milênio. Em 27 de julho de 2001, 178 países se tornaram signatários do Protocolo de Kyoto. A ONU afirma que 2001 foi o segundo ano mais quente dos 140 anos em que os cientistas têm mantido registros do clima. Nove entre os dez mais quentes ocorreram desde 1990, com temperaturas aumentando três vezes mais rápido que nos anos próximos a 1900. Desde 1980, a Terra passou por 19 dos seus 20 anos mais quentes já registrados sendo 2002, o segundo mais quente já registrado, e 1998 o mais quente. Globalmente, o terceiro ano mais quente foi em 2003. A Europa viveu o verão mais quente dos últimos 500 anos, com cerca de 30 mil mortes como resultado do calor extremo. Prejuízos causados pelo clima originaram gastos de cerca de 60 bilhões de dólares, em 2003. O jornal New York Times afirma que um estudo da NASA descobriu que 2004 foi o quarto ano mais quente já registrado A população mundial era de 6,45 bilhões de pessoas. Mais recentemente, relatórios divulgados pelo IPCC em 2007 apontaram impactos significativos das mudanças climáticas em lugares como a Amazônia, Semi-árido e as regiões costeiras. Na Amazônia, há previsões de sofrer até 2100 um aumento de temperatura que varia de 4 a 8ºC, e decréscimo de 15 a 20% na pluviosidade segundo o cenário A2 traçado pelo IPCC. Os rios que fazem parte da bacia amazônica também seriam afetados quando houver um rebaixamento no nível da lâmina d’água dos rios, comprometendo o transporte e o comércio, principalmente. Os impactos mais prováveis que impactarão a Amazônia são: 1-Alta frequência de secas na Amazônia Oriental 2-Aumento de eventos chuvosos extremos 3-Perdas nos ecossistemas, floresta e biodiversidade. As condições também serão mais favoráveis ao alastramento de queimadas devido à redução da umidade da floresta. Savanização da Amazônia tem sido destacada pelos pesquisadores como um evento mais freqüente nos próximos anos. Considerando a floresta como motor hidrológico que regula o regime de chuvas no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil podem surgir períodos prolongados de seca nessas regiões comprometendo toda a produção agrícola e de biocombustível. Para o Semi-árido no Nordeste poderá se tornar árida, em função da redução da pluviosidade e do aumento da temperatura da região. A recarga dos lençóis freáticos locais poderia ficar comprometida, possivelmente sofrendo uma redução de cerca de 70% em sua capacidade de armazenamento. A região Sudeste, segundo previsões, estará sujeito a um aumento de chuvas, impacto na agricultura, inundações, deslizamentos de terra, entre outros. Devido à savanização ao longo do tempo, poderá afetar a capacidade da Amazônia em fornecer umidade ao Sudeste, podendo haver reversão na tendência da região Sudeste do Brasil. Outros impactos poderão ocorrer tais como a elevação do nível do mar, variabilidade climática, comprometimento da existência de mangues considerados berçários de espécies marinhas. Plantas do Cerrado correm risco de extinção em torno de 38 a 45%, se a temperatura aumentar em 1,7ºC em relação aos níveis da era pré-industrial. Hoje, a superfície da terra está em média 0,6 a 0,7ºC mais quente do que antes da Revolução Industrial. Este valor não se distribui uniformemente ao longo da superfície da Terra. O aumento médio em terra é ainda maior, uma vez que a temperatura nos oceanos cresce mais lentamente devido a sua maior “inércia” térmica. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, em 13 de outubro passado, entregou um documento ao ex vice- presidente dos Estados Unidos, Al Gore, intitulado “Mudanças climáticas: o valor das convergências”, com vistas a reunião em Copenhague, em dezembro próximo. Deixo uma sugestão ao povo brasileiro, governo e sociedade, que é a discussão de um documento intitulado “Mudanças climáticas- o custo das evidências e divergências”, eventualmente, uma prévia para Copenhague. Quem sabe seria uma boa?

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