sábado, 11 de setembro de 2010

Segurança Alimentar e Nutricional

Segurança Alimentar e Nutricional nas escolas, nas ruas, campos, construções.
1- EDUCAÇÃO, NUTRIÇÃO E SAÚDE A prevenção de muitas doenças é possível pela educação alimentar, e a falta de saúde e de condições dignas de vida têm origem na ausência de segurança alimentar para grande parcela da população que não tem o direito básico de se alimentarem diariamente. São necessárias garantias de que alimentos de qualidade sejam produzidos e que a população tenha acesso, inclusive direto dos produtores, sem a necessidade de transportes em longas distâncias, armazenagens por longos períodos, industrialização, propagandas e vendas em lugares específicos e/ou concentrados que tornam mais caros e empobrecem as qualidades nutricionais dos alimentos. As instituições de ensino, principalmente as públicas (federais, estaduais e municipais), são um espaço privilegiado para a educação dos hábitos alimentares, estudos e pesquisas nutricionais e a aquisição de conhecimentos e técnicas de prevenção, recuperação e manutenção da saúde individual e coletiva. As escolas podem servir como importantes instrumentos de combate aos problemas nutricionais, principalmente os causados pela fome e a insegurança alimentar, através de um sistema de alimentação adequado às condições e necessidades das comunidades escolares que atendem. O ensino e a prática de bons hábitos alimentares devem ser constantes e fazerem parte do planejamento educacional e das atividades e ações cotidianas de alunos, pais, professores, agentes educacionais e todos que compõe a comunidade escolar, inclusive fornecedores e prestadores de serviços. A escolha dos alimentos deve privilegiar a qualidade, não apenas preços mais baixos. A aquisição de produtos regionais e naturais, principalmente os provenientes da agricultura familiar, orgânica e agroecológica podem garantir o fornecimento de produtos variados, com qualidade e bons preços. Não deve ser permitida a comercialização e publicidade de alimentos sem qualidades nutritivas, refrigerantes e bebidas alcoólicas em áreas de estabelecimentos de ensino. Outra medida importante que as escolas podem focalizar é a identificação de problemas de insegurança alimentar ou de sonegação de outros direitos básicos em sua área de ação, encaminhando-os para as organizações públicas de assistência social. Para que estas práticas e ações sejam partes da educação e do combate à desnutrição, anemias e hipovitaminoses e suas conseqüências presentes e futuras, são necessárias um conjunto de políticas públicas que garantam a segurança alimentar e nutricional, não de modo localizado, mas disseminado e amplo, encarando a alimentação como direito básico e fundamental dos seres humanos, não como oportunidades de negócios para empresas produtoras, transportadoras, armazenadoras, indústrias alimentícias e centros comerciais, cujo grande interesse não é alimentar a população, mas aumentar o valor de suas ações nas bolsas globalizadas do agro negócio. 2 – SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL “A insegurança alimentar possui diversas facetas, todas bastante graves. Engloba aqueles que comem pouco por falta de renda; os que comem inadequadamente porque não ingerem os nutrientes necessários para uma vida saudável, embora possam até ingerir a quantidade necessária de calorias e proteínas (muitos, especialmente crianças, podem ter doenças que impedem a absorção dos nutrientes); e também os que comem demasiadamente, necessitando de uma reeducação alimentar.” (GRAZIANO; TAKAGI, 2004, p. 44). Segurança alimentar e nutricional é um conjunto de políticas e ações públicas que reconhecem o direito a alimentação como fundamental e básico para um desenvolvimento adequado dos indivíduos e das relações humanas. A segurança alimentar não pressupõe apenas a distribuição de alimentos ou recursos financeiros para pessoas ou grupos em situação de risco, mas um conjunto de medidas que garantam que todos os indivíduos tenham acesso a alimentos em quantidades suficientes, com qualidade nutricional, regularidade e dignidade. 2.1 – Quantidade adequada É necessário um consumo diário mínimo de calorias, proteínas, vitaminas e sais minerais para garantir uma vida saudável e ativa. 2.2 – Qualidade adequada Os alimentos devem ser produzidos, transportados, armazenados e comercializados com métodos que garantam sua qualidade e características nutricionais. Deve-se estimular a produção e consumo local de alimentos através da agricultura familiar, orgânica e agroecológica. Este modelo de produção pode garantir a variedade, qualidade e preços acessíveis para os alimentos, principalmente os básicos. 2.3 – Regularidade adequada É necessário garantir ao menos três refeições diárias. A segurança alimentar e nutricional não deve ser eventual, localizada e restrita aos grupos de risco, mas ampla e abrangente, incluindo a produção de alimentos e os agricultores (principalmente os familiares, orgânicos e ecológicos) como dimensões fundamentais para assegurar a regularidade do abastecimento de produtos alimentícios. 2.4 – Dignidade adequada Pessoas que se alimentam de restos de restaurantes, lixões ou somente através de programas assistencialistas não podem ser consideradas como possuidoras de segurança alimentar. São necessárias políticas e ações educativas em relação aos hábitos e práticas alimentares, organizativas para a defesa dos direitos populares, e emancipatórias que promovam a autonomia dos beneficiários. Neste aspecto é muito importante o acesso universal dos cidadãos ao saneamento básico, água potável, habitações adequadas e a geração de trabalho e renda. 3 – FUTURO JÁ! A prevenção de doenças e a recuperação e manutenção da saúde são possíveis através dos alimentos ingeridos, porém não é apenas uma questão de hábitos pessoais. É preciso que existam programas específicos de segurança alimentar e nutricional que sejam amplos, integrados e que considerem a alimentação como direito de todos os seres humanos. Se estes princípios não forem observados, continuará o desperdício e o encarecimento dos alimentos enquanto parte importante da população não tem acesso aos padrões mínimos nutricionais recomendados. Os alimentos industrializados, que necessitam de transportes, armazenagem, propagandas e esquemas específicos de vendas, devem ser substituídos por gêneros produzidos e comercializados localmente, com mecanismos de vendas diretas dos produtores aos consumidores, e sempre que possível in natura. Deve-se estimular a cidadania e a participação de toda a sociedade no planejamento e aplicação dos mecanismos de segurança alimentar e nutricional, organizando comitês gestores que possam ser referências e promovam a articulação entre os beneficiários destes programas, os produtores, o comércio e as ações afirmativas necessárias ao enfrentamento dos problemas relacionados com a fome e desnutrição. Um avanço importante para a segurança alimentar e a valorização da agricultura familiar é a Lei 11.947/2009 e a Resolução 38/2009 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) que estabelece que dos recursos financeiros repassados para os estados e municípios no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), 30% devem ser utilizados na aquisição de alimentos diretamente da agricultura e dos empreendedores familiares rurais e suas organizações. As escolas e os educadores têm papel fundamental, não apenas na reeducação de hábitos alimentares, mas na identificação de problemas em suas comunidades escolares e na mobilização social necessária para a sociedade enfrentar e exigir políticas públicas que construam um futuro com segurança alimentar e nutricional para todos os brasileiros. (EcoDebate)

Um comentário:

Onilia Mara disse...

Estou me preparando para entrar na universidade. Quero fazer o curso de nutrição para atuar na área de segurança alimentar e nutricional e gestão de políticas públicas. A implantação de hortas comunitárias nos centros urbanos, o incentivo a agricultura familiar, com uma Reforma Agrária realizada de forma justa, são medidas que devem estar na pauta do próximo governo para serem executadas de maneira urgente. Enquanto isto não acontece, a sociedade precisa se concientizar de que o nosso futuro dependende das atitudes que tomamos no presente. Quero me preparar para axiliar neste trabalho, com a certeza de que o desenvolvimento sustentavel é o melhor caminho. Quero me juntar a vocês como mais uma gota de chuva. E que esta chuva venha encharcar mentes e corações, possibilitando que este meu sonho, de tanto tempo sonhado, possa se tornar um sonho realizável.

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