quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Prêmio classifica mais 4 estudantes

Autores dos textos desta página concorrem ao Prêmio Banco Santander Jovem Jornalista, bolsa de estudos em universidade espanhola. Da Redação Cássio Roberto Silva de Freitas Jr., Iuri Domarco Botão, Géssica Brandino Gonçalves e Jaime Pereira Lemes, alunos das Universidades Católica de Santos, Metodista de Piracicaba, de Mogi das Cruzes e de Taubaté, autores dos textos desta página, recebem nesta semana os computadores que conquistaram ao se classificarem para a fase final do Prêmio Santander Jovem Jornalista. Eles participaram da segunda etapa da Semana Estado de Jornalismo de 2010, de 21 a 24 de setembro. No primeiro seminário, quatro outros estudantes obtiveram classificação. Esse concurso, realizado em conjunto com as quatro etapas da Semana Estado, oferece ao vencedor, no fim do ano, uma bolsa de estudos na Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, em Pamplona, na Espanha. Nesta semana, 250 alunos participantes do terceiro seminário terão encontros com jornalistas e estudiosos do desenvolvimento sustentável, tema básico do programa em 2010. A quarta e última etapa da Semana Estado está programada para 9 a 12 de novembro. Em seguida, haverá a definição do vencedor do Prêmio Santander Jovem Jornalista, a ser escolhido entre os 16 classificados. Nas feiras do litoral, as hortaliças de Mogi Cássio Freitas Mesmo no inverno, os moradores de São Vicente, no litoral de São Paulo, conseguem comprar hortaliças frescas e viçosas nas feiras livres. Por conta do agricultor e feirante Akira Kudo. Segundo Kudo, dias muito quentes ou frios, aliados a tempo seco ou excesso de chuvas, são fatores que afetam a qualidade das verduras cultivadas na sua chácara em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. "As mudanças climáticas causam prejuízos; por isso, precisamos encontrar formas de causar menos impacto na natureza", explica. O agricultor admite a importância da preservação ambiental, mas reconhece que ainda existem muitas dificuldades - principalmente para microempresários e pequenos produtores - para desenvolver atividades econômicas sustentáveis. Essas iniciativas, geralmente, estão associadas a grandes empresas, que possuem programas de responsabilidade social. Valéria Valadão, presidente da Agência Nacional de Desenvolvimento Ecossocial (Andes), que atua na Baixada Santista, destaca que sustentabilidade é um conceito a ser exercitado pela sociedade como um todo. "Não se trata de política governamental. A adaptação do atual modelo econômico só é possível quando se incorpora atitudes práticas no cotidiano", ressalta. No caso de Akira, a possibilidade de desenvolver uma produção com responsabilidade ambiental ainda parece pouco viável. Ele conta que não tem condição de monitorar totalmente as técnicas empregadas no plantio dos alimentos, pois também recebe produtos de chácaras e sítios vizinhos. Sua atenção é mais voltada para a organização e o transporte. Segundo ele, transportar alimentos é uma tarefa custosa e poluente. O seu caminhão Mercedes 1.218 consome cerca de 75 litros de combustível em cada viagem, o que significa quase R$ 190 de despesa e centenas de metros cúbicos de gases tóxicos liberados no meio ambiente. Além disso, os pedágios das Rodovias Índio Tibiriçá, Riacho Grande e Anchieta custam cerca de R$ 55. Para Maria Fernanda Britto, pesquisadora em Sustentabilidade e Gestão Ambiental da UniSantos, os processos menos poluentes, que despejam quantidades reduzidas de carbono na atmosfera, envolvem tecnologias ainda em desenvolvimento. No entanto, existem fontes de energia mais limpas, como o biodiesel. Vale lembrar que o gasto com combustível está diretamente ligado ao tipo de motor do veículo e à eficiência do motorista. A atenção ao dirigir o caminhão garante economia para Kudo, que faz questão de falar com os clientes de suas investidas a favor da sustentabilidade. A clientela fiel de São Vicente tem motivado o feirante a continuar acordando de madrugada e ir rumo às feiras para exercer uma atividade econômica cada vez mais limpa e responsável. Cássio Roberto da Silva de Freitas Júnior é aluno da Universidade Católica de Santos Um exemplo de como se preserva o verde Iuri Botão Desde que se mudou para um sítio no assentamento da Fazenda Três Marias, na zona rural de Porto Feliz, no interior de São Paulo, 13 anos atrás, o agricultor Osvaldo Celestrino de Andrade enfrentava problemas para lidar com a área de preservação permanente (APP) da propriedade. Por estar localizada nas proximidades do Rio Tietê, a fazenda deve manter intacta, com espécies nativas da região, uma área de 1 hectare. Mas, antes de ele se mudar para lá, a região já não tinha todo esse espaço preservado. Pelo contrário: a faixa de terra protegida não tinha nada além de um matagal seco e improdutivo, em terreno irregular. "Sofri muito com incêndios; cheguei a perder uma plantação de bananas inteira", conta o agricultor. A APP passou pelas primeiras mudanças há três anos, quando a Iniciativa Verde - uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), de São Paulo - viu no problema uma oportunidade. Hoje, a fazenda é parte do programa Carbon Free, selo que certifica empresas que compensam as emissões de carbono de seus processos produtivos plantando mudas de espécies nativas em APPs. Os responsáveis pelo plantio são trabalhadores rurais como Andrade, que recebem diárias de R$ 35 pelo trabalho. Além de plantar, eles fazem a manutenção, com podas e controle de pragas, durante 30 meses, período em que a floresta pode se desenvolver por conta própria. As famílias de outros 80 assentados nos 600 hectares da Três Marias também fazem parte do programa. Para participar, as empresas contratam a Oscip para fazer um inventário, que aponta as ineficiências e as emissões de carbono nos processos produtivos. O cálculo é feito por meio do internacionalmente reconhecido Protocolo de Gases de Efeito Estufa. "Hoje, a certificação é opcional. No futuro, porém, as emissões de carbono vão entrar na lista de exigências do mercado", avalia o presidente da Iniciativa Verde, Magno Castelo Branco. Na fazenda em Porto Feliz, quem compensa as emissões é a Suzano, fabricante de papel que, desde 2007, estampa o selo Carbon Free em uma de suas linhas de papel ecologicamente correto. Para cada 10 toneladas produzidas, 53 árvores são plantadas. "Uma árvore sequestra e armazena, enquanto estiver viva, cerca 190 quilos de carbono da atmosfera", conta Castelo Branco. Caminhando pela propriedade, Andrade mostra a área de preservação, que tem dez espécies nativas diferentes, entre elas cedro, embaúba e palmeira. Dois anos após o primeiro plantio, a área tem árvores de até 4 metros de altura. "Eles passaram máquina para nivelar o terreno. Então, posso plantar uma horta entre as árvores, com quiabo, beterraba e alface, por exemplo, e vender esses produtos", diz. "O reservatório de água, que uso para irrigar toda a plantação, fica mais cheio, porque a floresta ajuda a segurar essa água." O agricultor também reconhece a importância da ação para o meio ambiente. "Além das vantagens econômicas, sei que é uma coisa boa que eu estou fazendo para os outros. E isso não tem preço." Iuri Domarco Botão é aluno da Universidade Metodista de Piracicaba Biogás sai do lixo e combate a poluição Géssica Brandino O reconhecimento profissional foi uma conquista obtida por Rodrigo Chimenti Cabral, engenheiro civil e gerente técnico de biogás, ao trabalhar em aterros. Às 5 horas de um sábado, ele percorre cerca de 30 quilômetros do bairro paulistano de Santana, na zona norte, até Mauá, no ABC, para mostrar o trabalho da Lara Energia. A empresa gera de 1,4 mil a 1,5 mil créditos de carbono por dia, o que a coloca entre as maiores do Estado de São Paulo. Os créditos resultam da queima de metano, um dos gases causadores do efeito estufa. O biogás é produzido no aterro Lara, que ocupa 30 hectares e recebe, em média, 2,1 mil toneladas de lixo por dia dos municípios de Mauá, Ribeirão Pires, Diadema, São Bernardo do Campo, Rio Grande da Serra, São Caetano do Sul, Praia Grande e São Vicente. O sistema de tubulação conduz o biogás para a usina de combustão, onde o metano é queimado a uma temperatura controlada. Da sala de controle são emitidos relatórios sobre a queima. O processo é verificado por uma entidade operacional credenciada pela Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o relatório Caminhos Para uma Economia de Baixo Carbono, da McKinsey & Company, o metano polui 21 vezes mais que o gás carbônico. Com a queima, o gás deixa de entrar na atmosfera, diminuindo a poluição e gerando carbonos equivalentes, vendidos na Bolsa de Valores. O empreendimento começou em 2006. O aprimoramento do sistema de canalização, do qual Rodrigo foi um dos responsáveis, fez com que, nos últimos dois anos, a empresa aumentasse a extração de biogás. A iniciativa resultou em maior redução de emissões de metano, passando de 500 para 1,5 mil créditos de carbono por dia. A experiência gerou convites para minicursos nas universidades Mackenzie e Oswaldo Cruz. Em 2009, com o Projeto de Conversão de Gás de Aterro em Energia no Aterro Lara, a empresa recebeu o prêmio Dê Crédito ao Meio Ambiente, da Brazilian Carbon Bureau (BCB). "A implantação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em aterros é um exemplo para a política de baixo carbono, pois gera contribuições para a saúde do ser humano, meio ambiente e sociedade", declara Sofia Jucon, responsável pela Comunicação da BCB. Para manter as atividades, a Lara Energia conta com 23 funcionários. Márcio Perette, hoje operador de biogás, há três anos trabalhava como vendedor e cursava a área química. A busca por experiência o levou à Lara: "É um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. É gratificante trabalhar por isso." Genivaldo Santos Almeida, operador de máquina, também veio do comércio. Ele buscava algo diferente e encontrou. "As pessoas não têm noção do que pode ser feito com o lixo doméstico. É possível gerar energia, tirar o metano da atmosfera e melhorar o meio ambiente. É uma lição de vida." Parte da receita da venda dos créditos de carbono é revertida para projetos sociais, como alfabetização de adultos, ensino profissionalizante, capacitação de professores e ajuda a entidades de caridade em Mauá. A empresa obteve credenciamento da ONU para produzir energia e aguarda investimentos para iniciar o processo. "O biogás pode ser um combustível alternativo, viabilizando cerca de 3% da redução global dos gases de efeito estufa em escala mundial", afirma Rodrigo. Géssica Brandino Gonçalves é aluna da Universidade de Mogi das Cruzes Quando garis viram agentes ambientais Jaime Lemes Quem anda pelas ruas de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, a 80 quilômetros da capital paulista, ou utiliza o Terminal Rodoviário Municipal, depara-se com o resultado do trabalho de pessoas como Edson Alves, de 55 anos, agente ambiental da Urbanizadora Municipal S.A. (Urbam), empresa que recolhe e trata todo o lixo do município, colaborando com a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera. Edson trabalha há nove meses no serviço de limpeza do Terminal Rodoviário Municipal e, junto com outros agentes, faz a coleta seletiva do lixo, limpando desde os banheiros até a parte externa do terminal, por onde circulam diariamente 10 mil pessoas. Este é o início de todo o processo de tratamento dos detritos, que são recolhidos por caminhões especiais e levados ao Aterro Sanitário Municipal. É lá que Marissol Aparecida Batista, de 26 anos, atua ao lado de outros agentes na Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos (ETRS), fazendo a triagem dos recicláveis, que são vendidos a empresas que fazem reciclagem. Criada há quase 40 anos como sociedade de economia mista, desde 2008 a Urbam tem uma central de tratamento do biogás, que é produzido pela decomposição dos resíduos jogados no aterro sanitário. O principal poluente produzido pelo lixo é o gás metano, 21 vezes mais ofensivo à atmosfera que o dióxido de carbono (CO2). Com o tratamento do biogás, a estimativa é de que, até 2014, São José dos Campos deixará de lançar 820 mil toneladas de CO2 na atmosfera, o que, comparativamente, corresponde à poluição gerada por toda a frota de automóveis da cidade durante 38 meses. André Braga, assessor de gerenciamento da Urbam, explica que a captação de gases no aterro sanitário representa uma ação concreta de proteção ao meio ambiente, além de conquistar recursos para o município, por meio da Redução Certificada de Emissão, conhecida popularmente como créditos de carbono, que tem respaldo no Protocolo de Kyoto. Segundo dados de 2009 do IBGE, São José dos Campos tem uma população estimada em 615.871 habitantes e produz cerca de 700 mil toneladas de lixo por dia. William Portela, diretor de gestão ambiental da prefeitura, vê como fundamental o investimento que o município faz na preservação do meio ambiente, por meio do tratamento do lixo. "Os benefícios recebidos pela cidade, com a comercialização de crédito de carbono, e pela população, com a melhoria da qualidade de vida, são resultado de um trabalho contínuo de educação ambiental", ressalta Portela. Para a engenheira ambiental Verônica Moraes, professora de Meio Ambiente do Senac-SJC, a participação conjunta de empresas, ONGs e setores públicos é indispensável na preservação do planeta, mas não se pode deixar de fora o ser humano, que está inserido nele, pois a população é também responsável por grande parte dos impactos ambientais. "Colaborar com a coleta seletiva, deixar o carro na garagem e oferecer carona, entre outras pequenas atitudes conscientes, podem trazer muitos ganhos ao meio ambiente", enfatiza a engenheira. Antes conhecidos como garis, Edson e Marissol são, hoje, agentes ambientais. Não é apenas uma mudança de conceito, é uma mudança de atitude, pois são também formadores de consciência ambiental. "Se cada um fizer a sua parte, o mundo fica melhor", diz Marissol, com a convicção de que conhece a importância de seu trabalho. Jaime Pereira Lemes é aluno da Universidade de Taubaté. (agenciasebrae)

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