sábado, 27 de novembro de 2010

Soluções urbanas para amenizar aquecimento global

O mundo tem muitos problemas específicos e uma grande ameaça que é a mudança climática capaz de gerar uma catástrofe de proporções bíblicas, se nada for feito para mudar as tendências do aquecimento global. As diferentes igrejas deveriam se preocupar menos em criminalizar as mulheres que fazem aborto e se preocupar mais com as empresas, governos e pessoas que estão matando a biodiversidade e a vida na Terra.
No último século, a temperatura média do clima da Terra subiu em torno de 1º C (um grau Celsius). Pode parecer pouco, mas este aumento tem sido responsabilizado, em parte, pelo crescente número de desastres, como tempestades, enchentes, incêndios florestais, secas e diversas outras instabilidades climáticas. Os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) mostram que o aumento de um grau Celsius tornou a Terra mais quente do que nos mil anos anteriores. Dos 20 anos mais quentes registrados, 19 ocorreram a partir de 1980. Os três anos mais quentes já observados ocorreram, todos, nos últimos oito anos. O século XXI já está batendo todos os recordes de elevada temperatura e ainda temos mais 90 anos pela frente.
Se o mundo conseguisse estabilizar as emissões de gases de efeito estufa aos níveis alcançados no ano 2000, ainda assim haveria mais um aumento de cerca de 1º C, ao longo das próximas nove décadas. Esse seria o cenário mais otimista. Diversos estudos mostram que para evitar mudanças desastrosas no clima global, a temperatura média do planeta não poderia subir mais do que 2º C. O problema é que, para tanto, seria preciso reduzir as atuais emissões de dióxido de carbono entre 50% e 85% até 2050.
Antes da Revolução Industrial, a concentração de gases de efeito estufa era de 280 partes por milhão (ppm), sendo que as concentrações atmosféricas atuais equivalem a cerca de 425 ppm. As projeções médias, mais recentes, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), por meio do Integrated Global System Model, indicam a probabilidade de se atingir a concentração de dióxido de carbono na ordem de 866 ppm, em 2095. Isto significaria um aquecimento global de 5,1° C, o que teria consequências (perdoem o termo) apocalípticas.
O mundo precisa mudar seus padrões de produção e consumo. É preciso reduzir a pegada ecológica da humanidade, reduzindo os impactos das atividades antropogênicas. Como a maior parte da população mundial está nas cidades e a urbanização vai continuar crescendo nas próximas décadas, a mitigação do aquecimento global necessita uma revolução urbana.
Para viabilizar um cenário de baixa emissão de dióxido de carbono é necessário que as cidades – que devem abrigar 70% da população mundial até o ano de 2050 – sejam as pioneiras no controle das emissões. As cidades podem impulsionar as mudanças imediatas envolvendo questões como transporte público, ordenamento da terra e do uso do solo, construção e adaptação de edifícios inteligentes e sustentáveis, conservação da água, reciclagem e aproveitamento do lixo, etc.
A organização ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade – reune municípios dedicados à sustentabilidade urbana e à redução das emissões de gazes de efeito estufa, visando criar cidades sustentáveis rumo a um futuro de baixo-carbono. Vejamos alguns exemplos de ações implementadas em cidades dos Estados Unidos:
Código residencial de edifícios ecológicos – Santa Fé: O códico residencial de edifícios ecológicos aprovado em 2009 estabelece um padrão de alta eficiência energética para todas as novas construções residenciais, para satisfazer cada vez mais rigorosos parâmetros de performance energética.
Semana de trabalho comprimida – Asheville: Em 2008, a cidade de Asheville decidiu cortar a demanda de energia e os custos de deslocamento para os trabalhadores por meio de uma semana de trabalho comprimida. Em vez de uma programação tradicional, todos os funcionários (com exceção da alta administração) trabalham 10 horas por dia, quatro dias por semana. O uso de energia na cidade foi reduzido em 13% por cento, com uma poupança anual estimada de 249 toneladas métricas de CO2 equivalente por ano.
“Sistema de aquisição compulsória” (Feed-In Tariff) – Gainesville foi o primeiro município dos Estados Unidos a decretar um preço fixo para o serviço público de energia solar. Gainesville vai pagar 32 centavos por quilowatt/hora (kWh) durante 20 anos para a energia gerada por sistemas eléctricos solares instalados em 2009 e 2010.
Promover a bicicleta e as caminhadas a pé – Chicago: A cidade de Chicago elaborou um plano de apoio aos pedestres e às bicicletas, incluindo recomendações para a construção de uma rede de ciclovia de 500 milhas.
Energia do biogás – Columbia: foi a primeira cidade do Missouri a ter um padrão de energia renovável aprovada pelos eleitores, exigindo fontes renováveis para abastecer a cidade. Ao converter gás de aterros sanitários para energia a partir de seus resíduos em decomposição, a cidade pretende gerar 2,1 megawatts de energia renovável, suficiente para abastecer 1.500 casas da cidade.
Tratamento de Águas Residuais – Houston: a cidade testou 20 circuladores flutuantes alimentados por energia solar (SolarBees), concebido para melhorar a qualidade da água potável e reduzir os custos de tratamento, substituindo os métodos intensivos de energia.
Energia solar – Santa Monica: a cidade estabeleceu uma meta de emissão zero até 2020, por meio da construção de uma rede para produzir a eletricidade consumida por meio de energia solar e através de medidas de eficiência energética. Oferece gratuitamente avaliações gratuitas para os proprietários de imóveis residenciais e comerciais e fornecedores pré-qualificados. (EcoDebate)

Um comentário:

Anônimo disse...

BRINCANDO COM COISA SÉRIA

A ARCA DE NOÉ E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Há muito anos atrás (período do Regime Militar), circulou um artigo que tinha como título “A Arca de Noé”.
Nele era contada uma pequena estória. Nela o planeta passava por uma fase muito complicada e, para resolvê-la, um tal Noé resolveu construir uma grande arca de modo a colocar um casal de cada ser vivo e, quando o dilúvio chegasse, este grupo sobreviveria para repovoar o planeta.
A estória evolui com a intervenção de um grupo de “iniciados” que aceitaram a idéia, mas consideraram que este era um empreendimento de grande porte e, desta forma, não poderia ser simplesmente conduzido por tal Noé. Seria necessário estruturar um empreendimento que pudesse conduzir a complexidade da construção da arca. Mudaram, de imediato, o nome do projeto que passou a se chamar “Arca das Mudanças Climáticas”.
Os “iniciados” começaram a estruturação do empreendimento: eleição de presidente, diretorias, assessorias, núcleos de pesquisa, contratação de especialistas, secretárias, motoristas, sede própria e sedes descentralizadas em diferentes locais do planeta, enfim, o imprescindível para que um grande empreendimento pudesse ser desenvolvido sem risco.
As tarefas foram divididas em vários Grupos de Trabalho, com reuniões realizadas não nas regiões do planeta onde eram inevitáveis os primeiros efeitos do dilúvio, mas sim em lugares aprazíveis onde os grupos pudessem trabalhar em condições adequadas a importância do projeto.
Inevitável, estes grupos acabaram se dividindo entre “prós e contras” e cada um deles, sem se preocupar com o dilúvio a caminho, resolveram ignorar a variável tempo, consumindo o tempo disponível em apresentar estudos e pesquisas que reforçassem as suas posições. Isso demandou uma grande quantidade de recursos, que foram logo disponibilizados pelos países mais ricos do planeta.
Surgiram especialistas, políticos especialistas, agentes de financiamento especialistas, centros de pesquisa especializados, típicos do entorno de operação de um grande empreendimento.
Sendo muito especializadas, de imediato a sociedade foi relegada a um segundo plano, dado que, na visão do projeto, apenas um casal de humanos, decidido que seria escolhido entre a alta direção do “Arca das Mudanças Climáticas”. Na verdade, logo no início, as informações foram passadas a sociedade, mas em linguagem complicada que levou a um progressivo afastamento do tema, deixando aos “iniciados” a discussão e decisão sobre o assunto.
E o tempo foi passando. Países que tinham “madeira” para a construção da arca tentaram impor condições ao andamento do projeto, mas foram logo afastados pelos países que “detinham a tecnologia do corte da madeira”, de modo a, progressivamente, ir reduzindo o tamanho do grupo dos “iniciados”. Foram observadas denúncias (“Arcagate”), mas, para os “não iniciados”, acabou ficando a dúvida de quem realmente tinha à razão.
Concluindo, passado alguns anos veio o aviso que o dilúvio seria no dia seguinte.
No empreendimento “Arca das Mudanças Climáticas” um desespero total; perdidos entre muitas alternativas não tinham tido tempo para concluir a arca. Ou seja, era inevitável que o dilúvio seria plenamente fatal para todos do planeta.
Mas, do alto da torre de trinta andares construída para fazer funcionar o mega projeto, no dia seguinte, quando a água quase cobria o edifício, foi possível ver uma arca de madeira, com os “não iniciados” liderados por um tal Noé, passando ao largo.
Você já pensou em que grupo está?
Ainda há tempo para escolher o grupo certo.

Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br

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