sábado, 29 de janeiro de 2011

Chuvas, dor, morte e destruição

Com receio de ser repetitivo, mas encarando a realidade, sou obrigado a escrever aqui quase tudo que havia feito há exatamente um ano atrás: 15 de janeiro de 2010. Mais uma vez as chuvas de verão provocam grandes perdas de vidas humanas e um enorme estrago material, principalmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Os programas de televisão não falam de outra coisa: desabamentos, inundações, pânico, terror e muito, muito sofrimento. Parece incrível que as autoridades não tomem providências para um fato absolutamente previsível. Ninguém mais é pego de surpresa. Todos sabem que as chuvas provocam um gigantesco estrago em regiões de risco sobejamente conhecido. Todo final e início de ano é a mesma coisa. Casas sendo soterradas, pessoas perdendo tudo, alagamentos, lixo boiando nas enxurradas e correntezas e as mesmas explicações de sempre: impermeabilização do solo, construções inadequadas em locais inadequados, acúmulo de sujeira, entupimentos de bueiros, desmatamento, ocupação desordenada do solo, deficiência do sistema de drenagem urbana e por aí vai.
Mais uma vez quero colocar a minha indignação com a inépcia dos governantes, com a falta de planejamento administrativo, com o aproveitamento político da miséria e com o oportunismo dos maus dirigentes. Os prefeitos, por exemplo, só se preocupam com o FPM, não constroem projetos sustentáveis, não procuram arrecadar os recursos que estão disponíveis em vários ministérios, mostrando total ignorância na arte moderna de administrar. Tratam a coisa pública como se fosse de sua propriedade e usam todo o tipo de picuinha para extrair para si os dividendos, como se estivessem em uma minúscula cidade do interior.
Novamente, vou defender a água e a Natureza. Não têm culpa de nada. A água é o elemento vital da vida. Precisamos dela para a nossa própria sobrevivência neste planeta. Mas, a água tem as suas peculiaridades. Ela acompanha a gravidade, passa por um ciclo perfeitamente determinado e precisa de toda uma sistematização para cumprir este ciclo. Se desrespeitada, reage naturalmente, desconhecendo os obstáculos que a atividade humana coloca em seu caminho.
A tragédia da região serrana do Rio de Janeiro é um exemplo do quanto poderia ser evitada a morte de centenas de pessoas. Trata-se de uma região incrustada na Mata Atlântica onde chove muito, bem acima da média das precipitações do restante da região sudeste. Além disso, possui um relevo bastante acidentado cuja única proteção são as árvores. Eliminando-as, não resta mais nada que impeça os desbarrancamentos. A equação ocupação de encostas + desmatamento dos morros + chuvas torrenciais = tragédia. Para resolvê-la não é necessário ser gênio em matemática, basta ser governante honesto e preocupado com a seriedade e planejamento. (EcoDebate)

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