segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

FAO já vê crise alimentar e mais instabilidade

O mundo caminha para uma crise alimentar que ameaça causar instabilidade política, e é necessário impedir a especulação com o preço das commodities. O diagnóstico é de Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, e vem na esteira da pressão na mesma direção exercida pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, que ocupa a presidência do G20 em 2011 e fez do tema uma de suas principais bandeiras.
"Os preços mais altos e voláteis continuarão nos próximos anos se deixarmos de combater as causas estruturais dos desequilíbrios no sistema agrícola internacional", afirmou Diouf ao jornal japonês "Nikkei". Em entrevista por escrito, o senegalês disse que o mundo pode estar à beira de outra grave crise alimentar, e que os subsídios e tarifas sobre produtos agrícolas têm papel importante na distorção do equilíbrio entre oferta e procura. A França é o país da União Europeia que mais concede subsídios a seus agricultores.
Em relatório publicado recentemente, a FAO informou que seu índice global de preços de alimentos bateu recorde em dezembro, superando inclusive os níveis de 2008, quando uma alta generalizada no custo da alimentação desencadeou distúrbios em diversos países. Devido a adversidades climáticas em países produtores e exportadores, os preços de vários grãos, que já estão elevados, podem subir ainda mais neste ano.
Diouf lembrou que as populações mais pobres novamente serão as mais afetadas, e que isso "vai gerar instabilidade política em [alguns] países e ameaçar a paz e a segurança mundiais". Como Sarkozy, Diouf afirmou que há "uma necessidade premente de novas medidas de transparência e regulamentação para lidar com a especulação sobre os mercados futuros de commodities agrícolas". O presidente francês destacou no início da semana que até no mercado financeiro há mais controle do que nas commodities.
A FAO estima que nos próximos 40 anos será necessário um aumento de 70% na produção agrícola mundial e de 100% nas nações em desenvolvimento para atender à demanda derivada do aumento populacional. Para isso, calcula Diouf, é preciso uma verba de US$ 44 bilhões por ano em ajuda oficial ao desenvolvimento agrícola. Os investimentos privados, por sua vez, terão de passar de US$ 60 bilhões para US$ 200 bilhões por ano. Esses recursos, acrescentou, devem ser usados para financiar pequenas obras de controle hídrico, silos, estradas vicinais, portos pesqueiros e abatedouros nos países em desenvolvimento. (noticiasagricolas)

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