terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sacolas plásticas são um problema

Mesmo reaproveitadas, sacolas plásticas são um problema nos aterros e lixões
Consumo excessivo contribui para impermeabilização do solo e dificulta decomposição de material orgânico
A polêmica sobre as sacolas plásticas tem sua razão de existir. Segundo dados do MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, cada família brasileira descarta cerca de 40 quilos de plástico por ano, sendo que 56% desse valor é composto de embalagens usadas. Estima-se que o Brasil consuma 33 milhões de sacolas plásticas por dia, sendo que mais de 80% é utilizada apenas uma vez e, em seguida, descartada. Em São Paulo, por exemplo, as sacolas correspondem a 40% das embalagens jogadas no lixo. Reportagem no Brasil Econômico.
Essa quantidade enorme de plástico vai parar nos aterros e lixões e, segundo os especialistas, levam 400 anos para se degradar na natureza. Assim, contribui para a impermeabilização do solo, dificulta a degradação de produtos orgânicos, polui cidades, obstrui pontos de drenagem de chuvas e bueiros, ajuda a causar enchentes.
Mas a sua substituição pura e simples não é recomendada nem mesmo pelo programa Saco é um Saco. “A solução não é mágica, exige uma mudança de cultura”, diz a Fernanda Daltro, coordenadora da campanha.
A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, Samyra Crespo, lembra que o principal problema é o descarte incorreto, ou seja, a sacolinha jogada na rua ou mal acondicionada fora das latas de lixo. Em vez de ir para o lixão ou o aterro, o descarte deveria incluir o encaminhamento para reciclagem.
Da parte do consumidor, as campanhas pregam a diminuição do uso. Se levar para casa, a ideia é reutilizar ao máximo.
“O consumo excessivo de sacolas plásticas é que traz problemas ambientais”, afirma a secretária.
“Ao usar essas embalagens só para lixo de cozinha e de banheiro e acondicionar outros resíduos em caixotes (lixo seco), por exemplo, já é possível reduzir bastante o descarte de plástico.” Para as compras, ela sugere utilizar toda a capacidade das sacolas, e procurar alternativas como sacolas retornáveis, caixas de papelão e carrinhos de feira.
Adaptação O cientista José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), também aconselha a diminuição do uso das sacolas e um prazo de adaptação antes de tomar medidas drásticas sustentadas por legislação.
“A substituição pura e simples é um campo minado com muitos interesses comerciais”, afirma, baseado nas várias reuniões que a entidade realizou para discutir o assunto. “O ideal é que as pessoas utilizem menos sacolas e, quando não for possível, optem por bolsas de pano ou de papel.” Segundo Goldemberg, não há consenso sobre a real biodegradação do plástico utilizado na fabricação das sacolas oxibiodegradável, que inclui um aditivo no polietileno que acelera a fragmentação do material. Os bioplásticos, por sua vez, são feitos de matéria-prima renovável, como cana-de-açúcar, batata, milho ou mandioca, mas são muito mais caros, pois a produção ainda é pequena. O plástico verde, desenvolvido pela Braskem, apesar de proveniente de fonte renovável, não é biodegradável e possui características equivalentes às do plástico convencional. Os dois levam o mesmo tempo de degradação, por exemplo.
“A substituição pura e simples é um campo minado com muitos interesses comerciais. O ideal é que as pessoas utilizem menos sacolas e, quando não for possível, optem por bolsas de pano ou de papel” (EcoDebate)

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