quinta-feira, 31 de março de 2011

Localização de Fukushima

O maior erro de Fukushima é a localização de Fukushima
Mapa mostra local de usina em Fukushima
As centenas de especialistas nucleares, que durante anos teorizaram sobre a energia atômica, minimizaram algo que era uma obviedade: que na costa japonesa, além de terremotos, poderia haver tsunamis. Só dessa maneira se explica a construção de seis reatores semi-enterrados abaixo do nível do mar. Esse foi, segundo os engenheiros nucleares consultados, o grande erro de Fukushima. Isso, sem entrar na conveniência ou não de usar a energia nuclear.
“O erro foi colocar seis centrais à beira do mar, na altitude zero. Ao ser um enorme bloco encima, piorou o impacto do tsunami”, opina Antoni Tahull, engenheiro industrial. Este explica que o reator de Vandellòs II, na costa de Tarragona, está 21 metros acima do nível do mar.
Como foi possível colocar uma planta ali? Eduardo Gallego, professor de engenharia nuclear da Universidade Politécnica de Madri, declarou que “houve um excesso de confiança ao avaliar os riscos. Possivelmente, não levaram em conta que os registros históricos eram insuficientes”.
Os engenheiros e físicos nucleares insistem em que a central suportou o terremoto de magnitude 9. Após o terremoto, os reatores 1, 2 e 3 pararam, como estava previsto. Para isso, barras de controle são introduzidas automaticamente no núcleo. Com o terremoto, a planta ficou sem energia elétrica, mas, até aí tudo bem; passou a entrar em ação a refrigeração de emergência, produzida por geradores a diesel.
Até que veio o tsunami, que inutilizou os geradores a diesel utilizados para refrigerar uma central no caso de que fique sem energia elétrica. Esses geradores mostraram ser vitais. Apesar disso, não estavam suficientemente protegidos. “Além da localização, é óbvio que o sistema de refrigeração é muito vulnerável”, afirma Francisco Castejón, físico nuclear e membro de Ecologistas em Acción. Luis Echávarri, diretor da Agência Nuclear da OCDE, admitiu esta semana que uma das lições de Fukushima devia ser a melhoria na proteção desses geradores.
Sem refrigeração no núcleo, começaram a acumular vapor radioativo. Para aliviar a pressão, a empresa começou as ventilações, manobras para liberar gases. A ideia é que se trata de um mal menor, que é melhor liberar gases radioativos de forma controlada do que deixar que a pressão no núcleo aumente de forma incontrolada, o que poderia levar a uma explosão muito mais trágica.
Contudo, a central de Fukushima revelou um problema no sistema de ventilações. Entre os gases que saem está o hidrogênio, que explode em contato com o oxigênio do ar. Mas os gases não saíam diretamente para fora da central, mas ficaram presos entre o edifício do reator e a contenção, a carcaça que rodeia o núcleo do reator. Esse hidrogênio explodiu, como era previsível. Mas aconteceu dentro do edifício do reator. Isso causou as três explosões que destroçaram as centrais e que dificultam agora a colocação em marcha dos sistemas de refrigeração. Nos reatores 5 e 6, o Japão fez buracos nos edifícios antes que explodissem.
Além disso, acima do núcleo deste tipo de usinas nucleares estão as piscinas com combustível usado, altamente radioativo. As explosões deixaram as piscinas ao ar livre – foi possível fotografá-las desde o helicóptero militar com o qual desesperadamente tentavam refrigerar a planta. A situação das piscinas acima do núcleo e fora da contenção é outro ponto, no mínimo, discutível.
Fukushima colocou em evidência também as fragilidades do sistema internacional de comunicação. No sábado, o Conselho de Segurança Nuclear espanhol, que recebe a informação do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), informou que Fukushima tinha uma enorme piscina de combustível usado dos seis reatores “sobre o qual não se havia dado informações até agora”. O Japão deu informações imprecisas e com atraso, o que gerou mal-estar nos países da OIEA.

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