terça-feira, 5 de abril de 2011

Procura-se novas regras para segurança nuclear

Sarkozy quer novas regras para segurança nuclear
Em uma tentativa de dar uma resposta à opinião pública sobre os riscos de usinas nucleares e frear o fortalecimento da resistência contra a energia atômica na França, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, propôs a adoção de novas regras mundiais para a segurança nuclear. Ele sugeriu que em maio o G-20 negocie novos padrões a serem adotados até o fim deste ano.
O desastre nuclear no Japão tem trouxe à tona outra vez o debate sobre o uso energia. Ontem, Tóquio anunciou que pode rever a construção de mais 14 usinas e desativará a central de Fukushima. Enquanto isso, a Alemanha deu a entender que as sete usinas nucleares já fechadas temporariamente no país poderão ser desativadas definitivamente. Na Suíça, uma carta-bomba explodiu na sede da empresa nuclear do país.
Sarkozy tornou-se ontem o primeiro líder internacional a visitar Tóquio depois da tragédia que atingiu o Japão no dia 11. Para ambientalistas, porém, a proposta de Sarkozy seria uma forma de distrair a atenção e evitar que a onda contrária à energia nuclear ganhe terreno depois do desastre.
Durante a visita, o presidente francês insistiu que não está na hora de o mundo repensar o uso da energia nuclear. "Precisamos ter sangue frio", disse. Para ele, o que faltam são normas internacionais sobre a segurança das usinas. "O problema é mais estabelecer normas de segurança que começar a falar da necessidade de fazermos escolhas. Não há alternativa (para a energia nuclear) no momento."
Atualmente, a França conta com 58 reatores e 75% da eletricidade do país vem da energia nuclear.
A reunião de maio do G-20 poderá servir para preparar um encontro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no mês seguinte. "Precisamos de padrões internacionais de segurança até o fim do ano", insistiu Sarkozy.
Pelas regras negociadas na ONU, a AIEA estabelece recomendações sobre segurança nuclear. Mas a responsabilidade é de cada Estado e as recomendações não são obrigatórias. Depois do desastre de Chernobyl, nos anos 80, uma convenção internacional foi estabelecida. Mas apenas 72 países assinaram.
Revisão
No Japão, enquanto o governo luta para frear uma catástrofe radioativa, o governo dá os primeiros sinais concretos de que será obrigado a repensar sua futura política energética. O primeiro-ministro Naoto Kan teria dito que Fukushima será desativada definitivamente. A ideia de construir em solo japonês 14 novas usinas até 2030 também seria repensada.
Em 31/03, o nível de concentração de radioatividade era 4,3 mil vezes acima do permitido na água do mar próxima à usina. A taxa é a mais alta desde o terremoto seguido de tsunami.
Ainda assim, Tóquio recusou a recomendação da AIEA de ampliar a zona de exclusão em torno da usina. Isso exigiria a retirada de 130 mil pessoas, além dos 70 mil que já foram obrigados a deixar suas casas. O nível de radiação vem impedindo o resgate de até mil corpos na região de Fukushima.
Na Alemanha, o governo de Angela Merkel foi obrigado a promover uma reviravolta em sua política nuclear, depois que seu partido saiu derrotado das eleições regionais no fim de semana. Eleitores preocupados com o futuro das usinas espalhadas pelo país acabaram votando por partidos contrários à energia atômica. Ontem, partidos anteriormente favoráveis às usinas deram sinais de flexibilizar sua posição na questão nuclear. Christian Lindner, secretário-geral do FDP e parte da coalizão do governo, defendeu o fechamento definitivo das sete usinas construídas antes de 1980.
Pró-nuclear, o partido foi um dos que apoiou a lei alemã aprovada no ano passado, ampliando a vida das 17 usinas do país em doze anos, além do prazo estabelecido anteriormente para 2022. Ontem, a legenda insistiu que os "dinossauros" precisavam ser fechados. Na realidade, apenas oito usinas hoje na Alemanha estão em funcionamento.

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