quinta-feira, 23 de junho de 2011

Desmatamento e aquecimento global

Enquanto os serviços dos ecossistemas da floresta Amazônica não forem integrados nas estruturas políticas e financeiras, a floresta será considerada mais valiosa morta do que viva, aponta o INPE.
O relatório de Riscos de Mudanças Climáticas no Brasil, divulgado em maio de 2011 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), conclui que a redução do desmatamento pode oferecer benefícios imediatos em termos de balanço global de carbono e, consequentemente, otimismo quanto ao aquecimento global.
 Para Paulo Artaxo, membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), a contribuição do Brasil nas mudanças climáticas ocorre principalmente nas emissões de dióxido de carbono (CO2).
O CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pelo aquecimento global, sendo que o Brasil e a Indonésia juntos contabilizam cerca de 60% do desmatamento mundial, segundo o pesquisador.
A responsabilidade da emissão de dióxido de carbono é atribuída em 56% por queimadas na região da Amazônia, 24% pela agropecuária e o restante pelos meios de transporte e pela geração de energia. Visando este quadro, alguns acordos foram fixados, como por exemplo, a Agenda 21 e o Protocolo de Quioto.
De acordo com o INPE, a Agenda 21 é um guia de planejamento que deve ser internalizado em qualquer política setorial de governo como na agricultura, na cultura, na educação e na saúde, send valiosa para reelaborar ideias sobre desenvolvimento, formular propostas e capacitar recursos.
Já o Protocolo de Quioto é um tratado internacional que estabelece compromissos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados como a principal causa do aquecimento global.
Um exemplo da consequência do aquecimento global está diretamente ligado à regulação de água e vazão dos rios, pois as chuvas são essenciais à manutenção dos ecossistemas da Amazônia. “Caso aumente a temperatura do planeta, terá incidência de perdas do potencial energético provido de usinas hidrelétricas e também a reformulação das margens e das encostas dos rios” afirma o pesquisador.
Estudos sobre o ciclo hidrológico na Amazônia indicam que a floresta recicla em torno de 50% das precipitações pluviométricas e que, se o desmatamento for da ordem de 30%, ela será incapaz de gerar chuvas suficientes para se manter.
Outra consequência remetida ao aumento da temperatura, segundo o relatório de Mudanças Climáticas e possíveis alterações nos Biomas da América do Sul que faz parte do projeto Mudanças Climáticas Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade ligado ao Ministério do Meio Ambiente, é a indução a uma maior evapotranspiração, que é a soma da evaporação da água à superfície com a transpiração das plantas, reduzindo a quantidade de água no solo, mesmo que as chuvas não diminuam significativamente.
Este fator pode por si só desencadear a substituição dos biomas existentes hoje por outros mais adaptados a climas com menor disponibilidade hídrica para as plantas, por exemplo, savanas substituindo florestas, caatinga substituindo savanas, semideserto substituindo caatinga. O que para Artaxo pronunciaria um futuro desértico à Amazônia. “Se quisermos evitar um aquecimento de 3 a 5 graus, não há alternativa a não ser reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível, e usar os recursos naturais de nosso planeta de modo mais inteligente”.
Luana Copini é participante do Projeto Repórter do Futuro, que visa à interação de alunos de jornalismo e da sociedade civil sob estudos e experiências com relação à Amazônia e ao meio ambiente. (EcoDebate)

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