segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dilma diz que não negocia desmate

Dilma diz que não negocia desmate no Código Florestal
Presidente afirma que compromissos assumidos diante de outras nações de cortar as emissões de gases-estufa serão cumpridos.
Pacto
Área desmatada em Marabá (PA); Dilma defendeu desenvolvimento sustentável
Após a derrota na Câmara dos Deputados que expôs as fragilidades da base governista, com a aprovação da anistia a produtores que desmataram em Áreas de Preservação Permanente (APPs) às margens de rios e encostas, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que não negociará a questão do desmatamento na reforma do Código Florestal, que tramita agora no Senado.
"Não negociaremos e não tergiversaremos com a questão do desmatamento. Vamos cumprir os compromissos que assumimos e não permitiremos que haja uma volta atrás na roda da História", discursou. Dilma voltou ao tema na cerimônia de criação da Comissão Nacional e do Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorrerá 20 anos depois da Eco-92, realizada no Rio.
No início do mês, durante almoço com senadores do PMDB, Dilma teria admitido a possibilidade de o governo apoiar uma anistia aos desmatadores, desde que o benefício ficasse limitado a micro e pequenos produtores rurais.
Ajustes no texto
O governo quer aproveitar que o texto está no Senado para fazer ajustes - o senador Jorge Viana (PT-AC) será o relator do Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente. Se houver mudanças, o texto volta à Câmara. Caso contrário, segue para as mãos da presidente, que poderá sancioná-lo, transformando-o em lei, ou vetá-lo.
Durante a votação na Câmara, em maio, as galerias foram tomadas por ruralistas, favoráveis ao texto do relator Aldo Rebelo (PC do B - SP), e ambientalistas, contrários ao relatório. O clima foi tenso e houve bate-boca.
Na ocasião, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a emenda apresentada pelo PMDB e apoiada pela maioria dos partidos da base e de oposição foi considerada uma "vergonha" por Dilma.
Mudanças
Em 07/06/11, a presidente disse que o Brasil e o mundo mudaram significativamente nos últimos 20 anos. "O tema da a Rio+20 tem hoje muito a ver com a nossa trajetória nesses 20 anos. O conceito de desenvolvimento sustentável, com o qual hoje todos concordamos, é um desenvolvimento baseado no crescimento econômico, na inclusão social e em consideração muito forte que integra a questão do desenvolvimento econômico e social, que é o aspecto ambiental", afirmou a presidente.
Dilma aproveitou a ocasião para destacar a atuação do Brasil nas questões da conferência - conciliando o papel de grande produtor de alimentos ao de defensor do meio ambiente - e reafirmou o compromisso com a sustentabilidade.
“Compromisso histórico que significa, necessariamente, que essas questões estruturam e constituem o centro de nossa estratégia de desenvolvimento de País”, afirmou Dilma.
A presidente também afirmou que o governo brasileiro vai se empenhar para que a Rio+20 "não seja só uma autoconsciência brasileira a respeito de uma trajetória e um compromisso com o seu povo e o mundo, mas também que seja justamente esse diálogo com o futuro".
Para entender
Novo texto é mais flexível
O atual Código determina a preservação da vegetação nas margens de rios, no mínimo, 30 metros. Pela proposta aprovada na Câmara, onde a mata ciliar foi desmatada poderá ser feito o reflorestamento de apenas 15 m. Hoje, há restrições para a agricultura e pecuária em encostas com alto declive – o novo texto libera essas áreas.
O Código aprovado também permite que proprietários de até 4 módulos (entre 20 e 40 hectares) fiquem isentos de preservar mata nativa. (OESP)

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