sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desmatamento: A situação do planeta

DESMATAMENTO - A situação atual do planeta
Com o ritmo impressionante e crescente de desmatamento e destruição das florestas do planeta que o homem vem empreendendo nas últimas décadas, nunca antes presenciado, muito pouco do remanescente de florestas nativas sobrará. Há dez mil anos, 55% das terras do planeta eram cobertas por florestas. Dos quase 70 milhões de km2 que se estendiam pela superfície da Terra, restam hoje pouco mais de 20 milhões. Ou seja, dois terços dessa cobertura vegetal original não existem mais. As florestas resumem-se atualmente a cerca de 32% dos continentes.
Depois da Ásia, a América Latina é o continente que mais destruiu suas florestas. A área desmatada na região é quase do tamanho da Floresta Amazônica. Na América Latina, foram desmatados 4,76 milhões de km2, o que corresponde a quase 41% da área original. A área perdida corresponde a 86,5% da Amazônia, que tem 5,5 milhões de km2. A pior situação, entretanto, é a da Ásia. Os asiáticos perderam 31,76 milhões de km2 de florestas, ou 88% de sua cobertura florestal original, e somente 5% do que restou estão legalmente protegidos.
Seis anos depois da Rio-92, o Brasil ainda é o país que mais perde florestas em todo o mundo, todos os anos. Por isso detém o triste título de campeão em área anual desmatada. Os dados de satélite indicam que a taxa anual de desmatamento no país é de 15 mil km2. A situação é particularmente grave para a Mata Atlântica, que teve 93% de sua cobertura original destruídos. Estão ainda irremediavelmente perdidos 15% da Floresta Amazônica e 30% do Cerrado.
As florestas tropicais são o alvo predileto das queimadas e da extração de madeira. Entre 1960 e 1990, um quinto das matas tropicais foi destruído em velocidade alucinante. Seis países sozinhos foram responsáveis por 58% desse total: Brasil, Indonésia, Congo, Bolívia, Malásia e Venezuela.
O Brasil, que abriga 17% das florestas nativas do mundo e 34% das florestas tropicais, apenas nos últimos três anos, devastou uma área de floresta tropical quase igual à da Bélgica e da Holanda somadas, representa 11% de tudo o que já foi derrubado na Amazônia nos últimos quatro séculos.
A Indonésia, segundo país com mais florestas tropicais, é o vice-campeão no ranking da devastação. Entre 1990 e 1995, destruiu uma área maior do que a Dinamarca. Pôs no chão, apenas no ano passado, 20 mil km2 de florestas, o equivalente ao Estado de Sergipe.
Dados atuais compilados pelo WWF, em estudo realizado em conjunto com o Centro Mundial de Monitoramento da Conservação (WCMC), indicam que as florestas tropicais continuam a ser destruídas em uma velocidade impressionante: 17 milhões de hectares por ano. A continuar nesse ritmo, em 50 anos as florestas naturais da Costa Rica, Malásia, Paquistão e Tailândia terão desaparecido por completo.
Perdas em quantidades similares também são verificadas nas florestas temperada e boreal do Canadá, Europa, Rússia e EUA. Do total de florestas nativas hoje existentes no planeta, 60% se concentram na região boreal da América do Norte e da Rússia, onde a variedade de espécies é mínima __ predominam as árvores de Pinnus. Com 25% das florestas nativas do mundo, o Canadá é o maior exportador de celulose e madeira. Nos EUA continental, resta apenas 1% de florestas nativas. A Rússia, que tem 26% das florestas nativas do planeta, já ameaça um quinto delas. Com a extração de madeira, as ex-repúblicas soviéticas perderam 35% de suas florestas originais, uma área equivalente à metade do Brasil.
“O Brasil possui a maior área de floresta tropical do planeta e torna-se imperativo que o governo tome iniciativas para protegê-la”, afirma Garo Batmanian, diretor-executivo do WWF Brasil. Para o diretor da Campanha de Proteção de Florestas do WWF, Francis Sullivan, o mais dramático é que o ritmo de destruição tem se acelerado nos últimos 5 anos e continua a crescer. Com a redução das florestas nativas no mundo, países como o Brasil são cada vez mais procurados por madeireiras estrangeiras, principalmente as asiáticas.
Na Amazônia, grande parte das madeireiras age fora da lei, derrubando a floresta sem prestar contas a ninguém e sem nenhuma preocupação ecológica. O governo brasileiro, leia-se IBAMA, admite que 80% do comércio de madeira no país é, no mínimo, irregular. Este processo, além de causar um dano irreparável para o meio ambiente, tem um agravante para nós brasileiros: nossa floresta se perde e pouca riqueza é gerada para o país.
A devastação atual das florestas tropicais tem motivação diferente da que destruiu os bosques temperados europeus e norte-americanos séculos atrás. Apesar de não ser uma justificativa para tal ação contra o meio ambiente, há de se ter em conta que, não só naquela época não se tinha a noção de preservação que hoje "achamos" que temos, como lá as florestas foram derrubadas para a utilização dos solos férteis que elas escondiam e para a expansão das áreas urbanas e industriais. Para as regiões tropicais essa fórmula não funciona. Na Amazônia, apenas 9% do solo tem aptidão para a agricultura. Na área restante, a camada fértil é pouco profunda e não aguenta mais do que cinco anos de cultivo. Na África Central as condições são semelhantes. As florestas tropicais estão sendo destruídas para virar madeira ou ardendo sob o fogo colocado para abrir espaço para agricultura e pecuária de baixa produtividade. O Congo, ex-Zaire, que ocupa a terceira colocação entre os maiores desmatadores do planeta, perdeu entre 1990 e 1995 o equivalente a uma Bélgica. Todo ano, os vizinhos Congo, Camarões, República Centro-Africana e Gabão devastam uma área maior do que três municípios do Rio de Janeiro.
Outro dado preocupante é a pequena quantidade de florestas protegidas na América Latina. Das florestas restantes no continente, apenas 600 mil km2, ou 9%, constituem parques ou reservas, uma área menor do que o Chile. Isso significa que 91% das florestas remanescentes não possuem qualquer proteção legal. Mesmo quando estabelecidos, alguns parques não chegam a sair do papel, como é o caso do Brasil, com seus 36 parques nacionais “oficialmente” implantados. Alguns deles não têm nem mesmo a área totalmente demarcada.
Ao lançar os mapas denunciando a destruição das florestas no mundo, o WWF fez um apelo para que seja criada, até o ano 2000, uma rede de áreas legalmente protegidas cobrindo pelo menos 10% de cada floresta nativa remanescente no planeta (veja no mapa mundial de florestas os atuais percentuais de áreas protegidas nos continentes).
O Brasil deu o primeiro passo para cumprir tal meta, o equivalente a uma área de 37 milhões de hectares apenas na Amazônia. O Governo anunciou em abril a criação de 4 novas Unidades de Conservação, duas no Rio de Janeiro, para preservar uma área de restinga (Parque Nacional de Jurubatiba) e uma área de Mata Atlântica (Reserva Biológica da fazenda União), e duas em Roraima, para proteger a Floresta Amazônica (Parques Nacionais de Viruá e da Serra da Mocidade). As unidades somam juntas uma área de 596 mil hectares.
Pelo menos 22 países já aderiram à campanha da WWF, mas o Brasil é o primeiro a ser beneficiado pelos financiamentos do Banco Mundial, que no ano passado firmou compromisso de fornecer recursos para a proteção de 50 milhões de hectares de florestas, sendo metade dessa área em território brasileiro. Estima-se que serão necessários de US$ 84 milhões a US$ 165 milhões em um período de cinco a dez anos para que o Brasil consiga atingir a meta de preservação florestal. O acordo prevê que o Brasil entrará com uma contrapartida de metade deste valor.
Muitos países estão aprendendo na marra a importância de preservar suas florestas. É o caso da Malásia, de onde vêm as madeireiras que agora atuam na Amazônia. Depois de ter destruído grande parte de suas matas nativas, uma área igual ao Estado de Sergipe entre 1990 e 1995, o país criou leis que estimulam a conservação. Além de investir no extrativismo, passou a explorar madeira de maneira sustentada, que chega a valer 15% mais do que as outras. A Malásia exporta US$ 3,8 bilhões em óleo de dendê e US$ 1,4 bilhão em borracha de seringueira por ano. Dez por cento de seu PIB provém de produtos florestais, o que prova que a floresta em pé vale mais do que toras de madeira.
Mapa mundial de florestas (1998)
Região - Área Original Estimada* - Área Remanescente** - Área Protegida***
Ásia e Oceania – 36,02 – 4,26 (11,83%) - 0,22 (5,16%)
América Latina - 11,72 - 6,96 (59,39%) - 0,63 (9,05%)
América do Norte - 11,01 - 6,74 (61,22%) - 0,34 (5,04%)
África – 3,89 - 2,14 (55,01%) - 0,12 (5,61%)
Europa – 5,65 - 2,14 (37,88%) - 0,04 (1,87%)
Totais - 68,29 - 22,24 (32,57%) - 1,35 (6,07%)
* Todas as áreas estão em milhões de km2
** Os percentuais referem-se ao que sobrou da área original.
*** Os percentuais referem-se ao que é protegido da área remanescente.
Árvores Ameaçadas de Extinção
Nosso planeta possui hoje algo entre 80 mil e 100 mil espécies de árvores. Deste total, cerca de 10%, ou mais precisamente 8.753 espécies, estão ameaçadas de extinção. Entre os países com maior número de espécies em extinção aparecem, em primeiro lugar, a Malásia com 958 espécies em extinção, seguida pela Indonésia, com 551 espécies, e pelo Brasil, com 462 espécies ameaçadas. Essas informações estão no relatório intitulado Lista Mundial de Árvores Ameaçadas, divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e pelo Centro Mundial de Monitoramento da Conservação.
Realizado em 197 países, o estudo é considerado o primeiro inventário já realizado de todas as árvores ameaçadas de extinção no mundo. Segundo o relatório, a atividade madeireira (derrubada) representa a principal causa e ameaça 1.290 espécies. É seguida pela agricultura, que ameaça 919 espécies, pela expansão de povoamento, com 751 espécies, pela pecuária, com 417 espécies, e pelas queimadas, com 285 espécies ameaçadas.
Apenas 8% das espécies ameaçadas são hoje cultivadas e as áreas protegidas existentes no mundo abrangem somente 12% das árvores que estão desaparecendo. O relatório recomenda, para salvar o que resta, medidas como o aumento da proteção das árvores em áreas específicas, o manejo sustentável das florestas em conjunto com a certificação florestal, a recuperação dos habitats florestais com o controle das espécies invasoras e a conservação das espécies ameaçadas em jardins botânicos e bancos de sementes.
Das 462 espécies brasileiras ameaçadas, cinco são consideradas extintas, 38 enfrentam ameaça crítica, 106 estão em risco de extinção, 207 são vulneráveis, 23 são dependentes de conservação, 56 estão quase ameaçadas e sobre as 27 restantes não existem dados suficientes. Dentre as espécies brasileiras mais ameaçadas estão o pau-brasil, o pau-rosa e o mogno. O pau-brasil, usado para móveis, arcos de violino e na construção naval, com quantidades limitadas nos litorais do Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, é ameaçado pela exploração comercial, uso local, desmatamento e destruição de habitat. Do pau-rosa se extrai um óleo para perfumes, resina e borracha e sua madeira é usada para mobílias. O mogno é a espécie de maior valor comercial no mundo e 70% de sua extração são exportados.
Por que as florestas são vitais para o homem?
As florestas controlam o clima e os ciclos aquáticos e abrigam milhões de plantas, animais e microorganismos interligados em uma fina cadeia. As folhas das árvores absorvem dióxido de carbono (CO2), liberado pela queima de combustíveis, como madeira e petróleo. O gás é fotossintetizado e usado pela árvore em seu crescimento. Graças a essa capacidade de absorver CO2 e filtrar outros poluentes, as florestas ajudam a manter o ar limpo e reduzir o risco de aquecimento do planeta (efeito estufa). As florestas também são fontes de madeiras, frutas, borracha, cortiça, tinturas, óleos e remédios.
A floresta tropical, em particular, é hoje sinônimo de biodiversidade. O Brasil, que abriga 17% das últimas matas virgens, concentra 22% de toda a biodiversidade vegetal mundial. Grande parte dos princípios ativos descobertos contra o câncer nos últimos 10 anos vieram das florestas tropicais. Por isso é tão importante preservá-las.
Para tirar melhor proveito destas florestas é preciso manter seu equilíbrio natural e explorá-las de forma racional e sustentável. Assim, é fundamental que os projetos de educação ambiental possam conscientizar e mobilizar as pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente. (institutoaqualung)

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