sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rio Tietê é cenário de poluição e esperança

Entre a capital e Salto, Rio Tietê é cenário de poluição e esperança
Sobrevoo encontrou muita espuma, mas há trechos com mata.
A falta de movimento da água é uma das principais marcas do Rio Tietê na cidade de São Paulo. Na região de Santana de Parnaíba, o azul das piscinas dos condomínios de alto padrão contrasta com o tom de piche do curso d'água que não corre em direção ao mar. E, em Pirapora do Bom Jesus, a espuma é a característica visual mais expressiva do rio.
Do alto de um helicóptero, num sobrevoo entre a capital e Salto passando por cima da Estrada dos Romeiros, ainda é possível sentir o mau cheiro do Tietê. E ver que muitas das matas ciliares que deveriam proteger o rio de receber mais poluição estão destruídas.
No trajeto também encontramos algumas queimadas para limpar pastagens, plantações de eucalipto e diversas pedreiras - que, onde se instalam, deixam o ambiente desolador. E, fora as pessoas que construíram casas na margem, ninguém se aventura a chegar muito perto do rio.
Algum alento vem de reconhecer trechos de Mata Atlântica, bioma que já perdeu 93% de sua área original, pelo caminho. E notar que o traçado retilínio artificial da capital é substituído pelas curvas naturais no interior.
Na parte cercada de mata e corredeiras, o rio com certeza "seria uma ótima opção de lazer, se a água fosse mais limpa", diz o geógrafo da USP Wagner Ribeiro, colunista da rádio Estadão ESPN que acompanhou o voo. Mas fazer rafting ali por enquanto está descartado.
Para ele, o Parque Ecológico do Tietê é um exemplo do bom uso do entorno do rio. "Se equipar e der condições, as pessoas vão utilizar." Na opinião de Ribeiro, o aspecto mais negativo do passeio foi observar a presença de muita espuma e cheiro forte até Salto. "Em Pirapora, foi instalado uma espécie de chuveiro para reduzir a espuma, mas não se vê resultado."
Condição ruim. Carlos Eduardo Carrela, superintendente de Projetos Especiais da Sabesp, explica que a vazão do Tietê é muito baixa, o que dificulta a dispersão dos poluentes. "O Tâmisa tem o dobro da vazão."
Quando o projeto de despoluição do rio começou, o esgoto gerado por 83% da população da Região Metropolitana de São Paulo não era tratado. Hoje, 70% do esgoto coletado é tratado.
Os trabalhos, segundo a Sabesp, permitiram que 8,5 milhões de pessoas passassem a ter esgoto tratado - o que seria capaz de atender uma cidade do tamanho de Londres. Com isso, a mancha de poluição, que antes chegava até a barragem de Barra Bonita, agora está em Salto - redução de 160 quilômetros.
Nesta terceira fase do projeto, que vai até 2015, 28 municípios da Região Metropolitana de São Paulo terão obras. Apesar de afirmar que o rio terá condições de abrigar peixes até o fim da década, a Sabesp não ousa falar que poderemos beber água do Tietê. Até porque, mesmo livre do esgoto, ele ainda recebe muito lixo e poluição difusa (como fuligem carregada pela chuva).
É por isso que tanto a Sabesp quanto as ONGs afirmam que apenas a ação do governo não basta: é fundamental o comprometimento de toda a população. Ainda se vê pessoas jogando móveis e objetos no rio. Parte da culpa é da coleta ineficiente e da falta de educação das pessoas.
Os dados atuais de monitoramento da qualidade da água obtidos pelos grupos de voluntários da SOS Mata Atlântica mostram que ainda há um longo caminho a trilhar. Nas bacias do Alto e Médio Tietê, de 338 pontos de coleta, 10,35% tiveram qualidade considerada péssima e 41,42%, ruim. No início da segunda etapa da despoluição, porém, a situação era pior: 11,11% dos pontos tinham classificação péssima e 51,85% ruim. (OESP)

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