terça-feira, 15 de maio de 2012

Destinação final integrada de resíduos sólidos

Destinação final integrada de resíduos sólidos com lodos de ETAs de tratamento de água e ETEs de tratamento de esgotos
Os trabalhos que propõem a utilização integrada de resíduos sólidos urbanos como resíduos orgânicos de poda juntamente com lodo proveniente de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) em compostagem, principalmente aeróbica conjugada, envolvendo os lodos com resíduos sólidos vegetais que são resultantes de poda (SILVA et al, 2008).
O lodo sanitário é um dos principais produtos resultantes de soluções utilizadas para tratamento de esgotos. Estações de tratamento de esgotos produzem grande quantidade de lodo e o planejamento para sua destinação final pode ser otimizado e sinergizado quando se propõem soluções integradas com os resíduos sólidos urbanos.
A compostagem aeróbica juntamente com resíduos sólidos provenientes de atividades de poda e manutenção de áreas verdes municipais é uma importante alternativa (SILVA et al, 2008). Estes processos são importantes para a destruição de ovos de helmintos, permitindo também estabilização dos resíduos e são controlados pela temperatura, pH e relações físico-químicas e microbiológicas em reatores.
Estudo de Cassini (2003) observa a importância da utilização do biogás gerado pelo consorciamento de lodos de ETAs e ETEs com resíduos sólidos no aproveitamento e destinação final destes materiais quando aproveitados conjuntamente.
A produção brasileira de lodo está estimada entre 150 e 220 mil toneladas de matéria seca por ano (TRABALLI, et al, 2009), e tende a crescer muito nos próximos anos, na medida em que sejam supridas as necessidades de saneamento do país, com projetos de tratamento que invitavelmente geram lodo.
Atualmente a maior destinação de lodo é agrícola nos Estados Unidos e agrícola e de reciclagem na Europa (TRABALLI, et al, 2009). O uso do lodo na agricultura e reflorestamento é limitado pela ocorrência de eutrofização ou pela contaminação que pode ser produzida por metais pesados e até mesmo a geração de patogenias para o homem.
Uma alternativa que se torna cada vez mais atraente é a geração de biogás em consorciamento com outros tipos de resíduos sólidos, particularmente resíduos de podas e resíduos orgânicos.
Traballi et al, 2009 cita que 1 m3 de biogás equivale energeticamente a 1,5 m3 de gás de cozinha, 0,5 a 0,6 litros de gasolina, 0,9 litro de álcool, 1,43 kWh de eletricidade e 2,7 kg de lenha quando é queimada.
O efluente líquido que sai do biodigestor possui propriedades fertilizantes com elevada concentração de N, p e K, permitindo uso adequado em fertirrigação.
No aterro municipal Bandeirantes em São Paulo, localizado na rodovia dos Bandeirantes, no km 26 em Perus, São Paulo, os gases produzidos pela decomposição da matéria orgânica, desde 2004 são utilizados para geração de energia calorífica que depois é transformada em energia elétrica. São utilizados cerca de 12.000 m3 por hora de gases, com composição de mais de 50% em metano para produzir 170 mil megawatts/hora, energia suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes.
Este tipo de projeto é frequentemente citado como enquadrável para obtenção de créditos de carbono (BASSETA et al, 2006), na medida em que ocorre uma redução na emissão de gases de efeito estufa, tanto metano quanto dióxido de carbono, que são os constituintes principais da decomposição da matéria orgânica.
A queima direta nunca é citada, porque provavelmente os níveis de umidade presentes sejam muito elevados nos lodos, mas também não é citado nenhum impedimento técnico para que isto ocorra em padrões de umidade recomendáveis.
No aterro Bandeirantes um projeto de certificação da redução de emissões de gases de efeito estufa gera a venda de aproximadamente 1 milhão de toneladas de carbono, gerando uma receita adicional de até 24 milhões de euros (TRABALLI, et al, 2009).
No aterro Bandeirantes a captação de gases superou as expectativas iniciais, havendo produção de 40 a 60 mil m3 de gases por hora em razão das características específicas da massa de resíduos do local.
A conclusão possível é que existe um amplo espaço para a implantação de projetos baseados em mecanismos de desenvolvimento limpo, envolvendo resíduos sólidos e lodo de estações de tratamento de esgotos, e com a expectativa de grande crescimento na geração de lodo por conta da enorme quantidade de projetos de saneamento em implantação, torna obrigatório o planejamento integrado entre resíduos sólidos e lodos quanto à destinação final.
São Bernardo do Campo é a primeira cidade do País a contar com a aprovação de um Termo de Referência para licenciamento de uma unidade de recuperação de energia de resíduos urbanos no município. O parecer da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, acaba de ser liberado.
Existem órgão ambientais estaduais muito conservadores com a questão de incineração, mas esta passando o momento de enfrentar os desafios técnicos deste problema, não é mais possível postergar infinitamente posicionamentos.
O parecer da CETESB para a prefeitura municipal de São Bernardo apresenta todo o modelo tecnológico e a eficiência ambiental, bem como todos os parâmetros de controle e segurança que a usina precisará oferecer. Ou seja, já existem parâmetros para orientar diretrizes neste tipo de projeto.
A partir de agora, a Prefeitura de São Bernardo do Campo irá promover novas audiências públicas visando a implantação de uma política integrada de resíduos sólidos e de uma política municipal de saneamento, dando continuidade a um processo iniciado no ano passado.
A liberação desse parecer da Cetesb em São Paulo abre ainda precedentes para que outros municípios ou consórcios do País sejam arrojados, modernos e ousados e enfrentem os desafios de implantar estas novas políticas integradas. (EcoDebate)

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