Bairro que mais
recicla lixo na capital reaproveita menos de 5% dos resíduos
Vila Mariana, na zona sul, tem os moradores
mais engajados na coleta seletiva de São Paulo/SP.
Moradores da Vila Mariana, na zona sul, são os mais engajados na coleta
seletiva em São Paulo. No bairro, 4,95% dos resíduos coletados vão parar nas
centrais de triagem da Prefeitura. O índice é mais de quatro vezes maior do que
a média da capital, de 1,2%, considerada baixíssima por especialista.
Letícia Oliveira disse que já correu atrás do
caminhão de lixo para informações sobre reciclagem.
Embora 22% do lixo seja reciclável, o desempenho da Vila Mariana quase
chega à meta do governo federal para o Brasil: reciclar 5% do lixo em 2014,
como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Logo atrás, vêm Santo
Amaro (4%), Pinheiros (3,5%) e Lapa (2,4%).
O resultado um pouco acima da média pode ser creditado a iniciativas
individuais, como a do analista de Comunicação Cassius Guimarães, de 29 anos,
que se adaptou ao horário do catador de lixo que passa pela Vila Mariana,
sempre entre as 18h e as 19h. "Já adquiri o hábito de levar o lixo para a
rua nesse horário."
A advogada Letícia Oliveira Cunha, de 33 anos, disse já ter corrido
atrás do caminhão do lixo para obter informações sobre reciclagem. "Um dia
eu parei o caminhão da Ecourbis e perguntei quando eles passavam, porque
ninguém informou nada", disse. Descobriu que o veículo passa às
quartas-feiras.
Demanda
Em São Paulo, o fato de um caminhão fazer a coleta do material
reciclável não quer dizer que a reciclagem vai ocorrer. As centrais já não
conseguem absorver a demanda. Faltam espaço, estrutura e mão de obra às
cooperativas, que chegam a desprezar lixo separado.
Segundo as próprias concessionárias, cerca de 60% da coleta seletiva vai
para o lixo comum. Além disso, por falta de informação, parte da população
separa mal o lixo. Apenas 6,3% do coletado é passível de reciclagem.
O diretor da Coleta Seletiva da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza
Urbana), Valdecir Papazissis, afirmou que a Prefeitura pretende negociar com as
concessionárias a expansão da coleta seletiva para toda a cidade. Também está
prevista a criação de mais 11 centrais de triagem, ainda sem prazo de
inauguração. Hoje, são 21. "Temos quatro em processo de licitação. E sete
terrenos estão sendo desapropriados para mais sete", afirmou.
Segundo Papazissis, no entanto, é preciso que as indústrias passem a
absorver novamente os resíduos dos produtos, como prevê a política nacional. (OESP)
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