São Paulo:
Consumidores aprovam volta das sacolinhas; ambientalista defende mais debate
Campanha “Saco é
um saco. Pra cidade, pro planeta, pro futuro e pra você”
A decisão judicial
que garante o fornecimento gratuito de sacolinhas nos supermercados agradou a
muitos consumidores da capital paulista. Para o o ambientalista Nelson Pedroso,
da Associação Global de Desenvolvimento Sustentado, essa é uma questão que
deveria ser melhor debatida na sociedade.
“Tem que ter
sacolinha no mercado. Se a gente sai do serviço e, não trouxer a sacolinha, não
tem como levar [as compras]”, disse a doméstica Maria Santana. A aposentada
Aparecida Maria Silva Prado também defendeu a volta das sacolinhas. “Acho um
descaso [a falta de sacolinhas]. Já pensou em você estar na rua e lembrar que
precisa passar no mercado? Se você estiver só com a bolsa terá que gastar mais
um dinheirinho [para levar as compras]”, reclamou.
Em 25/06/12 a juíza
Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª Vara Cível Central da capital paulista,
determinou que os supermercados retomem o fornecimento gratuito de embalagens
adequadas e em quantidades suficientes para que os consumidores possam
transportar as compras. A juíza estabeleceu o prazo de 48 horas, após
recebimento da notificação, para que os supermercados de São Paulo voltassem a
disponibilizar as sacolinhas.
Alguns consumidores
abordados pela Agência Brasil reclamaram também da falta de informação. Para
eles, a alegação de que a retirada das sacolinhas dos supermercados está
contribuindo para o meio ambiente não é suficiente, já que há muitos produtos
nas prateleiras dos supermercados, por exemplo, que também são feitos de
material plástico. “E o lixo na rua? Não vai dentro de um saco de lixo? E as
embalagens não são todas de plástico?”, argumentou o técnico de trânsito Antero
dos Santos Ferreira.
Para a dona de casa
Maria Amélia França Ricota, neste debate, o consumidor fica sem saber qual é a
melhor opção. “Já me acostumei a trazer sacola e carrinho. Isso é consciência.
Fazemos o que estão dizendo que é o melhor. Mas o povo tem que colocar o lixo
em alguma coisa. E eles usam a sacolinha para isso. Mas agora eles estão
precisando comprar saco [de lixo]. E aí não sai a mesma coisa? Saco [de lixo]
não é igual à sacolinha e polui da mesma forma? Os dois não vão para o meio
ambiente?”, questionou.
O cobrador de ônibus
Tiago da Silva Alves apoia novas alternativas para as sacolinhas. “O consumidor
só foi prejudicado nessa de evitar as sacolinhas plásticas. Os supermercados
subiram os preços dos sacos de lixo. Foi um meio de enganar o povo. Acho que se
deveria incentivar o uso de sacolinhas biodegradáveis. Um meio de evitar isso é
fabricar sacolinhas que, no meio ambiente, se decompõe mais rapidamente”, disse
ele.
Para a Associação
Global de Desenvolvimento Sustentado, é preciso mais discussão. “Defendo um
olhar no meio ambiente com um olhar na questão do direito da sociedade. Acho
que poderia voltar [as sacolinhas] gradativamente, mas olhando para o futuro
para que haja um controle mais adequado e até uma extinção desse produto”,
defendeu o ambientalista Nelson Pedroso, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, há
várias alternativas às sacolinhas plásticas que precisam ser estudadas. “Sob o
ponto de vista do direito do consumidor, os supermercados agregaram o custo
dessas sacolinhas aos seus produtos e acho que a discussão que cabe neste
momento é como devolver para a sociedade esse recurso da economia provocada
pelo não-uso das sacolas plásticas. Na Europa, esses recursos são investidos em
fundos de pesquisa para analisar alternativas para a questão.”
O ambientalista
acrescentou ainda que é importante a população continuar pensando em dar sua
contribuição para o meio ambiente, preferindo, neste primeiro momento, usar as
sacolas reutilizáveis. “É importante que a sociedade tenha a consciência de que
os prejuízos que as sacolinhas causam ao meio ambiente acabam no bolso do
cidadão.”
“Mas se houver
liberação desenfreada, de cima para baixo, sem uma discussão apropriada e
técnica, envolvendo a sociedade técnica e ambientalistas, que promovam
alternativas viáveis e técnicas, acho que não teremos um futuro interessante
para o conflito que está se instalado ali. A saída é procurar todas as
alternativas para se evitar o uso de sacolas plásticas”, acrescentou Pedroso.
(EcoDebate)
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