Rio e São Paulo
aqueceram até 3 vezes mais do que a média do planeta, diz relatório do MCTI.
As mudanças
climáticas imprimiram, nos últimos cem anos, marcas muito mais severas no
Brasil do que em diversas regiões do planeta. Enquanto a Terra aqueceu, em
média, 0,8 grau Celsius neste período, os termômetros paulistanos registram
temperaturas 3 graus acima das vistas no início do século passado. O Rio também
passa por aquecimento, embora menos homogêneo. Na Zona Sul, próxima ao mar, o
calor aumentou em 1,3 grau. A partir do Maciço da Tijuca, esse índice chega a 2
graus.
O aquecimento das
metrópoles é um dos alertas emitidos por um relatório inédito, lançado no último
dia da Rio+20. Assinada por dois ministérios, o do Meio Ambiente e Ciência e o
da Tecnologia e Inovação (MCTI), a iniciativa corresponde ao mais completo
diagnóstico sobre o efeito das mudanças climáticas no país.
O estudo foi dividido
em três partes. A primeira, que encerrará a conferência da ONU, tentará
explicar como muda o clima no Brasil. A segunda, prevista ainda para este ano,
terá como foco o impacto das políticas de mitigação. A última parte, que ainda
está em produção, deve ser divulgada em 2013.
- Nosso relatório
verifica transformações ambientais ocorridas nos últimos cem anos, como o
aumento da temperatura nas florestas tropicais em até 2 graus Celsius –
explicou Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento do MCTI. – Mas precisamos separar o que foi motivado por
fatores naturais daquilo que teve como causa a urbanização, por exemplo.
A empresa britânica
Maplecroft, especializada em cálculos de riscos, pôs o Brasil, no ano passado,
como o 81º mais suscetível às variações do clima – está, assim, com “alto
risco”, maior do que potências como os EUA (129º), a Alemanha (131º) e o Reino
Unido (138º). O perigo é extremo para Bangladesh e Índia, que encabeçam a
lista.
Países em
desenvolvimento têm menor capacidade de absorver o choque promovido por eventos
extremos. Prova disso é que 95% das mortes ocasionadas por desastres naturais
entre 1970 e 2008 tiveram essas nações como palco.
- O Brasil tem mais
de 10 milhões de habitantes no semiárido e 15 milhões na periferia de
metrópoles muito vulneráveis a desastres – lembrou Nobre. – Precisamos reduzir
o número de mortos e feridos em desastres.
O novo relatório
integra essa política de prevenção de incidentes. E sua urgência é ainda maior
se for considerado que, entre as prováveis anfitriãs de novas catástrofes,
estão capitais como São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília e Manaus.
País vive três
extremos climáticos simultâneos
Além de evitar
desastres naturais nas cidades, o governo precisa se preocupar com os estragos
do clima no campo. Parte significativa da economia nacional vem do primeiro
setor, que sofre um abalo. Pernambuco, por exemplo, vive sua maior estiagem em
50 anos, O estado já contabiliza um prejuízo de R$400 milhões na agricultura.
- Vivemos três
anomalias simultâneas: duas grandes secas, no Nordeste e no Sul, e uma série
histórica de inundações na Bacia Amazônica – ressaltou Nobre.
O secretário
participou ontem, na PUC-Rio, de uma sessão do Fórum de Ciência, Tecnologia,
Inovação e Desenvolvimento Sustentável, promovido pelo Conselho Internacional
para a Ciência. Pesquisadores debateram os impactos globais promovidos pelas
mudanças climáticas.
- O custo da
adaptação do mundo para o clima pode variar de US$9 bilhões a US$300 bilhões
por ano, dependendo de quem calcula e do que queremos – ressaltou Diana
Liverman, codiretora do Instituto do Meio Ambiente da Universidade do Arizona,
nos EUA. – O gasto mínimo só mitiga os desastres. O máximo inclui fatores como
a proteção de ecossistemas ameaçados. (EcoDebate)
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