terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mundo em 2100

Segundo estimativas da ONU, população mundial terá ultrapassado os 10 bilhões, e 23,6% dos habitantes do planeta estarão acima dos 65 anos.
A população mundial chegará a 7 bilhões de pessoas no fim de outubro, de acordo com as últimas projeções das Nações Unidas. Pela primeira vez a ONU tentou fazer previsões tão avançadas, apresentando um panorama para 2100, usando várias deduções de como as taxas de mortalidade e fertilidade podem mudar ao longo dos anos. A média dessas estimativas sugerem que a população global ultrapassará os 10 bilhões em 2085. Em 2100, 23% da população estará acima dos 65 anos. Em 2010 esse número foi de 7,6%.
A maior parte do crescimento populacional deve vir dos países em desenvolvimento. A população da África passará de 1 bilhão em 2010 para 3,6 bilhões em 2100. Em 1950, 32% da população mundial vivia nos atuais países ricos. Em 2100, esse número deverá cair para 13%.
O gráfico abaixo apresenta a população mundial divida por sexo e faixa etária, em 1950 e 2010, e as estimativas para 2050 e 2100.
E O BRASIL
Com a maior parte da população em idade ativa, o Brasil ganha oportunidade rara de acelerar o desenvolvimento
Os primeiros dados do Censo de 2010, divulgados pelo IBGE, confirmaram que o Brasil possui diante de si uma chance rara, daquelas que batem à porta uma única vez na vida, para acelerar o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Os números revelaram que há no país 191 milhões de habitantes — ou, exatamente, 190.732.694. O dado mais relevante é que somos, pela primeira vez na história recente, uma nação cuja maior parcela de seus habitantes possui entre 20 e 29 anos de idade. Um em cada cinco brasileiros está nessa faixa etária. Em 2000, o predomínio era de quem tinha entre 10 e 19 anos. Essa mudança demográfica significa que o país contará, ao menos por duas décadas, com as condições propícias para elevar a produtividade. Disporá de uma população predominantemente adulta e em idade ativa, enquanto as crianças e os idosos (ou seja, as pessoas que dependem daqueles que trabalham) representarão um porcentual menor na população. É o chamado “bônus demográfico”, do qual já desfrutaram no passado nações que se tornaram ricas e desenvolvidas. A estrutura etária da população, que era uma pirâmide, passou a assumir a forma de uma gota.
Os números do Censo mostraram que, nos últimos dez anos, nasceram menos brasileiros do que as projeções recentes indicavam. Na última década, a população cresceu a um ritmo anual de 1,17% (a taxa havia sido de 1,64% nos dez anos anteriores e de 2,89% nos anos 60). Ao mesmo tempo, a expectativa de vida subiu para 73 anos e 2 meses. No início da década, eram 70 anos e 5 meses. A leitura que se faz desses dois fenômenos é que, daqui a duas décadas, haverá menos brasileiros entrando no mercado para ajudar a bancar a aposentadoria de um número crescente de idosos. Será um desafio que, hoje, já é uma realidade do mundo rico. Afirma o economista Fabio Giambiagi, do BNDES, coautor do livro Demografia: A Ameaça Invisível: “Os sinais são claríssimos. Significa que sustentar a população idosa será um peso cada vez maior para os adultos que estiverem no mercado de trabalho a partir de 2030”. Giambiagi ressalta que as contas do governo não sofrerão abalo imediato se nada for feito nos próximos quatro anos, mas lembra que o enfrentamento do déficit previdenciário tem sido adiado sucessivamente por diferentes governos. Em outras palavras, o país deverá aproveitar o atual bônus demográfico para acelerar o crescimento e se preparar para o futuro, quando haverá tantos velhos quantos jovens na população. Ou, como diria o economista Antonio Delfim Netto, o Brasil corre o risco de ficar velho antes de ficar rico.
O Censo evidenciou também a tendência de avanço das cidades médias, especialmente no interior do país. Segundo Marco Antonio Alexandre, coordenador técnico do Censo, as metrópoles beiram o limite do crescimento populacional. Em contrapartida, municípios entre 100 000 e 2 milhões de habitantes aumentaram sua relevância. Diz Alexandre: “Fatores como o esgotamento das megacidades e o surgimento de novas chances de trabalho em municípios menores ajudam a entender o poder de atratividade do interior”. O avanço se concentrou nas regiões Norte e Centro-Oeste, as novas fronteiras do crescimento econômico e populacional do país. Sem relegar o progresso, esses novos polos de riqueza terão a oportunidade de não repetir os erros da tragédia urbana legada pela bolha populacional dos anos 60.
DADOS DO CENSO POR ESTADO BRASILEIRO
Envelhecimento da população duplicará gasto social
A transformação demográfica do país, com o aumento da expectativa de vida e da parcela de idosos na população, vai duplicar os gastos públicos na área social até o ano de 2030.
Ao final da próxima década, os maiores de 40 anos --hoje, menos de um terço-- serão quase metade dos brasileiros; já os maiores de 60 saltarão de um décimo para um quinto do total.
União, Estados e municípios terão que arcar com a conta do envelhecimento que vai gerar mais encargos com aposentadorias, pensões, assistência social e serviços de saúde. E ficarão diante da necessidade de elevar a qualidade da educação.
As projeções constam de estudo assinado por Paulo Tafner, economista, e Márcia de Carvalho, estatística, sobre o futuro dos programas sociais e possíveis alternativas para reduzir a pobreza.
Intitulado "Rumo a uma política social flexível", o texto faz parte do recém-lançado "2022: propostas para um Brasil melhor no ano do bicentenário", coletânea de artigos organizada pelos economistas Fabio Giambiagi e Claudio Porto.
Os autores apontam que a economia do país terá de crescer em média 4% ao ano de 2010 a 2030 para produzir o aumento de arrecadação necessário para acomodar a expansão de gastos sociais decorrente da nova demografia. Ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), precisará dobrar.
Para efeitos de comparação, entre 1990 e 2010, a taxa de expansão anual média do país não passou de 2,7%. No acumulado, ela foi de 75%.
PREVIDÊNCIA
Previsivelmente, a maior fonte de despesas adicionais nos próximos anos será a Previdência. Os autores estimam que o aumento da clientela elevará em mais de R$ 300 bilhões ao ano os encargos com aposentadorias, pensões e assistência a idosos.
A projeção considera as atuais regras de acesso aos benefícios, que estão sujeitas a mudanças. Conforme a Folha noticiou ontem, o governo Dilma Rousseff negocia trocar o fator previdenciário, que hoje reduz os benefícios de quem se aposenta mais cedo, por outra fórmula.
O novo modelo, segundo técnicos do governo, pode ser mais vantajoso para os trabalhadores.
No caso da saúde, os autores levaram em conta não só a maior demanda pelos serviços, que é inevitável com o envelhecimento, mas também o esperado aumento do gasto por habitante.
No Brasil, este indicador está abaixo dos patamares do mundo desenvolvido e até de países como Chile e México.
Das despesas sociais mais volumosas, a educação é a única que terá redução do número de beneficiários com o envelhecimento da população. No entanto, os custos deverão continuar em alta em razão da necessidade de elevar as taxas de matrícula e o gasto por aluno. (sinuhesilvavieira)

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