Global Agribusiness Forum: O que Al Gore ainda tenta provar
sobre o aquecimento global?
Os impactos causados pelas mudanças climáticas na
agricultura mundial foram o principal tema abordado pelo ex-vice-presidente dos
EUA e conhecido ativista ambiental Al Gore. O ganhador do prêmio Nobel da Paz
em 2007 esteve presente no Global Agribusiness Forum, que aconteceu entre 25 e
26/09/12 em São Paulo e afirmou que "se a crise climática afeta a
agricultura, o oposto não é menos verdadeiro". Sendo assim, o político
tomou o oposto como base de seu discurso e continuou explanando sobre como a
produção agrícola poderia ser uma das principais responsáveis pelo aquecimento
global.
Para ilustrar sua teoria, o político apresentou diversas
fotos e vídeos e alguns dados - desatualizados - sobre o desmatamento e seus
efeitos não só no Brasil como em mais nações emergentes, afirmando que cenários
como estes são alguns dos principais motivos das mudanças climáticas que são
conhecidas hoje em dia e que, na visão de Gore, seriam as principais
"ameaçadoras" da oferta global de alimentos.
Foram apresentadas imagens falando sobre a seca que provocou
uma séria quebra na produção de grãos dos Estados Unidos neste ano e, ao mesmo
tempo, imagnes do desmatamento no estado do Pará entre 2001 e 2005.
Paralelamente, citou ainda dias em que as temperaturas em países do Oriente
Médio como Irã, Iraque e Kuwait chegaram a superar os 50°C.
Entretanto, as imagens que ilustravam o problema eram de
regiões norte-americanas e as que indicavam as causas desse mesmo problema eram
de regiões brasileiras, africanas, chinesas ou de alguma outra nação menos
desenvolvida. Não menos enfático, o ex-vice-presidente afirmou ainda que tais
mudanças climáticas e, claro, consequentemente o aquecimento global, seriam
capazes de dificultar as previsões sobre o tempo nos próximos anos, dizendo que
"a perturbação do ciclo biológico acabará com a possibilidade de se prever
a ocorrência das chuvas".
Energia X Alimentos - Para Al Gore, o aquecimento climático
e as tais mudanças climáticas são os principais ameaçadores da oferta mundial
de alimentos e energia. "Quanto mais quente o tempo, menor o rendimento e
mais os preços sobem, tanto dos combustíveis quanto dos grãos", disse Al
Gore sobre os picos de preços registrados pelos grãos nos últimos anos. O
político afirma que, caminhando ao lado dessas alterações no clima, cresce uma
enorme pressão sobre o campo.
Para o ex-vice-presidente, em poucos anos o número de
conflitos no campo irá crescer e os agricultores terão que se decidir entre
plantar para a produção de energia ou para a produção de alimentos. Ao mesmo
tempo, lembrou que nos últimos 100 anos a população mundial quadruplicou e, com
ela, veio a busca por alimentos de melhor qualidade, com uma alteração de sua
dieta básica marcada pela intensificação do uso da carne.
Então, Al Gore novamente falou do relevante papel que a
América do Sul, principalmente o Brasil, desempenha na segurança alimentar ao
lado, é claro, dos Estados Unidos.
Entretanto, criticou novamente nossos mecanismos de produção
ao sugerir que os produtores brasileiros precisam reduzir o uso de defensivos
que agridem o solo e que precisam ainda adotar práticas mais sustentáveis de
agricultura.
Brasil X EUA - Ao final, Al Gore agradeceu e parabenizou o
agronegócio brasileiro. Disse que o Brasil é uma grande potência no cenário da
produção mundial de alimentos e que se orgulhava dos produtores brasileiros.
No entanto, durante importantes pontos em que a preservação
ambiental vinha à tona, inclusive sobre assuntos intimamente ligados ao Código
Florestal brasileiro, o político dizia "bom, não vou entrar nesta questão
já que eu sei que vocês têm um grande debate sobre isso". Porém, em nenhum
momento, Al Gore disse que, neste caso, o Brasil, um dos poucos países que
possuem uma legislação ambiental, poderia servir de modelo para seu país.
Em nenhum momento, o ex-vice-presidente norte-americano deu
dados como a diferença entre a área protegida do Brasil e a de outros países,
até mesmo como o seu. De acordo com dados da União Internacional para
Conservação da Natureza, o Brasil tem aproximadamente 30% de sua área
protegida, enquanto o percentual de outros países como China, Estados Unidos,
Austrália, Rússia e Canadá não chega a 20 ou 10%.
O Brasil, atualmente, é o país que possui maior área
protegida do mundo e, além disso, preserva áreas que têm muito potencial e não
espaços como desertos, como é o que acontece na China, ou áreas completamente
congeladas, como é o caso da Sibéria. Diante disso, nossos 30% de área
protegida têm bastante qualidade.
Frente a essas críticas e a essa listagem de algumas
deficiências na produção, uma última pergunta faltou ser respondida na palestra
de Al Gore: quais as soluções para os problemas apontados e quais caminhos
seguir então? A explanação acabou e esse foi um ponto em que, aparentemente, o
ativista preferiu não tocar.
Al Gore encerrou seu discurso dizendo que, por trás de toda
essa "comprovada teoria" das mudanças climáticas e do aquecimento
global há uma indústria da negação, referindo-se aos estudos que dizem que o
que não existe, de fato, é o aquecimento global e que a agricultura, não só
brasileira como mundial, sozinha, seria capaz de alterar tão drasticamente o
padrão climático do planeta.
Diferente dos demais palestrantes do Global Agribusiness
Forum, Al Gore se negou a dar uma entrevista coletiva aos jornalistas
presentes. (noticiasagricolas)
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