Degelo recorde no Ártico e rapidez das mudanças colocam
cientistas em ‘território desconhecido’
Imagem da NASA
mostra redução da extensão de gelo marinho no Ártico desde 1979
Gráfico demonstra
redução da extensão de gelo marinho no Ártico desde 1979
O gelo marinho do
Ártico atingiu sua menor extensão do ano, estabelecendo um novo recorde de
menor cobertura durante o verão (no hemisfério norte) desde que dados de
satélite começaram a ser coletados, em 1979.
A extensão em 2012
caiu para 3,41 milhões de km² – 50% menor que a média entre 1979 e 2000.
Há tempo o gelo
marinho do Ártico é considerado um indicador das mudanças climáticas.
Cientistas que vem analisando o surpreendente degelo acreditam que ele é parte
de uma mudança fundamental.
“Nós estamos agora em
território desconhecido”, disse Mark Serreze, diretor do Centro Nacional de
Neve e Gelo (NSIDC http://nsidc.org/ , na sigla em inglês) no Estado americano
do Colorado.
“Ao mesmo tempo em
que já sabíamos que, à medida que o planeta se aquece, mudanças serão vistas
primeiro e mais pronunciadamente no Ártico, poucos entre nós estavam preparados
para a rapidez com que essas mudanças iriam ocorrer.”
Cobertura fina
O recorde deste ano
encerra um verão de baixa cobertura de gelo no Ártico. Em 26 de agosto, a
extensão de gelo marinho caiu para 4,10 milhões de km², quebrando o recorde de
baixa anterior, estabelecido em 18 de setembro de 2007, de 4,17 milhões de km².
Em, 4 de setembro
deste ano, caiu abaixo de 4 milhões de km², outro recorde nos 33 anos em que
dados de satélite são coletados.
“O forte declínio no
final da estação mostra como a cobertura de gelo está fina”, disse o cientista
Walt Meier, do NSIDC.
“O gelo precisa estar
muito fino para continuar derretendo à medida que o sol se vai e o outono se
aproxima.”
Cientistas dizem que
estão observando mudanças fundamentais na cobertura de gelo marinho. O Ártico
costumava ser dominado por gelo de várias camadas, que sobrevivia ao longo de
muitos anos.
Mais recentemente, a
região tem sido caracterizada por uma cobertura de gelo sazonal, e grandes
áreas estão agora inclinadas a derreter completamente no verão.
Declínio dramático
A extensão do gelo
marinho é definida como a área total coberta por pelo menos 15% de gelo, e
varia de ano para ano, por causa de variações no clima.
No entanto, a
extensão de gelo tem mostrado um dramático declínio geral nos últimos 30 anos.
Um estudo de 2011
publicado na revista científica Nature usou núcleos de gelo e sedimentos
lacustres para reconstruir a extensão de gelo marinho no Ártico ao longo dos
últimos 1.450 anos.
Os resultados sugerem
que a duração e a magnitude do atual declínio pode não ter precedentes nesse
período.
A cientista Julienne
Stroeve, do NSIDC, está a bordo de um navio do Greenpeace em Svalbard, na
Noruega, que acaba de retornar de uma expedição de pesquisa para avaliar o
derretimento na região.
Ela disse que o novo
recorde sugere que o Ártico “talvez tenha entrado em uma nova era climática, na
qual a combinação de gelo mais fino com ar e temperaturas dos oceanos mais
quentes resultam em mais perda de gela a cada verão”.
“A perda de gelo
marinho no verão levou a um aquecimento incomum da atmosfera do Ártico, que por
sua vez tem impacto nos padrões de clima no hemisfério norte, o que pode
resultar em condições climáticas extremas constantes, como secas, ondas de calor
e enchentes”, diz Stroeve.
Consequências
O pesquisador Poul
Christoffersen, da Universidade de Cambridge, disse à BBC: “Nós sabemos muito
pouco sobre as consequências de reduções drásticas no gelo marinho”.
“A maioria dos
modelos de projeções incluem um declínio menos rápido”, afirma.
Entre as possíveis
consequências em grande escala da redução de gelo marinho, ele cita mudanças
nos padrões de ventos e nas correntes oceânicas.
Se a atual tendência
de derretimento durante os meses de verão continuar, alguns apontam que, além
de enormes desafios, também haverá oportunidades.
Alguns navios já
estão economizando tempo ao navegar por uma rota antes intransitável ao norte
da Rússia.
Companhias de
petróleo, gás e mineração estão brigando para explorar o Ártico – apesar de
sofrerem forte oposição de ambientalistas.
Essas companhias
sofrem forte oposição de grupos ambientalistas. (EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário