Exposição de anfíbios a variações bruscas de temperatura diminuiu
resistência a infecções
A mudança climática
pode tornar parasitas mais perigosos, segundo cientistas. É a conclusão de uma
pesquisa que registrou maior incidência de infecção por fungos parasitários em
pererecas expostas a mudanças bruscas de temperatura.
Por serem menores e
crescerem mais rápido, os parasitas podem se adaptar com mais agilidade às
mudanças climáticas que os seus hospedeiros, afirmam os pesquisadores.
"Um aumento na
variação do clima provavelmente torna mais fácil para um parasita infectar seu
hospedeiro. E achamos que pode também exacerbar os efeitos de algumas
doenças", afirmou o biólogo Thomas Raffel, da Universidade de Oakland, na
Califórnia. Ele é um dos autores da pesquisa, feita em colaboração com a
Universidade do Sul da Flórida, publicada na edição de hoje da revista Nature
Climate Change.
De acordo com
especialistas ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), o aquecimento
global deve aumentar as variações bruscas de temperatura, além de causar
problemas como ondas de calor, enchentes, tempestades, incêndios e secas.
"Poucos
estudos consideraram os efeitos da variação do clima nas enfermidades, apesar
de ser provável que tanto hospedeiros como parasitas apresentem respostas
diferentes durante mudanças climáticas", escreveram os pesquisadores.
Em seu experimento,
eles colocaram pererecas-cubanas (Osteopilus septentrionalis) em 80 incubadoras
com temperaturas variáveis e as expuseram ao fungo Batrachochytrium
dendrobatidis, que ataca a pele de anfíbios e geralmente é fatal.
Em um dos testes,
eles observaram que pererecas mantidas por quatro semanas sob a temperatura de
25°C sofriam muito mais infecções quando eram transportadas para incubadoras a
15°C, em comparação com os anfíbios que já estavam acostumados a viver sob
15°C.
Em outra
experiência, os animais foram expostos a variações diárias de 15°C a 25°C,
comuns no Hemisfério Norte do dia para a noite. Observou-se que esses animais
tinham uma resistência muito maior ao fungo.
Baseado em fatores
como tamanho, expectativa de vida e metabolismo, os cientistas afirmam que as
pererecas-cubanas demoram cerca de dez vezes mais tempo para se adaptar a
mudanças inesperadas de temperatura que o fungo.
Segundo Raffel,
mais testes com outros tipos de parasitas e hospedeiros são necessários para
confirmar as descobertas. Mas ele especula que animais de sangue frio, como
peixes, répteis e insetos, podem ser mais suscetíveis a parasitas durante
mudanças de temperatura que os pássaros e os mamíferos, que têm sangue quente.
(OESP)
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