O futuro do oceano Ártico entre a conservação e a exploração
econômica
Imagem da
NASA/NSIDC mostra redução da extensão de gelo marinho no Ártico desde 1979
Oceano Ártico, entre
a ecologia e a exploração econômica – O oceano Ártico se tornou um campo de
prospecção petrolífera e, no longo prazo, a navegação e a pesca podem ser
desenvolvidas em suas águas, uma evolução com duras consequências ecológicas
que precisa ser controlada, afirmam especialistas reunidos na terça-feira em
Mônaco.
O futuro do Ártico e
a pesca predatória, além dos recursos genéticos e de mineração de suas
profundezas, representam os novos desafios econômicos dos oceanos, que requerem
uma regulamentação para que os ecossistemas sejam preservados, explicaram em
Mônaco os participantes de um colóquio no âmbito da Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito do Mar (CNUDM), 30 anos depois de sua adoção.
O oceano Ártico é “um
exemplar típico” de colisão entre um desejo de desenvolvimento econômico e a
inquietação em proteger a natureza, explicou à AFP Philippe Valette,
oceanógrafo e diretor do Centro Nausicaá, de Boulogne-sur-Mer, no norte da
França.
O progressivo recuo
da calota polar modifica radicalmente os ecossistemas da fauna, da flora e das
populações locais, e permite prever em longo prazo uma futura via marítima
direta entre Europa e Ásia, enquanto as reservas de hidrocarbonetos no subsolo
são cobiçadas pela indústria.
“O derretimento da
calota polar pode tornar as explorações muito mais fáceis do que hoje em dia”,
afirmou Jean-Pierre Beurier, professor de Direito Marítimo da Universidade de
Nantes (oeste da França).
“Quando se fala em
explorações minerais ou fósseis estamos falando de importantes contaminações,
se não houver exigências drásticas sobre os atores econômicos”, advertiu.
No Ártico, o apetite
pelos recursos se inscreve em um âmbito ao mesmo tempo frágil e desconhecido.
A calota polar, que
ocupa boa parte do oceano Ártico, se vê afetada pelo aquecimento global. Sua
extensão de gelo chegou a registrar este ano sua menor superfície, equivalente
à metade do que era há 30 anos.
“Conhecemos muito
pouco este meio, assim como a grande maioria dos oceanos”, reforça Valette, que
defende a ideia de uma moratória sobre o desenvolvimento econômico no Ártico.
“Uma moratória seria
prudente”, também avalia Beurier, advertindo que “a exploração do Ártico é
inevitável”.
O estabelecimento de
um tratado semelhante ao do oceano Antártico, espaço consagrado à pesquisa
científica, não se apresenta como uma possibilidade.
O Greenpeace luta
pela proibição da pesca industrial e das atividades petroleiras e gasíferas.
Em 09/10/12 encerrou-se o colóquio, o príncipe Albert II de Mônaco fez uma defesa neste
sentido, desejando “ver a parte do oceano Ártico situada mais além das zonas
exclusivas como uma área protegida e dedicada à pesquisa”.
“Os países costeiros
(Rússia, Canadá, Noruega, Dinamarca e Estados Unidos) não aceitarão nunca que
se crie uma reserva como na Antártida, o que está em jogo é muito importante.
Então, por que não uma convenção regional à imagem do que se fez em 1974 para o
mar Báltico ou o Mediterrâneo?”, propôs Beurier. (EcoDebate)
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