Degelo de solo no hemisfério Norte pode liberar o dobro de
carbono na atmosfera
Estudo do Pnuma
aponta que liberação de carbono contido na matéria orgânica congelada no
permafrost pode amplificar aquecimento global.
Cientista observa alteração no permafrost na ilha Herschel, no oceano
Ártico
O permafrost, solo permanentemente congelado que cobre quase um quarto
do Hemisfério Norte, está derretendo por causa do aquecimento global e seu
desaparecimento pode piorar ainda mais a concentração de gases de efeito estufa
na atmosfera. É o que mostra um relatório divulgado em 26/11/12 pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
De acordo com o trabalho, todo o permafrost, que se estende por países
como Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, contém, na forma de matéria
orgânica congelada, 1.700 gigatoneladas de carbono, duas vezes mais do que
existe atualmente na atmosfera. Sua liberação pode amplificar
significativamente o aquecimento global já esperado.
De acordo com Kevin Schaefer, da Universidade do Colorado, e coordenador
do estudo, o que pode ocorrer é um movimento que ele chamou de "permafrost
carbon feedback". "E uma vez que ele seja iniciado, será
irreversível. É impossível colocar a matéria orgânica de volta ao
permafrost."
Atualmente, a camada de gelo, que chega a ter mais de dois metros de
espessura, já vem apresentando uma diminuição de tamanho. O derretimento, além
do impacto à atmosfera, pode afetar os ecossistemas assim como a infraestrutura
construída sobre o gelo permanente.
O anúncio foi feito em meio à realização da 18ª Conferência do Clima da
ONU, no Catar (Doha), onde mais de 190 países discutem como vão lidar com as
mudanças climáticas. Schaefer lembrou que as previsões de aumento da
concentração de gases e de temperatura até o final do século apresentadas no
último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
de 2007, e levadas em conta nas negociações da ONU, ainda não consideram as
estimativas do carbono que pode ser liberado pelo permafrost.
"Pedimos aqui para que isso seja considerado porque qualquer meta
de redução de emissões pode ser muito baixa", afirmou o pesquisador.
Segundo ele, até 2100, 39% das emissões podem vir do derretimento do
permafrost. Presente ao evento, Jean-Pascal Van Ypersele, do IPCC, disse que
essas emissões já estarão contabilizadas nos cenários futuros no relatório que
começa a ser divulgado em setembro do ano que vem. (ig)
Nenhum comentário:
Postar um comentário