Derretimento do permafrost (solo congelado) pode liberar dobro de carbono na atmosfera
Pesquisador
diante de permafrost descongelado, na região costeira de Herschel Island,
Yukon, no extremo noroeste do Canadá (Foto: Michael Fritz / UNEP)
Permafrost tem 1.700 Gt de carbono na forma de matéria
orgânica congelada, mostra estudo
O permafrost, solo permanentemente congelado que cobre quase
um quarto do Hemisfério Norte, está derretendo por conta do aquecimento global
e seu desaparecimento pode piorar ainda mais a concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera. É o que mostra um relatório [Policy Implications of
Warming Permafrost] divulgado pelo Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
De acordo com o trabalho, todo o permafrost, que se estende
por países como Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, contém, na forma de
matéria orgânica congelada, 1.700 gigatoneladas (Gt) de carbono, duas vezes
mais do que existe atualmente na atmosfera. Sua liberação pode amplificar
significativamente o aquecimento global já esperado.
De acordo com Kevin Schaefer, da Universidade do Colorado, e
coordenador do estudo, o que pode ocorrer é um movimento que ele chamou de
“permafrost carbon feedback”. “E uma vez que ele seja iniciado, será
irreversível. É impossível colocar a matéria orgânica de volta ao permafrost.”
Atualmente, a camada de gelo, que chega a ter mais de dois
metros de espessura, já vem apresentando uma diminuição de tamanho. O
derretimento, além do impacto à atmosfera, pode afetar os ecossistemas assim
como a infraestrutura construída sobre o gelo permanente.
O anúncio foi feito em meio à realização da 18ª Conferência
do Clima da ONU, no Catar (Doha), onde mais de 190 países discutem como vão
lidar com as mudanças climáticas. Schaefer lembrou que as previsões de aumento
da concentração de gases e de temperatura até o final do século apresentadas no
último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
de 2007, e levadas em conta nas negociações da ONU, ainda não consideram as
estimativas do carbono que pode ser liberado pelo permafrost.
“Pedimos aqui para que isso seja considerado porque qualquer
meta de redução de emissões pode ser muito baixa”, afirmou o pesquisador.
Segundo ele, até 2100, 39% das emissões podem vir do derretimento do
permafrost. Presente ao evento, Jean-Pascal Van Ypersele, do IPCC, disse que
essas emissões já estarão contabilizados nos cenários futuros no relatório que
começa a ser divulgado em setembro do ano que vem. (EcoDebate)
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