Em dez anos, Amazônia perdeu 240 mil quilômetros quadrados
de floresta
Os dados são da Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Georreferenciada (Raisg), que congrega 11 ONGs e institutos de pesquisa
regionais.
Amazônia perdeu 3% de sua área total, o equivalente ao território da
Grã-Bretanha.
Um estudo inédito realizado em nove países sul-americanos revela que,
entre 2000 e 2010, a Amazônia perdeu 240 mil quilômetros quadrados de floresta,
3% de sua área total, o equivalente ao território da Grã-Bretanha. As
informações foram publicadas na edição desta terça-feira (4) no BBC Brasil.
Coordenado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Georreferenciada (Raisg), que congrega 11 ONGs e institutos de pesquisa
regionais, o atlas “Amazônia Sob Pressão” mediu, com base em imagens de
satélite, o desmatamento entre 2000 e 2010 em todos os países que abrigam a
floresta, além de mapear as principais ameaças ao ambiente e à população local.
“É importante manter em evidência uma visão geral sobre o que está
acontecendo na Amazônia”, disse à BBC Brasil Beto Ricardo, coordenador-geral do
estudo e membro do ISA (Instituto Socioambiental), uma das principais
organizações ambientalistas do Brasil.
Ele explica que, embora haja muitos estudos sobre o desmatamento na
Amazônia brasileira, ainda não haviam sido feitas avaliações que incorporassem
as porções andina e guianense da floresta.
De acordo com o estudo, a presença de estradas na Amazônia está
associada à exploração ilegal de madeira, ao avanço de atividades agropastoris
e a grandes projetos de infraestrutura e urbanização.
A Raisg diz que a pressão exercida por estradas na Amazônia aumenta à
medida que avança a IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura
Regional Sul-Americana), empreendimento conjunto de governos da região.
Parte das iniciativas busca ligar áreas habitadas da Amazônia brasileira
a portos no Pacífico, facilitando o escoamento de produtos.
A expansão da pecuária e da produção agrícola, informa a Raisg, também
está entre as maiores ameaças à floresta e a seus habitantes.
No caso da Amazônia brasileira, 93% das terras exploradas pela
agropecuária são ocupadas por fazendas de gado com pastagens onde se cria, em
média, 0,9 boi por hectare, quando técnicas intensivas permitem elevar tal
proporção a até dez bois por hectare.
Petróleo e mineração
Outras atividades que ameaçam a floresta, segundo o estudo, são a
exploração de petróleo e gás e a mineração.
Segundo a Raisg, entre os principais impactos ligados à extração de petróleo estão a poluição da água e do ar, a contaminação do solo e a destruição de ecossistemas naturais.
Segundo a Raisg, entre os principais impactos ligados à extração de petróleo estão a poluição da água e do ar, a contaminação do solo e a destruição de ecossistemas naturais.
A organização avalia que há 327 lotes com potencial de exploração de
petróleo e gás em toda a floresta, que ocupam 15% de sua área.
Cerca de 80% dos lotes se encontram na Amazônia Andina, onde vive metade
dos 385 povos indígenas da região. No Brasil, os lotes ocupam 3% da porção
nacional da floresta.
O estudo aponta que, no Acre, estão em curso estudos para a exploração
de petróleo ou gás em áreas próximas a nove territórios indígenas e seis
unidades de conservação.
Já uma porção ainda maior da Amazônia – 21% – é considerada área de
interesse para a mineração.
Em metade desse território, exploradores aguardam licença para operar,
enquanto em 30,8% das terras já existem trabalhos em curso.
A Raisg afirma ainda que, no Brasil, dois fatores podem “incentivar” a
mineração na Amazônia: a eventual aprovação de um projeto de lei que
autorizaria a exploração em terras indígenas e a construção de hidrelétricas em
rios da região.
As hidrelétricas, aliás, são apontadas pelo estudo como outra grande
ameaça à região. Segundo a entidade, há em toda a Amazônia 171 hidrelétricas em
operação ou construção e 246 planejadas ou em estudo.
Panorama
Segundo a Raisg, a Amazônia é habitada por cerca de 33 milhões de
pessoas, espalhadas por 1.497 municípios. As maiores porções da floresta se
encontram no Brasil (58,1%), Peru (13,1%) e Colômbia (8%), seguidos por
Venezuela (6,9%), Bolívia (5,7%), Guiana (2,6%), Suriname (2,4%), Equador
(1,7%) e Guiana Francesa (1,5%).
A pesquisa estima que, hoje, 45% da Amazônia é ocupada por terras
indígenas (TI) ou áreas nacionais de proteção (ANP). Nesses locais, a Raisg diz
que os níveis de desmatamento e outros impactos ambientais são expressivamente
menores.
“Os resultados apresentados sustentam o importante papel que as ANP e TI
vêm cumprindo como desaceleradores ou contentores dos processos de perda de
floresta em cada país e na Amazônia em conjunto”. (portalamazonia)
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