Em 9 países, floresta amazônica perdeu 240 mil km2 de
2000 a 2010
Número é de rede de ONGs que levantou dados do Brasil e vizinhos.
Ambientalista diz que Amazônia pode sofrer mais com ‘novas
ameaças’
Entre 2000 e 2010, a floresta
amazônica, distribuída por nove países da América do Sul, perdeu o total de 240
mil km² devido ao desmatamento, o equivalente a uma Grã-Bretanha, de acordo com
dados reunidos pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental
Georreferenciadas (RAISG), divulgados nesta terça-feira (4) por 11 organizações
não governamentais.
É como se, em 11 anos, “sumisse do
mapa” área equivalente a quase seis vezes o tamanho do estado do Rio de
Janeiro. Os números fazem parte do documento “Amazônia sob pressão”, que reúne
informações sobre a degradação registrada ao longo da última década na região
englobada pelo bioma.
O documento reuniu dados oficiais
de governos que detêm partes da Amazônia. No caso do Brasil, foram usados dados
do sistema conhecido como Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento
na Amazônia Legal), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
responsável por divulgar anualmente a taxa de devastação do bioma no Brasil.
O relatório mensura ainda possíveis
ameaças à floresta, que passa por uma acelerada transformação devido a obras de
infraestrutura como hidrelétricas, estradas, além de atividades ilegais como a
mineração.
Com isso, segundo a publicação, o
ritmo atual de implantação desses tipos de empreendimentos poderia causar, nos
próximos anos, o desaparecimento de até metade da selva amazônica atual, que
cobre uma extensão de 7,8 milhões de km², cerca de 12 macrobacias, compartilhadas
por 1.497 municípios.
“A Amazônia está fortemente
inserida num processo de degradação, fragmentação e supressão. Nos últimos 50
anos, uma combinação de novas formas de ocupação tem suprimido essa paisagem
por outra, mais seca que homogênea”, explica Beto Ricardo, da ONG Instituto
Socioambiental (ISA), coordenador da rede amazônica que elaborou a pesquisa.
Garimpo ilegal localizado no meio da floresta amazônica, na Venezuela. A
imagem foi feita em 17/11/2012 durante sobrevoo sobre a região.
Ameaças e pressões
De acordo com o levantamento, todas as sub-bacias amazônicas foram
afetadas por algum tipo de ameaça ou pressão - construção de estradas,
exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, implantação de
garimpos para mineração, desmatamento e queimadas.
Sobre a construção de estradas, o
documento afirma que planos para conectar os oceanos Atlântico ao Pacífico
aceleram a pressão sobre a Amazônia, e que o Peru e a Bolívia são os países que
detêm o maior número de rodovias construídas no meio da floresta.
O relatório aponta também que em
toda a Amazônia existem 171 hidrelétricas em operação ou em desenvolvimento,
além de 246 projetos em estudo. No caso da mineração, as zonas de interesse
somam 1,6 milhão de km² (21% do território do bioma), em especial na Guiana.
Sobre a exploração de petróleo e gás, atualmente existem 81 lotes sendo
explorados, mas há outros 246 que despertam interesse da indústria petrolífera.
Referente às queimadas, o relatório
das ONGs diz que o sudeste da Amazônia, entre o Brasil e a Bolívia, concentra a
maior quantidade de focos de calor -- a região recebe o nome de "arco do
desmatamento". Esta faixa territorial vai de Rondônia, passando por Mato
Grosso, até o Pará.
Imagem de 2010 mostra lote de madeira ilegal
confiscado em Belém, no Pará
Brasil é líder na degradação do bioma
O relatório computou dados da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Entre 2000 e 2010, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).
“Apesar dos dados de queda no desmatamento divulgados recentemente pelo governo, o Brasil é o país com maior passivo amazônico, especialmente por conta das estradas e da pecuária extensiva de baixa produtividade, apoiada em milhões de hectares de pastos degradados”, explica Ricardo.
Entre 2000 e 2010, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta.
Na última semana, o Ministério de Meio Ambiente divulgou que o desmatamento da Amazônia Legal registrou o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.
De acordo com dados do Prodes, entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
Segundo o coordenador da rede amazônica, a degradação no bioma só não é maior graças às unidades de conservação e terras indígenas, que conseguem "frear" a tendência de desmate. "No entanto, elas não resistirão por muito tempo", acredita.
Ele afirma que, com o sistema, deverão ser implantadas rotinas de monitoramento das possíveis pressões e ameaças ao bioma, com o objetivo de aprimorar os dados de degradação de países que não têm um sistema rotineiro de observação, diferentemente do Brasil. "Queremos interagir com outras redes panamazônicas, disponibilizar informações e mobilizar as sociedades civis, além de interagir com os governos", disse Beto Ricardo. (g1)
Brasil é líder na degradação do bioma
O relatório computou dados da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Entre 2000 e 2010, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta (80,4%), seguido do Peru (6,2%) e Colômbia (5%). A quantidade é proporcional à área de floresta englobada pelo país (uma participação de 64,3% no território amazônico).
“Apesar dos dados de queda no desmatamento divulgados recentemente pelo governo, o Brasil é o país com maior passivo amazônico, especialmente por conta das estradas e da pecuária extensiva de baixa produtividade, apoiada em milhões de hectares de pastos degradados”, explica Ricardo.
Entre 2000 e 2010, o Brasil foi o principal responsável pela degradação da floresta.
Na última semana, o Ministério de Meio Ambiente divulgou que o desmatamento da Amazônia Legal registrou o menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.
De acordo com dados do Prodes, entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve a perda de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo. O índice é 27% menor que o total registrado no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²).
Segundo o coordenador da rede amazônica, a degradação no bioma só não é maior graças às unidades de conservação e terras indígenas, que conseguem "frear" a tendência de desmate. "No entanto, elas não resistirão por muito tempo", acredita.
Ele afirma que, com o sistema, deverão ser implantadas rotinas de monitoramento das possíveis pressões e ameaças ao bioma, com o objetivo de aprimorar os dados de degradação de países que não têm um sistema rotineiro de observação, diferentemente do Brasil. "Queremos interagir com outras redes panamazônicas, disponibilizar informações e mobilizar as sociedades civis, além de interagir com os governos", disse Beto Ricardo. (g1)
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