Desmatamento da Amazônia gera mais CO2 que o total de carros do país, diz Imazon
Mesmo com o registro
de queda recorde no desmatamento da Amazônia Legal deste ano, os efeitos da
destruição da mata persistem, como a emissão de CO2, afirma Paulo
Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon). Em uma estimativa apresentada ao G1, o pesquisador avalia que o
desmate entre 2011 e 2012 tenha levado à liberação de 245,3 milhões de
toneladas de CO2 no ar, mais que o dobro de todas as emissões do gás
por carros e veículos de passeio leves (121,6 milhões de toneladas) no Brasil
no mesmo período.
Barreto fez o cálculo
com base no monitoramento anual feito pelo Instituto Nacional de pesquisas
Espaciais (INPE), que indica que de agosto de 2011 a julho de 2012 houve o
desmatamento de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o
tamanho da cidade de São Paulo. Os dados foram divulgados pelo Ministério do
Meio Ambiente no fim de novembro.
O tamanho do
desmatamento é 27% menor que o registrado anteriormente, no período entre
agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²). Foi a menor taxa desde que o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) começou a fazer a medição, em
1988. Além do Prodes, Barreto levou em conta previsões do
Imazon sobre a emissão de CO2 por km² de floresta
destruída e dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de outubro
de 2012, que apontam a existência de 41,9 milhões de carros e veículos leves no
país. O levantamento foi apresentado no 6º Encontro do Fórum Amazônia
Sustentável, realizado na última semana em Belém (PA).
O pesquisador afirma
que o cálculo das emissões por veículos desconsiderou que existem carros
movidos a álcool e outros combustíveis que não gasolina, o que indica que o
valor relativo aos veículos está superestimado. Foram desconsiderados caminhões
e motos. “Se você incluir o etanol, a comparação seria ainda pior para o lado
do desmatamento”, pondera. Barreto diz ter feito a conta “considerando, em
média, que eles [os veículos] rodam 30 mil km por ano”. Em média, cada veículo
emite 2,9 toneladas de CO2 equivalente, levando em conta apenas os
movidos a gasolina, de acordo com os cálculos do pesquisador.
Milhões de árvores
Barreto estima ainda
que, no período avaliado (de agosto de 2011 a julho de 2012), foram derrubadas
232,8 milhões de árvores na Amazônia – o que equivale a cortar mais de uma
árvore por habitante do país. Além disso, foram afetados pelo desmatamento
cerca de 8,3 milhões de aves e 270 mil macacos, segundo Barreto. Para chegar ao
número de animais atingidos, o pesquisador disse ter usado previsões que
constam em um estudo do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Comemorar, mas nem
tanto
Segundo o governo federal, a
estimativa de 4.656 km² de desmatamento indicada pelo Prodes possui margem de
erro de 10%, e os dados finais do levantamento devem ser divulgados no próximo
ano.
As informações do Prodes
consolidam dados coletados ao longo de um ano por satélites capazes de detectar
regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares. São computadas apenas áreas onde
ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada
corte raso.
Desmatamento por estados
Dados do INPE apontam que, no
período avaliado, o Pará foi o estado que mais desmatou a Amazônia. Em um ano,
foi responsável por devastar mais de um terço da área desmatada registrada pelo
sistema Prodes (1.699 km²).
Mato Grosso foi o segundo estado
que mais devastou a floresta (777 km²), seguido de Rondônia (761 km²), Amazonas
(646 km²), Acre (308 km²) e Maranhão (267 km²). Completam a lista Roraima (114
km²), Tocantins (53 km²) e Amapá (31 km²).
De acordo com o IBAMA, entre
agosto de 2011 e julho de 2012 foram registrados 3.456 autos de infração na
região da Amazônia Legal. (EcoDebate)
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