Em dez
anos foi desmatada uma área equivalente ao Reino Unido, revela o atlas
'Amazônia sobre Pressão'; 80% do desmate ocorreu no Brasil.
Apesar
da redução do desmatamento no Brasil, a Floresta Amazônica continua a
desaparecer do mapa em ritmo alarmante no continente. Em dez anos, de 2000 a
2010, a Amazônia perdeu cerca de 240 mil quilômetros quadrados de cobertura
florestal, uma área do tamanho do Reino Unido e pouco menor que o Estado de São
Paulo. Oitenta por cento desse desmatamento ocorreu no Brasil, que tem - de
longe - a maior área de floresta do continente (62%).
Caminhão
com madeira na Transamazônica, no PA
Os
dados são do atlas Amazônia sob Pressão, publicado em 04/12/12, pela Rede
Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (Raisg), formada por
11 organizações dos 9 países amazônicos -Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador,
Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Periodicamente, a Raisg
publica mapas, gráficos e tabelas com dados detalhados sobre o desenvolvimento
- e a destruição - da região.
O
desmatamento acumulado na década corresponde a 4,5% da área de floresta que
estava de pé até o início do século (68,8 milhões de km²).
O
Brasil foi o país que mais desmatou, mas também o que combateu o desmatamento
com mais eficiência nos últimos cinco anos do período (2005-2010), em que a
taxa anual de desmate caiu de 19 mil para 7 mil km². Mais recentemente, no
período 2011-2012, o índice caiu ainda mais, para cerca de 4,6 mil km² - a taxa
mais baixa já registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
desde 1988.
"Tudo
o que o Brasil faz tem enorme influência nos outros países amazônicos",
diz o coordenador-geral do Raisg, Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental
(ISA). Nesse sentido, o País tem dado um bom exemplo com seus sistemas de
monitoramento via satélite. Ao mesmo tempo, dá sinais preocupantes com a
ocupação desordenada e predatória da floresta e com as discussões do Código
Florestal.
O
balanço geral do atlas é preocupante, apesar de 45% da região estar coberta por
unidades de conservação e terras indígenas (comparado a 41% em 2009). Segundo
Ricardo, as ameaças à floresta "têm aumentado exponencialmente".
"O
famoso arco do desmatamento na fronteira leste da Amazônia brasileira se juntou
ao das terras baixas da Amazônia boliviana. Em cima disso, temos o arco dos
interesses pela exploração de petróleo, gás e hidrelétricas nos países andinos.
Além do enorme volume de interesses de mineração sobreposto a várias áreas
protegidas", diz ele. Segundo o atlas, há 171 hidrelétricas em operação na
Amazônia e 246 projetadas ou em estudo.
(OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário