O Oceano Ártico (a
física, a química e processos biológicos) é bastante diferente dos outros
oceanos espalhados ao redor do planeta. Começa pelo bloco de gelo que cobre o
Oceano Ártico durante boa parte das estações, notadamente no inverno (bastante
longo) quando praticamente não recebe luz solar. Esta cobertura ou placa de
gelo reduz a troca de energia entre a atmosfera e o oceano em cerca de 100
vezes. E esta placa de gelo impede a fotossíntese no oceano e impede também os
efeitos que o vento (circulação de ar) ocasiona na superfície de um oceano.
Outro detalhe: chove (precipitação de água) 10 vezes mais que a quantidade água
evaporada.
Outra característica
diferenciada: os mares que circundam os continentes no pólo norte são muito
rasos e se ligam às bacias profundas e geladas livremente e quase que
abruptamente. A plataforma continental no lado do continente americano (parte
mais rasa) é em média de 40 km, enquanto a plataforma continental no lado
continente euro-asiático se estende por centenas de quilômetros, com muitas
penínsulas e ilhas dividindo-o em cinco principais mares marginais: o Chukchi,
Sibéria Oriental, Laptev, Kara e Barents.
Estes mares marginais
ocupam 36 por cento da área do Oceano Ártico, mas contêm somente 2 por cento do
seu volume de água. Com exceção do Rio Mackenzie do Canadá e do rio Colville do
Alasca, todos os demais rios desaguam nestes mares marginais rasos. A
combinação de grandes mares marginais, com uma proporção elevada de superfície
exposta ao volume total, mais entradas de grandes de água fresca no verão
(degelo dos rios da montanhas e dos glaciares, tanto terrestres como no Oceano
Ártico), influencia grandemente a superfície de água e as condições do Oceano
Ártico.
Muitos acreditam que
o Oceano Ártico pode ser considerado como um estuário do Oceano Atlântico. A
maior circulação de e para a Bacia do Ártico é através de um único canal
profundo, o Estreito de Fram, que fica entre a ilha de Spitsbergen e da
Groenlândia. Uma quantidade substancialmente mais pequena (cerca de um quarto
do volume) de água é transportado através dos mares de Barents e Kara e dos
arquipélagos de Canadá.
A saída para o Oceano
Atlântico das águas densas e geladas do Oceano Ártico é de grande importância e
promove a circulação termoalina (termohalina ou termosalina) em grande escala e
mantém o equílibrio da temperatura média dos oceanos com um impacto
potencialmente profundo sobre as condições climáticas do planeta. Águas quentes
do Oceano Atlântico que entram na Groenlândia / Islândia / Noruega mergulham
mar abaixo quando eles se encontram as águas mais frias e água doce do norte
(menos salina, menos densa), somado ao gelo flutuando e a atmosfera mais fria,
produz as águas profundas do Atlântico Norte, que circulam nos oceanos do
mundo.
De modo geral, as
águas do Oceano Ártico são frias e as variações de densidade são determinadas
pela salinidade (as águas do Oceano Ártico são pouco salinas). E as águas do
Oceano Ártico tem um sistema de duas camadas: uma camada superficial fina e
menos densa é separada por um forte gradiente de densidade, chamado de
picnoclina ou haloclina (camada ou capa superficial de água) a partir do corpo
principal de água, que é de densidade bastante uniforme. Isto restringe o
movimento convectivo (circulação) no picnoclina e a transferência vertical de
calor e sal, e, portanto, a camada de superfície funciona como uma tampa sobre
as massas maiores de água mais quente abaixo.
Nestas condições as
águas do Oceano Ártico podem ser classificada em três grandes massas e uma
massa menor:
1. A água que se
estende desde a superfície até uma profundidade de cerca de 200 m é a mais
heterogênea (apresenta variadas composições de temperatura e salinidade e por
extensão de densidade), devido ao calor latente de congelação e descongelação;
adição de salmoura (sal) a partir do processo de congelação de gelo (quando a
água se congela o sal não se congela com a água, fica fora do gelo, daí o gelo
ser água potável), adição de água doce por rios, derretimento do gelo, precipitação,
grandes variações de insolação (radiação, entenda-se taxa ou quantidade de
entrega de energia solar) e do fluxo de energia, como um resultado da cobertura
de gelo do mar. A temperatura da água pode variar ao longo de um intervalo de
(4°C) e salinidade em torno de 28-34 gramas de sal por kg de água do mar (28-34
partes por mil).
2. A uma profundidade
de cerca de 650 a 3.000 metros a água mais quente do Atlântico enquanto esfria,
torna-se tão densa que desliza abaixo da camada de superfície, ao entrar na
bacia do Ártico. A temperatura da água é cerca de (1°C a 3°C), e no momento em
que se espalha para o Mar de Beaufort, tem uma temperatura máxima de (0,5°C a
0,6°C). Lembrando que a salinidade da camada das águas do Oceano Atlântico
varia entre 34,5 e 35 partes por mil.
3. A camada de água
do fundo Ártico se estende abaixo da camada do Atlântico ao fundo do oceano,
sendo mais frio do que a água do Atlântico (abaixo de 0°C), mas tem a mesma
salinidade.
4. A água do
Pacífico, mais quente e mais fresca, entra na Bacia Amerasia mas não na Bacia
Eurásia, misturando-se com a água mais fria e mais salina no mar de Chukchi,
onde sua densidade permite que ela flua como uma cunha entre as águas do Ártico
e Atlântico. Quando a água do Pacífico alcança a Bacia do Canadá, tem uma gama
de temperatura de -0,5°C a -0,7°C e salinidade entre 31,5 e 33 partes por mil.
As águas menos
profundas, mais superficiais, do Ártico são levados pelo vento e por diferenças
de densidade, sendo seu movimento conhecido pela deriva do gelo, girando sempre
no sentido horário (movimento circular) e este movimento atualmente demora dez
anos para ser completado. O movimento nas águas bem profundas ainda não é bem
conhecido. (EcoDebate)
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