ONGs pedem ação contra mudanças climáticas.
Foi discreta, mas
histórica. Em 01/12/12 pela manhã, ONGs de ambientalistas, mulheres e
organizações sindicais, tanto do Oriente Médio quanto internacionais, e o
recém-nascido Movimento Climático da Juventude Árabe (AYCM) saíram em marcha para
pedir uma ação urgente dos países presentes na COP-18 a fim de evitar as
mudanças climáticas. Pela primeira vez na história recente do país a realização
de uma manifestação pública foi permitida.
A autorização e o
anunciado apoio do governo ao protesto chegaram a deixar no ar uma sensação de
que seria uma passeata "chapa branca" - ainda mais depois que um dos
líderes do evento, o consultor Khalid Al Monhammid, da ONG Doha Oasis, disse
que a marcha foi possível porque o Catar é um país com liberdade de expressão.
Mas, na hora da festa, o tom foi crítico como era esperado que fosse. A
mensagem principal era: árabes, reduzam as suas emissões e assumam a liderança
na mudança.
Durante uma hora e
meia, cerca de mil participantes andaram por 2,5 quilômetros da Avenida Al
Corniche, uma das regiões mais suntuosas da capital, cercada de um lado pelo
Golfo Pérsico e do outro por arranha-céus modernosos. Clamaram quase o tempo
todo frases como: "Líderes árabes, é hora de liderar"; "Sua ação
é a nossa sobrevivência"; "Ação climática agora"; e "Nosso
futuro está suas mãos", entre outras.
A bióloga marinha
Reem al Mealla, de 24 anos, uma das criadoras da AYCM, era uma das líderes da
marcha. Contou que só foi saber das mudanças climáticas quando foi fazer
faculdade em Londres. No Bahreim, país vizinho onde nasceu, boa parte das
escolas não traz o assunto no currículo. "Queremos ver mudanças e acho que
é encorajador que a COP-18 esteja ocorrendo no Catar, apesar das emissões per
capita. É a chance de assumirmos uma meta voluntária de reduções."
Ao final da marcha,
Fahad Bin Mohammed Alattiya, porta-voz do governo na conferência do clima,
apareceu no ponto de dispersão e falou aos participantes. Disse esperar que
eles sejam ouvidos pelos delegados.
Participação. Só
faltou audiência, afinal em Doha não se vê muitas pessoas andando a pé, mesmo
com o calçadão à beira-mar. Mas os trabalhadores da construção civil das obras
vizinhas pararam para ver. Migrantes em sua maioria, não têm autorização para
participar de eventos assim. No meio dos pedidos da marcha, porém, eles estavam
representados. Por mais segurança nas condições de trabalho e direitos humanos.
(OESP)
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