Levantamento
da SOS Mata Atlântica em 21 cidades mostra que, dos 30 rios avaliados, nenhum estava
em situação satisfatória.
A
análise de 30 rios localizados nas Regiões Sudeste e Nordeste mostra a situação
preocupante da gestão hídrica no País. Divulgado ontem, no Dia Internacional da
Água, o levantamento da SOS Mata Atlântica não encontrou nenhum rio, córrego ou
lago em 21 cidades visitadas no ano passado em situação satisfatória: 21 foram
considerados de qualidade regular e outros 9, classificados como ruins.
A ação
é parte do projeto A Mata Atlântica é aqui, exposição itinerante que passou por
municípios de nove Estados brasileiros entre janeiro e dezembro de 2012. Entre
as três dezenas de rios avaliados, 26 foram analisados pela primeira vez pelo
projeto. Dos quatro rios avaliados em outros anos, três pioraram seus índices e
um manteve a mesma classificação.
A
avaliação englobava 14 parâmetros físico-químicos, que incluem transparência da
água, quantidade de lixo e odor. Dessa forma, a qualidade da água era avaliada
segundo cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a
28 pontos), regular (de 29 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima
de 40 pontos).
Três
locais tiveram a pior avaliação, com 23 pontos: o Córrego Bussocaba, em Osasco,
na foz do Rio Tietê, o Rio Grande, no Rio, e o Rio Salgadinho, em Maceió.
Segundo Romilda Roncatti, coordenadora da exposição itinerante, o fato de a
maior parte (70%) dos rios estar em situação regular não diminui a preocupação.
"Independentemente
de ser regular ou ruim, todos são preocupantes. Os rios de qualidade regular
são bastante poluídos e os ruins não têm nenhuma condição de uso pela
população", explica. "Temos de voltar os olhos para as águas de nosso
País, especialmente na questão do saneamento básico."
Especialmente
nos locais que tiveram a pior avaliação, explica Roncatti, a principal
agravante era o despejo de esgoto doméstico. "É preciso investir em
infraestrutura para que o esgoto não vá direto para o rio. Percebemos ainda que
muita gente tende a olhar o rio como um lixão, que leva os resíduos para longe.
É preciso mudar este olhar", afirma a coordenadora.
As
análises que tiveram o melhor resultado foram as do Rio Vaza-Barris, em
Aracaju, com 34 pontos, e do Rio Pratagy, em Maceió, com 33 pontos.
Esta é
a terceira vez que o levantamento anual, que não tem valor pericial, é
realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica. No ano passado, em uma avaliação
mais ampla, a análise de 49 rios de 11 Estados do Sudeste, Sul e Nordeste
constatou que 75,5% eram classificados como de qualidade regular, enquanto que
os 24,5% restantes tinham nível ruim.
"Esta
analise é meramente informativa e não confrontamos com dados de outras
instituições. Mas ela tem parâmetros corretos e tem servido para levar
informação às populações que vivem e dependem desses recursos hídricos",
afirma Roncatti.
Itinerante.
A análise dos rios é parte do projeto A Mata Atlântica é aqui, que seleciona a
cada ano diversas localidades que, no passado, foram cobertas por esse tipo de
floresta. Dois biólogos fixos, num caminhão-baú, escolhem um ponto nas cidades
visitadas para montar a central de informações. Com a ajuda de um monitor
local, é organizada uma programação de 15 dias de palestras, oficinas e debates
- com a participação de escolas, chegam a receber 80 crianças por hora.
Desde
maio do ano passado, o projeto percorre cidades litorâneas com o tema Nosso
verde também depende do azul. "Pela proximidade com o mar, as cidade de
praia deveriam ser mais conscientes, mas infelizmente não é o que temos
visto", lamenta Romilda. "O lixo doméstico muitas vezes é despejado
na própria praia." (OESP)
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