domingo, 7 de abril de 2013

Para combater as mudanças climáticas

De todas as grandes regiões do mundo, a Europa é a que mais tem se empenhado pela implementação de políticas destinadas a combater as mudanças climáticas causadas pela ação humana. No entanto, a pedra angular da abordagem europeia- um sistema de comercialização, com jurisdição sobre o continente inteiro, de direitos de emissão de gases que provocam o efeito estufa que causam as mudanças climáticas – está em apuros. Essa experiência sugere uma estratégia melhor para a Europa e o resto do mundo.
As histórias básicas das mudanças climáticas causadas pelo homem estão se tornando mais claras para o público mundial. Vários gases, entre eles o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, aquecem o planeta, à medida que crescem suas concentrações na atmosfera. Com o crescimento da economia mundial, também aumentam as emissões desses gases, acelerando o ritmo das mudanças climáticas causadas pelo homem.
O principal “gás estufa” é o dióxido de carbono. A maioria das emissões de CO2 resultantes da queima de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural – para geração de energia, cujo consumo mundial está aumentando à medida que a economia mundial cresce. Como resultado, estamos numa trajetória rumo a níveis muito perigosos de CO2 na atmosfera.
O petróleo é o principal combustível para transportes em todo o mundo. Carvão e gás são queimados para produzir eletricidade e fornecer energia à indústria. Como sustentar o progresso econômico mundial cortando drasticamente as emissões de carbono?
Vinte anos atrás, o mundo acordou uma redução drástica das emissões de CO2 e de outros “gases estufa”, mas pouco progresso foi feito. Em vez disso, o rápido crescimento das economias emergentes, especialmente da China, país que queima carvão, provocou uma disparada nas emissões mundiais de CO2.
Mudanças perigosas no clima já começaram. Se o mundo continuar em sua trajetória atual, as temperaturas no mundo terminarão subindo vários graus centígrados, provocando uma elevação dos níveis do mar, megatempestades, severas ondas de calor, enormes perdas de colheitas, secas extremas, enchentes e uma perda acentuada de biodiversidade.
Mudar o sistema energético mundial é um grande desafio. O petróleo é o principal combustível para transportes em todo o mundo. Carvão e gás são queimados em enormes e crescentes quantidades para produzir eletricidade e fornecer energia à indústria. Como podemos, então, sustentar o progresso econômico mundial cortando drasticamente as emissões de carbono?
Existem essencialmente duas soluções, mas nenhuma delas foi implantada em larga escala. A primeira é o aproveitamento em massa de fontes de energia renováveis em lugar de combustíveis fósseis, especialmente de energia eólica e energia solar. Alguns países vão também continuar a usar a energia nuclear. (A geração de energia hidroelétrica não emite CO2, mas há poucos lugares restantes no mundo onde ela pode ser expandida sem grandes custos ambientais ou sociais.)
A segunda solução é capturar as emissões de CO2 para armazenamento subterrâneo. Mas essa tecnologia, denominada captura e sequestro de carbono (CSC, ainda não foi comprovada em larga escala). De qualquer maneira, a CSC exigirá investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento antes de tornar-se viável.
O grande problema é a urgência. Se dispuséssemos de um século para mudar o sistema energético mundial, poderíamos nos sentir razoavelmente seguros. No entanto, precisamos completar a maior parte da “migração” para energia de baixo carbono até meados do século. Isso é extraordinariamente difícil, dado o longo período de transição necessário para reformar a infraestrutura energética do mundo, inclusive não apenas usinas geradoras de eletricidade, linhas de transmissão e sistemas de transporte, mas também casas e edifícios comerciais.
Poucas regiões econômicas têm feito muito progresso nessa transformação. Com efeito, os EUA estão agora investindo pesadamente em gás natural, sem reconhecer, ou se importar com, o fato de que a expansão acelerada de sua exploração de gás de xisto, com base em nova tecnologia de fraturamento hidráulico, provavelmente tornará as coisas piores.
Mesmo que a economia americana migre do carvão para o gás natural, o carvão americano provavelmente será exportado para uso em outras partes do mundo. De todo modo, o gás natural, embora um pouco menos intensivo em geração de carbono do que o carvão, é também um combustível fóssil; sua queima causará danos inaceitáveis ao clima.
Somente a Europa tentou seriamente reduzir as emissões de carbono, criando um sistema1 que exige de cada emissor industrial que obtenha uma autorização para gerar cada tonelada de emissões de CO2. Como essas licenças são comercializadas a preços de mercado, as companhias têm interesse em reduzir suas emissões, impondo que comprem menos licenças ou permitindo-lhes vender licenças de que não necessitam embolsando um lucro.
O problema é que o preço das licenças no mercado despencou, em meio à desaceleração econômica europeia. As licenças que costumavam ser vendidas por mais de US$ 30 por tonelada antes da crise agora são negociadas por menos de US$ 10. A esse preço baixo, as empresas têm pouco interesse em reduzir suas emissões de CO2 – e pouca fé em que um mercado baseado em interesses retornará. Como resultado, grande parte da indústria europeia continua no caminho energético usual, enquanto a Europa tenta liderar o mundo nessa transformação.
Mas há uma estratégia muito melhor do que as licenças comercializáveis. Cada região do mundo deveria adotar um imposto sobre as emissões de CO2 que comece hoje em nível baixo e aumente gradual e previsivelmente no futuro.
Parte da receita fiscal deveria ser canalizada para subsídios a novas fontes de energia de baixa geração de carbono como energias eólica e solar, e para cobrir os custos de desenvolvimento de CSC. Esses subsídios poderiam começar em níveis relativamente elevados e diminuir gradualmente ao longo do tempo, à medida que o imposto sobre emissões aumentasse e que os custos das emissões de CO2 subissem e que os custos de novas tecnologias de geração de energia caíssem devido ao acúmulo de experiência e de inovações.
Com um sistema de longo prazo e previsível de impostos e subsídios envolvendo a geração de carbono, o mundo se moveria sistematicamente rumo à geração de energia com baixa produção de carbono, maior eficiência energética e CSC. O tempo é escasso. A necessidade de todas as grandes regiões do mundo adotarem políticas energéticas práticas e previdentes é mais urgente do que nunca. (EcoDebate)

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