Durante a maior parte dos 200 mil anos de história do Homo
Sapiens o crescimento populacional foi lento. Segundo dados históricos de Angus
Maddison, a população mundial era de 226 milhões de habitantes no ano 1 da era
Cristã e gastou mais de um milênio e meio para dobrar de tamanho.
A população mundial chegou a 438 milhões de habitantes em
1500 e passou para 556 milhões em 1600, com um crescimento de 118 milhões de
habitantes no século XVI. No século seguinte o crescimento foi menor, pois o
acréscimo foi de apenas 47 milhões de habitantes. A população mundial chegou a
603 milhões de habitantes em 1700 e atingiu um bilhão de habitantes por volta
de 1800. Houve um acréscimo de 397 milhões de pessoas no século XVIII. No
século XIX houve um acréscimo de 563 milhões de habitantes no mundo.
O crescimento demográfico que era lento, se acelerou depois
da Revolução Industrial e Energética e entrou em um ritmo exponencial no século
XX, quando a população do globo aumentou cerca de 4 vezes, passando de 1,56
bilhão de habitantes em 1900 para 6,1 bilhões de habitantes no ano 2000, um
acréscimo de 4,5 bilhões de pessoas em apenas 100 anos.
O ritmo de crescimento demográfico se desacelerou no século
XXI, mas como o volume populacional já era elevado, houve um acréscimo de 1
bilhão de habitantes somente entre 2000 e 2011. A Divisão de População da ONU
estima, na projeção média, que a população mundial alcance 10,9 bilhões de
habitantes em 2100. Se esta projeção se confirmar, o século XXI terá o maior
acréscimo absoluto no volume populacional de todos os tempos, com um aumento de
4,8 bilhões de habitantes entre 2000 e 2100.
Cabe então a pergunta: o mundo já ultrapassou o tamanho
ótimo e entrou numa fase de superpopulação?
Não existe consenso entre os demógrafos sobre o “tamanho
ótimo” da população. Mesmo porque é preciso saber ótimo para quem? Para o
desenvolvimento econômico? Para a grandeza dos países? Para a grandeza das
religiões? Para a grandeza da própria humanidade? Ou para a preservação da
biodiversidade, dos ecossistemas, das demais espécies e da saúde do Planeta?
O ambientalista Dave Foreman, por exemplo, no livro “Man
Swarm and the Killing of Wildlife” (O enxame de gente e a matança de animais
selvagens) considera que a população humana já ultrapassou todos os limites do
Planeta e propõe uma redução de 70% no número de pessoas na Terra para dar
espaço a grandes áreas convertidas em reservas para a biodiversidade e os
grandes mamíferos (rewilded). Ele considera que em defesa da vida selvagem a
população mundial deveria voltar para a casa de 2 bilhões de pessoas. Ele
propõe também políticas de restrição à migração.
Evidentemente as ideias de Foreman não representam o
pensamento majoritário da sociedade e muito menos as recomendações consensuadas
nos acordos mundiais. A Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento (CIPD) realizada na cidade do Cairo, em 1994, coloca como meta
a necessidade da estabilização da população mundial. Mas não definiu quando e
em que nível.
O fato é que a população mundial vai continuar crescendo
pelo menos até 2050, em decorrência da “inércia demográfica”. Todavia, pode ser
que a estabilização demográfica seja alcançada na segunda metade do século XXI
ou na primeira metade do século XXII.
Por conta disto, é preciso cuidar para que o “enxame de
gente” não faça desaparecer os enxames de abelha, que são fundamentais para a
polinização das plantas e para o florescimento da vida animal na Terra. Ao
contrário dos humanos, as abelhas possuem uma relação simbiótica com a
natureza, pois, ao se alimentar do polem de planta em planta, elas garantem a
reprodução das mesmas.
Quanto mais abelhas houver no mundo, melhor para o meio
ambiente. O mesmo não se pode dizer da espécie humana que, na prática, não
conhece o que é simbiose e tem uma relação de exploração e dominação que
provoca a degradação da natureza. Historicamente, o progresso humano tem se
dado às custas do regresso ambiental.
É neste sentido que surgem propostas como a
“RewildingEuropa”que quertornar a Europaum lugarmais selvagem,com muito mais
espaço para os processos da vida natural, trazendo de volta a variedade de vida
e incrementando a biodiversidade. Cresce o número de pessoas que defendem a
ideia de que o mundo precisa ficar mais selvagem (com maior biodiversidade) e
menos degrado pelos humanos (Rewilding the World – Reselvagerizar o mundo). Na
mesma linha, o The Rewilding Institute
tem como missão promover ideias e estratégias para avançar na conservação da
vida selvagem. O homo sapiens
tem sido o superpredador da Terra e não tem rival na cadeia alimentar. Só ele
mesmo pode se autolimitar e garantir espaço para as demais formas de vida do
Planeta. (EcoDebate)
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