Tecnologia na produção
agrícola brasileira foram destaque no Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos
para o Futuro Sustentável.
Até 2050, estima-se que a
população mundial alcance o número de 9 bilhões. Com isso, torna-se um desafio
alimentar todas essas pessoas. Para a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), idealizadora do chamado Desafio 2050, o Brasil
terá papel fundamental contra a fome, contribuindo com até 40% do crescimento
na produção global de alimentos até 2050.
O País é um dos 40 países que
já alcançaram a meta estabelecida em 1996 de reduzir pela metade a proporção de
pessoas com fome até 2015, e, por isso, tem o papel tanto de liderar o
fornecimento de alimento ao mundo, além de transferir tecnologias para a África
Subsaariana e outras regiões do hemisfério sul.
Para alcançar o Desafio 2050,
deve-se partir do “pleno entendimento de que crescimento econômico, progresso e
sustentabilidade não são conceitos antagônicos”, ressaltou o presidente da
Embrapa, Maurício Lopes, durante o 5º Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos
para o Futuro Sustentável, realizado na última quinta-feira (10). O evento
marcou o início da Semana Mundial da Alimentação, que mobilizou a Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Embrapa, a Associação
Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e a Associação Brasileira do Agronegócio
(Abag).
A agenda de prioridades
também deve incluir defesa vegetal para lidar com o risco maior de disseminação
de pragas e doenças, combate às perdas e ao desperdício de alimentos, e a
aplicação de biotecnologia e agricultura de precisão para compensar a fadiga dos
métodos tradicionais. “Processos de melhoramento tradicionais geram ganhos de
produtividade cada vez menores”, destacou Lopes.
Ao justificar a razão do
Brasil ser fundamental para garantir a segurança alimentar mundial nas próximas
décadas, o agrônomo Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil, salienta que
o País “já mostrou capacidade de desenvolver tecnologias para os trópicos, tem
água em abundância, recursos humanos qualificados e disponibilidade de terra”.
O incremento da produtividade
agropecuária com sustentabilidade ambiental, no entanto, demanda bem mais do
que a adoção de novas tecnologias para o cultivo. Para Bojanic, as tecnologias
para terem efeito “precisam ser complementadas com infraestrutura, políticas
sociais e mudança cultural para romper com o tradicionalismo do
produtor”.
Para não decepcionar quem
aposta na capacidade do Brasil contribuir com 40% do crescimento na produção
global de alimentos até 2050, Lopes destacou também que se deve priorizar a
inteligência estratégica para antever o futuro, investir na geração de
conhecimento com atenção às ciências básica e aplicada, e ampliar o
relacionamento. “Governos e instituições não devem operar de forma isolada”,
comentou.
Tecnologia brasileira na
produção agrícola
O presidente da Embrapa
destacou a evolução da tecnologia brasileira na produção agrícola. “A decisão
de desenvolver uma agricultura baseada em ciência, nos anos 1970, fez o Brasil
sair de uma situação de dependência, alcançar a segurança alimentar e tornar-se
a esperança de equilibrar demanda e oferta”, disse.
“No passado estava tudo por
ser feito”, conta Lopes, para quem três aspectos importantes devem ser
ressaltados na revolução verde brasileira, que tirou o País da condição de
importador de alimentos: a transformação de solos ácidos em férteis,
notadamente no Cerrado; a adaptação de sistemas de produção animal e vegetal às
condições tropicais; e a plataforma de práticas sustentáveis como o plantio
direto, presente em 30 milhões de hectares, a fixação biológica de nitrogênio e
o controle biológico de pragas.
Quadro da fome
O crescimento populacional se
dá em regiões com baixo aporte tecnológico, o que torna a missão de reduzir o
contingente de 850 milhões de subnutridos no mundo ainda mais desafiadora. No
Brasil, a proporção de subnutridos em relação ao total da população decresceu
de 15% no período de 1990/92 para 6,9% em 2011/13, segundo a FAO. (brasil.gov.br)
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