Influência humana é principal causa do aquecimento global,
reitera o 5° relatório do IPCC
Relatório divulgado
em 27/09/13 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na
sigla em inglês) mostra que a influência humana no clima é a principal causa do
aquecimento global observado desde meados do século 20. O aumento das
temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente
mais quente, informa o Sumário para os Formuladores de Políticas do Grupo de
Trabalho 1 do IPCC.
“O relatório concluiu
que a temperatura da atmosfera e dos oceanos se elevou, a quantidade de neve e
de gelo diminuiu e que o nível do mar e de concentração de gases de efeito
estufa aumentou”, destacou um dos coordenadores do documento, Qin Dahe.
Segundo o texto, há
95% de probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da
Terra entre 1951 e 2010 tenham sido causadas pelo homem. Os gases de efeito
estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) no
período entre 1951 e 2010. “A continuada emissão de gases de efeito estufa vai
causar mais aquecimento e mudanças climáticas. Limitar a mudança climática vai
requerer substanciais e sustentadas reduções das emissões de gases de efeito
estufa”, disse Thomas Stocker, outro coordenador do documento.
O relatório ressalta
que, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a temperatura
global se elevar pelo menos 2ºC em comparação com o período entre 1850 e 1900.
“A mudança na temperatura da superfície da Terra no final do século 21 pode
exceder 1,5ºC no melhor cenário e, provavelmente, deve exceder 2ºC nos dois
piores cenários”, disse Stocker. Na pior das possibilidades, a temperatura pode
alcançar 4,8ºC até 2100.
Ele acrescentou que
ondas de calor muito provavelmente vão ocorrer com mais frequência e devem
durar mais tempo. “Com o aquecimento do planeta, esperamos ver regiões úmidas
recebendo mais chuvas e regiões secas recebendo menos chuvas, apesar de
existirem exceções”, disse o cientista.
O documento elaborado
por 259 cientistas de 39 países apresentado em Estocolmo, na Suécia, mostrou
que a elevação da temperatura dos oceanos até cem metros de profundidade pode
variar entre 0,6 ºC e 2 ºC até 2100. Além disso, devido ao aumento do degelo
dos glaciares, o nível do mar deve subir entre 26 a 55 centímetros considerando
o melhor cenário e, entre 45 a 82 centímetros, no pior cenário. O gelo do
Ártico pode diminuir até 94% durante o verão no Hemisfério Norte até 2100.
“Com o aquecimento
dos oceanos e a redução dos glaciares, o nível global dos mares vai continuar a
subir, mas em um ritmo mais rápido do que experimentamos nos últimos 40 anos”,
disse o pesquisador Qin Dahe.
De acordo com o
documento, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido
nitroso aumentaram para níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As
concentrações de dióxido de carbono subiram 40% desde a época pré-industrial
(desde 1750), principalmente devido às emissões provenientes da queima de
combustíveis fósseis. Segundo Stocker, como resultado das emissões passadas,
presentes e futuras de dióxido de carbono, a mudança climática é um fato. “Os
efeitos no clima vão persistir por muitos séculos mesmo que as emissões parem”,
concluiu o cientista.
O IPCC foi criado em
1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne milhares de cientistas de
diversos países. Já foram publicados quatro relatórios. A divulgação completa do
quinto documento, incluindo os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer até
2014. Nesta sexta-feira, foi lançado o documento do Grupo de Trabalho 1, que
trata dos aspectos científicos das mudanças climáticas. Os dados do IPCC
servirão de base para as negociações climáticas internacionais. (EcoDebate)
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