Participação do setor de energia em emissões de gás
carbônico dobra em cinco anos
A participação do setor de energia foi a que mais cresceu no
total das emissões de gás carbônico no país de 2005 a 2010, constatou o Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). Ao divulgar ontem (9) as estimativas
sobre o perfil das emissões de gás carbônico no período, o PBMC informou que a
produção de energia foi a responsável por 32% das emissões em 2010 contra 16%
do total de emissões em 2005 – aumento de 16 pontos percentuais.
“Até o último levantamento, em 2005, as emissões eram
basicamente concentradas no setor de florestas e nos usos da terra, ou seja,
estavam muito relacionadas às emissões oriundas do desmatamento. Já em 2010, a
gente percebe uma mudança nas emissões brasileiras. Passam a ter um peso maior
o setor de agricultura e o de energia, com a redução do desmatamento”, destacou
Mercedes Bustamante, uma das coordenadoras do PBMC e pesquisadora da
Universidade de Brasília (UnB).
Além do setor de energia, a agropecuária aumentou sua
participação na emissão brasileira de gás carbônico: de 20% em 2005 para 35% em
2010 – aumento de 15 pontos percentuais. O quesito usos da terra e florestas
diminuiu a participação no total de emissões, tendo caído de 57% em 2005 para
22% em 2010; processos industriais aumentou de 4% para 7%; e tratamento de
resíduos cresceu de 2% para 4%, todos na mesma base de comparação.
“Essa mudança implica que o Brasil tem de alterar a sua
estratégia de mitigação [das emissões] e começar a se concentrar também nesses
setores que vêm aumentando as suas emissões. Sobretudo agricultura, mas também
no setor de energia. Ou seja, a gente tem de repensar as estratégias
energéticas do Brasil”, analisou a professora.
O PBMC é um organismo científico que foi criado pelos
ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Meio Ambiente em 2009 e
conta com o trabalho de mais de 300 cientistas. O painel tem o objetivo de
auxiliar o governo no processo de formulação de políticas públicas e tomada de
decisões para o enfrentamento dos desafios que vierem a implicar as mudanças
climáticas. (EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário