Reduto de paulistanos, represa a 120 km da capital fica sem
água
Casas de veraneios às margens de reservatório em Joanópolis são
colocadas à venda e setor turístico é afetado.
Em Joanópolis, a
120 quilômetros de São Paulo, condomínios com casas de veraneio e pousadas que
funcionam como marinas para muitos paulistanos permaneceram vazios nos fins de
semana nos últimos dois meses. Nesta mesma época do ano passado, havia filas de
barcos para entrar na represa, cuja profundidade atingia até dez metros,
segundo relatos de quem vivia do turismo no município paulista.
Hoje, a mesma represa
virou uma imensa cratera de terra seca, com espinhas de peixes à mostra. No
alto dos morros onde a água chegava é possível ver atracadouros de madeira
antes usados por proprietários de lanchas e de jet skis. A Represa de
Joanópolis movimentava o turismo na região de Atibaia e sempre atraiu
paulistanos apaixonados por esportes náuticos desde os anos 1970.
Administrador do
Condomínio Represa da Serra, onde turistas endinheirados mantêm mansões com
barcos na garagem, Geraldo Cavalcanti afirma que até os proprietários mais
assíduos pararam de frequentar o lugar.
"A represa
tinha 10 metros de profundidade. Isso aqui lotava, eu ajudava a colocar mais de
30 barcos na represa por fim de semana. Jamais achei que isso aqui iria acabar.
Virou um deserto", diz Cavalcanti.
O canal por onde as
lanchas entravam secou por completo. O pouco de água que sobrou na parte mais
funda está sumindo com o assoreamento das margens - a terra seca desmorona dos
barrancos e contribui para a morte.
À venda
No condomínio Entre
Serras e Águas, a Represa de Joanópolis também secou. Muitos proprietários que
mantêm barcos nas casas do local colocaram seus imóveis à venda.
"Nunca tinha
visto a represa descer a esse ponto, de virar um terrão. O pessoal de São Paulo
sumiu", conta a administradora Silvia Rosa e Silva. "Não dá mais para
entrar com barco na represa. Não tem nem como chegar com o barco na parte onde
ainda tem água", diz ela.
Até setembro do ano
passado, segundo os administradores, ainda era possível nadar e andar de barco
na represa. Mas o reservatório formado com águas do Rio Jaguari não resistiu à
falta de chuvas nos meses de dezembro e janeiro.
"A água foi
baixando, mas achei que em janeiro viriam as chuvas e tudo voltaria ao normal.
Jamais na minha vida achei que fosse ver isso aqui virar mato", afirma o
mecânico de barcos Ronaldo Ferreira, de 60 anos, que está pensando em mudar de
ramo depois de quatro décadas de trabalho.
"Minha família
está passando necessidade, não tenho trabalho desde o ano passado. Em janeiro
eu sempre garantia o dinheiro até o meio do ano", conta o mecânico de
barcos de Joanópolis. Ele acrescenta: "Agora já estou pensando em ficar
sócio de um restaurante na (Rodovia) Fernão Dias". (OESP)
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