Proposta de Alckmin enfrenta resistência de lideranças políticas de
cidades que recebem água do Paraíba do Sul.
Os prefeitos das
cidades fluminenses dependentes do Rio Paraíba do Sul estão em estado de alerta
e se articulam para pedir, oficialmente, detalhes sobre o projeto paulista de
transposição de águas, que poderia prejudicar cerca de 15 milhões de pessoas.
Eles afirmam que nenhum outro rio tem vazão suficiente para suprir a demanda da
população e acreditam que o projeto de Geraldo Alckmin (PSDB) não será aprovado
pela Agência Nacional de Águas (ANA), tamanha a oposição de gestores do Rio e
do Vale do Paraíba, em São Paulo.
Crítico do projeto,
o vereador de Resende Luiz Fernando Pedra (PDT), líder do Comitê da Região das
Agulhas Negras, que inclui Quatis, Porto Real e Itatiaia, lembrou que Alckmin
se comprometeu a abandonar a ideia de transposição, que vem de 2008, já que ele
próprio é do Vale do Paraíba. "Já vimos uma grande redução da água com a
construção de termoelétricas em Queluz e Lorena. Toda a indústria depende do
Rio Paraíba do Sul e não temos um estudo técnico definitivo sobre impactos. São
Paulo não cuidou de seus rios no passado e agora, com a necessidade de
abastecimento, o Vale do Paraíba será afetado", afirmou Pedra.
O prefeito de Barra
do Piraí, Jorge Babo (PPS), disse que tentará inviabilizar o projeto, uma vez
que a cidade é extremamente dependente do rio. Uma estação de tratamento de
água está sendo construída no município: a partir de 2015, toda a água que
abastece Barra do Piraí será captada no Paraíba do Sul. Hoje, 20% da água é
proveniente do Rio Piraí, que tem baixa vazão. "Neste verão tivemos de
fazer uma manobra porque a represa do Piraí secou. Com a nova barragem, ele só
será usado em emergências."
Para o prefeito de
Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (PMDB), "a questão não pode ser
analisada pela esfera política e deve ser tratada de forma técnica". Ele
afirma que 100% da água da cidade sai do Rio Paraíba do Sul, situação
semelhante à de outros municípios.
Desenvolvimento
Embora a discussão
não seja nova, as cidades se surpreenderam com a postura de Alckmin. Em 2010,
representantes dos municípios abastecidos se mobilizaram em uma audiência
pública na Assembleia Legislativa do Rio e concluíram que não poderiam
prescindir da vazão atual, sob risco de desabastecimento.
"A preocupação
é antiga, pois pode prejudicar não só a população, mas o desenvolvimento",
disse Nelson Gonçalves (PSD), deputado que coordenou a discussão. "Agora
que o Arco Metropolitano do Rio (autoestrada no entorno da Região
Metropolitana) será inaugurado, empresas vão se instalar e poderão ser
afetadas. O Rio não tem alternativas." (OESP)
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