sexta-feira, 21 de março de 2014

Prefeitos cobram detalhes e temem desabastecimento

Proposta de Alckmin enfrenta resistência de lideranças políticas de cidades que recebem água do Paraíba do Sul.
Os prefeitos das cidades fluminenses dependentes do Rio Paraíba do Sul estão em estado de alerta e se articulam para pedir, oficialmente, detalhes sobre o projeto paulista de transposição de águas, que poderia prejudicar cerca de 15 milhões de pessoas. Eles afirmam que nenhum outro rio tem vazão suficiente para suprir a demanda da população e acreditam que o projeto de Geraldo Alckmin (PSDB) não será aprovado pela Agência Nacional de Águas (ANA), tamanha a oposição de gestores do Rio e do Vale do Paraíba, em São Paulo.
Crítico do projeto, o vereador de Resende Luiz Fernando Pedra (PDT), líder do Comitê da Região das Agulhas Negras, que inclui Quatis, Porto Real e Itatiaia, lembrou que Alckmin se comprometeu a abandonar a ideia de transposição, que vem de 2008, já que ele próprio é do Vale do Paraíba. "Já vimos uma grande redução da água com a construção de termoelétricas em Queluz e Lorena. Toda a indústria depende do Rio Paraíba do Sul e não temos um estudo técnico definitivo sobre impactos. São Paulo não cuidou de seus rios no passado e agora, com a necessidade de abastecimento, o Vale do Paraíba será afetado", afirmou Pedra.
O prefeito de Barra do Piraí, Jorge Babo (PPS), disse que tentará inviabilizar o projeto, uma vez que a cidade é extremamente dependente do rio. Uma estação de tratamento de água está sendo construída no município: a partir de 2015, toda a água que abastece Barra do Piraí será captada no Paraíba do Sul. Hoje, 20% da água é proveniente do Rio Piraí, que tem baixa vazão. "Neste verão tivemos de fazer uma manobra porque a represa do Piraí secou. Com a nova barragem, ele só será usado em emergências."
Para o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (PMDB), "a questão não pode ser analisada pela esfera política e deve ser tratada de forma técnica". Ele afirma que 100% da água da cidade sai do Rio Paraíba do Sul, situação semelhante à de outros municípios.
Desenvolvimento
Embora a discussão não seja nova, as cidades se surpreenderam com a postura de Alckmin. Em 2010, representantes dos municípios abastecidos se mobilizaram em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio e concluíram que não poderiam prescindir da vazão atual, sob risco de desabastecimento.
"A preocupação é antiga, pois pode prejudicar não só a população, mas o desenvolvimento", disse Nelson Gonçalves (PSD), deputado que coordenou a discussão. "Agora que o Arco Metropolitano do Rio (autoestrada no entorno da Região Metropolitana) será inaugurado, empresas vão se instalar e poderão ser afetadas. O Rio não tem alternativas." (OESP)

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