“Transposição de rios entre os Estados será comum no
futuro”, diz presidente da Agência Nacional de Águas
Agência Nacional de Águas alerta que é preciso se antecipar
ao problema de escassez de água
A polêmica entre São Paulo e Rio de Janeiro, que
"disputam" as águas do rio Paraíba do Sul para evitar racionamento,
revelou a crise por que passam os recursos hídricos no Sudeste, especialmente
em um momento de estiagem.
O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente
Andreu, alerta que a transposição de águas de um Estado para outro, alternativa
buscada pelos paulistas, será uma medida comum no futuro.
De acordo com Andreu, os governantes precisam se preparar e
discutir, de maneira conjunta, os problemas de escassez de água para se
anteciparem aos problemas e aumentar a segurança hídrica no País.
— É um fenômeno natural, não no Brasil, mas no mundo
inteiro. Já se discutem questões de transposição e interligação de bacias. Isso
vai acontecer e nós devemos nos antecipar para evitar situação como essas, nas
quais, diante de uma crise, se buscam soluções [imediatas] e o arranjo fica
muito difícil em função dos vários interesses envolvidos na disputa.
Agência de Águas: “Se rios não fossem poluídos, São Paulo
não sofreria com racionamento”
De acordo com o presidente da ANA, haverá conflitos pelo uso
da água, principalmente em regiões que têm poucos recursos hídricos e onde o
desenvolvimento ocorreu de forma acelerada e não foi acompanhado de novas
opções de captação de água.
Rio Paraíba do Sul
O conflito pelas águas no rio Paraíba do Sul começou depois
que o governo de São Paulo apresentou, como prevenção a um possível
racionamento, uma proposta para utilizar as águas da bacia, que também abastece
o Rio de Janeiro.
A proposta do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é
fazer a transposição das águas, retirando recursos hídricos de um dos braços da
represa do Jaguari, em Igaratá (SP), e levar a água para o reservatório
Atibainha (SP), por um canal com 15 quilômetros de extensão.
Mas o governador do Rio, Sérgio Cabral, já avisou que não
vai permitir a transposição das águas se isso colocar em risco o abastecimento
das residências e das empresas cariocas.
Para o presidente da ANA, é legítimo que São Paulo queira
aumentar a segurança hídrica do Estado. Mas, pondera ele, o governo do Rio de
Janeiro também está certo ao se preocupar com os impactos que a transposição
podem causar no Estado.
— É uma situação bastante complexa. Todos os argumentos que
estão sendo colocados são corretos. À luz das necessidade que são reais, tanto
de São Paulo quanto do Rio de Janeiro, é preciso buscar uma solução para este
momento.
Andreu afirmou que a agência não libera autorização para as
obras de transposição, mas sim analisa a solicitação para emitir um parecer.
Segundo o presidente da ANA, a agência vai analisar uma maneira de reduzir
prejuízos para os dois lados. (r7)
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