Bairros da capital e da Grande São Paulo já têm falta
d’água.
Fornecimento é interrompido à noite e retomado pela manhã em parte da
zona norte e em Osasco; quem tem caixa pequena reclama do abastecimento.
Embora a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) tenha anunciado, medidas para evitar o racionamento de água
nas cidades abastecidas pelo Sistema Cantareira, moradores de vários bairros da
capital e da Região Metropolitana relatam já estar sofrendo com a falta de
abastecimento há duas semanas. Em pelo menos quatro bairros da zona norte de
São Paulo, o abastecimento está sendo interrompido no início da noite e
retomado somente na manhã seguinte.
"Como a minha
caixa d’água é pequena, a água acaba rapidinho. O pior é que eles cortam bem na
hora em que chego do trabalho e preciso lavar roupa e fazer comida", diz a
empregada doméstica Morgana Cristina Moreira Lopes, de 46 anos, que vive com os
quatro filhos em uma casa da Vila Ede, região da Vila Gustavo. Na rua dela, a
água para de ser fornecida às 20h e só retorna após as 7h do outro dia.
Morgana afirma que,
no último fim de semana, o racionamento ocorreu durante todo o dia, e não
somente no período da noite e da madrugada. "Imagina eu, com um monte de
uniforme das crianças para lavar, e sem água", reclama.
Próximo dali, casas
da Vila Guilherme passam por racionamento das 23h às 6h, segundo um morador. Na
região próxima ao Horto Florestal, também na zona norte, dois bairros são
afetados: Lauzane Paulista e Vila Amália.
"Percebi que a
água começou a vir com menos força na torneira na semana passada, uns dias
antes do carnaval. O pior é que a Sabesp não avisou nada", diz a
aposentada Edith Avellar, de 79 anos, da Vila Amália. No bairro, o registro é
fechado por volta das 21h e volta às 7h da manhã.
Região
Metropolitana
Também abastecido
pelo Sistema Cantareira, Osasco vive o racionamento há mais tempo e de forma
mais severa, segundo moradores. "Faz uns 15 dias que o abastecimento
começou a falhar. Só tem água da rua durante a madrugada. A água chega umas 2h,
mas 7h já foi embora de novo", conta a zeladora Kátia Oliveira Simões, de
50 anos, moradora do Jardim Santa Maria, na divisa com a capital.
"Acho que eles
começam a racionar água nesses bairros mais afastados porque acham que a gente
é inferior. Eu trabalho na Bela Vista (região central).
Vê se alguma torneira de lá seca?", diz Kátia.
Resposta
Procurada, a Sabesp
afirmou, em nota, que "não há restrição de consumo em nenhum dos 364
municípios atendidos pela empresa" e alegou que a reportagem do Estado "pretende criar um
racionamento onde ele não existe".
A empresa não
soube, no entanto, explicar os motivos específicos da falta d’água em cada
localidade apontada pela reportagem e alegou que o pedido de esclarecimento do
Estado feito à assessoria de imprensa chegou muito tarde,
"impossibilitando a companhia de verificar as razões do desabastecimento
pontual relatado em cada um dos endereços citados".
De forma genérica,
afirmou que a intermitência no abastecimento nas regiões apontadas "pode
estar ligada às características dessas localidades, tais como o crescimento
desordenado (Osasco), às características geográficas com muitos aclives e declives
da zona norte de São Paulo e a áreas de ocupação irregular (Itapevi)".
A Sabesp afirmou
também que tem 56 mil km de redes de água na Grande São Paulo e, a cada oito
meses, percorre essa distância à caça de vazamentos. "A companhia está
investindo R$ 2,11 bilhões em abastecimento de água na Região Metropolitana
entre 2014 e 2016", diz a empresa, por meio de nota. (OESP)
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