Nível crítico do sistema abriu guerra pela água entre Sabesp
e entidade que reúne cidades do Interior.
O nível
cada vez mais crítico do sistema Cantareira, que abastece diretamente 8,8
milhões de pessoas na Grande São Paulo e indiretamente 5,5 milhões no Interior
do Estado, abriu uma guerra pela água entre a Sabesp (empresa estadual de
saneamento) e a entidade que reúne os interesses das regiões de Campinas,
Piracicaba e Jundiaí.
A Sabesp
é acusada pelo Consórcio PCJ - que congrega prefeituras, empresas e entidades
de mais de 70 cidades na área de influência dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí (PCJ) - de não reduzir sua dependência do Cantareira e de atentar
contra a vida útil do sistema.
Segundo
o consórcio, a Sabesp permaneceu retirando aproximadamente 31 m³/s (metros
cúbicos por segundo) de água do Cantareira, “mesmo sabendo do risco para a vida
útil do sistema”, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, “levando
os reservatórios a níveis abaixo de 20%, considerados altamente críticos”. Para
a região dos rios PCJ, são liberados do Cantareira apenas 3 m³/s.
Menor
patamar
O nível
de armazenamento dos reservatórios do Cantareira estava ontem em 16%, um dos
menores patamares desde que foi criado, em 1974. Para efeito de comparação, no
mesmo período de anos anteriores estava com 57,5% em 2013, 75,6% em 2012, 89,6%
em 2011 e 96,2% em 2010.
Procurada,
a Sabesp não havia se manifestado sobre as declarações do consórcio até o
fechamento desta edição.
Racionamento
A
disputa ocorre porque o Cantareira é formado pelo represamento dos principais
rios das regiões de Campinas, Piracicaba e Jundiaí e, ao mesmo tempo, é a
principal fonte de abastecimento da Grande SP (47% da região metropolitana
depende da água do sistema).
Além do
Cantareira, o sistema integrado que abastece a Grande SP conta com as represas
Alto Cotia, Alto Tietê, Guarapiranga, Rio Claro e Rio Grande. Mas, segundo o
Consórcio PCJ, o sistema integrado “não é sustentável” e os reservatórios “são
insuficientes para garantir o abastecimento da região, principalmente em
período de estiagem”.
Na
região de Campinas, ao menos quatro cidades já estão com racionamento
decretado: Itu, Valinhos, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse.
Erro
histórico
Na nota
em que afirma prestar esclarecimento “sobre a criticidade da dependência
hídrica da região metropolitana de São Paulo”, o Consórcio PCJ diz que há
“equívocos de planejamentos e ações” e cita estudos da década de 60 que
apontaram duas grandes soluções para suprir o abastecimento da Grande SP.
O
principal seria a construção de sete reservatórios no Vale do Ribeira,
permitindo uma oferta de água equivalente a todo o consumo atual da Grande SP -
cerca de 80 m³/s, com um custo estimado de US$ 6 bilhões à época. Tal proposta,
diz o consórcio, somada aos demais reservatórios existentes, teria deixado a
capital sem problemas de abastecimento de água até 2050.
“Infelizmente,
conforme evidência real, cometeu-se um erro histórico de planejamento e
optou-se pela segunda grande alternativa apontada pelos estudos, que foi a
construção do sistema Cantareira”, afirma a entidade. (jcnet)
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