sábado, 22 de março de 2014

Dia Mundial da Água

Carlos Henrique Pellegrini
Dia Mundial da Água, néctar dos seres vivos. Vivemos um período de estiagem sem precedentes nessa época do ano. Desde que a Terra se formou o volume de água somado em seus três estados físicos é absolutamente o mesmo. As dificuldades para o homem vai da qualidade da água para o consumo que está cada dia mais poluída  até a logística de armazenamento e abastecimento dos consumidores, cada vez mais distantes dos reservatórios e fontes.  Estamos em plena crise de abastecimento com reservatórios vazios. Comecemos a ver o caso do Rio Amazonas.
Nosso rio maior despeja no mar cerca de 130 milhões de litros de água doce por segundo. Com 20 segundos dessa descarga seria possível abastecer cada um dos 10,5 milhões de habitantes da cidade de São Paulo com os 250 litros que cada um consome por dia, em casa. Muita água. A agricultura no mundo consome cerca de 7,0 quatrilhões de litros por ano, que corresponderia à descarga do Rio Amazonas durante cerca de 640 dias, quase dois anos. Esse consumo, quase 75% do uso total de água no mundo, tende a aumentar muito, já que até meados deste século China e Índia, com 40% da população mundial, vão ampliar sua utilização em 80%. China e Índia tendem a enfrentar problemas muito graves, por causa de utilização na agricultura de mais água subterrânea do que as chuvas repõem.
O Brasil também não escapa. Sua agricultura, na qual o uso da água é mal planejado, contribui para um quadro preocupante. Porque os problemas não estão apenas na agricultura, estão também no despejo de esgotos sem tratamento nos rios, no desperdício de água, na vulnerabilidade dos mananciais de abastecimento público.
O relatório da Rede WWF lembra que para produzir uma batata são necessários 25 litros de água; para um ovo, 135 litros; para um hambúrguer, 2.400 litros; para o couro de um par de sapatos, 8 mil litros; para o algodão de uma camiseta, 4.100 litros, ou 75 litros para um copo de cerveja, 200 litros  para uma taça de vinho, 140 litros para uma xícara de café e 40 litros para uma fatia de pão. Esses números podem vir a ter muita importância se os países detentores de recursos e serviços naturais - como o Brasil - conseguirem impor o que os vários relatórios recomendam: uma política de valorização da água, de atribuição de valor, seja para uso interno, seja na exportação.
Outro caminho está nos investimentos na manutenção das redes de serviços de água, pois custa muitas vezes menos conservar um litro de água do que gerar um litro "novo", com a construção de barragens, adutoras, estações de tratamento. São muitos caminhos com a advertência de que não se pode perder mais tempo. A crise é grave!
*CARLOS HENRIQUE PELLEGRINI é professor universitário e Diretor de Gestão e Sucessão Familiar da Maxirecur  Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br. (jj)

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