Carlos Henrique Pellegrini
Dia Mundial da Água, néctar dos seres vivos. Vivemos um
período de estiagem sem precedentes nessa época do ano. Desde que a Terra se
formou o volume de água somado em seus três estados físicos é absolutamente o
mesmo. As dificuldades para o homem vai da qualidade da água para o consumo que
está cada dia mais poluída até a
logística de armazenamento e abastecimento dos consumidores, cada vez mais
distantes dos reservatórios e fontes.
Estamos em plena crise de abastecimento com reservatórios vazios.
Comecemos a ver o caso do Rio Amazonas.
Nosso rio maior despeja no mar cerca de 130 milhões de
litros de água doce por segundo. Com 20 segundos dessa descarga seria possível
abastecer cada um dos 10,5 milhões de habitantes da cidade de São Paulo com os
250 litros que cada um consome por dia, em casa. Muita água. A agricultura no
mundo consome cerca de 7,0 quatrilhões de litros por ano, que corresponderia à
descarga do Rio Amazonas durante cerca de 640 dias, quase dois anos. Esse
consumo, quase 75% do uso total de água no mundo, tende a aumentar muito, já
que até meados deste século China e Índia, com 40% da população mundial, vão
ampliar sua utilização em 80%. China e Índia tendem a enfrentar problemas muito
graves, por causa de utilização na agricultura de mais água subterrânea do que
as chuvas repõem.
O Brasil também não escapa. Sua agricultura, na qual o uso
da água é mal planejado, contribui para um quadro preocupante. Porque os
problemas não estão apenas na agricultura, estão também no despejo de esgotos
sem tratamento nos rios, no desperdício de água, na vulnerabilidade dos mananciais
de abastecimento público.
O relatório da Rede WWF lembra que para produzir uma batata
são necessários 25 litros de água; para um ovo, 135 litros; para um hambúrguer,
2.400 litros; para o couro de um par de sapatos, 8 mil litros; para o algodão
de uma camiseta, 4.100 litros, ou 75 litros para um copo de cerveja, 200
litros para uma taça de vinho, 140
litros para uma xícara de café e 40 litros para uma fatia de pão. Esses números
podem vir a ter muita importância se os países detentores de recursos e
serviços naturais - como o Brasil - conseguirem impor o que os vários
relatórios recomendam: uma política de valorização da água, de atribuição de
valor, seja para uso interno, seja na exportação.
Outro caminho está nos investimentos na manutenção das redes
de serviços de água, pois custa muitas vezes menos conservar um litro de água
do que gerar um litro "novo", com a construção de barragens,
adutoras, estações de tratamento. São muitos caminhos com a advertência de que
não se pode perder mais tempo. A crise é grave!
*CARLOS HENRIQUE PELLEGRINI é professor universitário e Diretor
de Gestão e Sucessão Familiar da Maxirecur
Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br.
(jj)
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