Chefes da ONU e da FAO pediram apoio ao Ano Internacional da
Agricultura Familiar durante o encontro na Hungria. Estudo recente em 93 países
aponta que as produções familiares representam mais de 90% de todas as
produções agrícolas.
Agricultura
familiar na Hungria
O secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-moon e o diretor-geral da FAO, o brasileiro José
Graziano da Silva, todos pediram em 05/03/14 aos governos que aumentem o apoio aos
pequenos agricultores familiares de todo o mundo com o objetivo de ganhar a
luta contra a fome.
Ban ressaltou que o
Ano Internacional da Agricultura Familiar, que se celebra em 2014, é um chamado
para o comprometimento. A mensagem foi transmitida por Graziano no Fórum Global
e a Expo sobre a Agricultura Familiar que acontece em Budapeste, Hungria.
“Os governos podem em
ponderar os agricultores familiares, especialmente as mulheres e os jovens,
mediante políticas que propiciem um desenvolvimento rural equitativo e
sustentável. Isso inclui uma melhor infraestrutura para reduzir a quantidade de
alimentos que se perdem depois da colheita, quando os pequenos produtores são
incapazes de armazenar, processar e transportar seus produtos”, disse Ban.
O secretário-geral da
ONU disse também que o financiamento público e privado deve proporcionar
serviços financeiros vitais, como o crédito e os seguros. Ban advertiu que os
agricultores familiares de pequena escala são particularmente vulneráveis aos
impactos climáticos, como as condições meteorológicas extremas, as secas e as
inundações.
Políticas agrícolas
favoráveis à família
Durante o discurso no
Fórum, José Graziano reafirmou as palavras do secretário-geral para que os
governos adotem políticas agrícolas explicitamente a favor da família.
Segundo ele, estas
devem garantir o acesso aos recursos da terra e da água, fortalecer os
programas de pesquisas gestionados publicamente, ampliar o investimento público
em infraestrutura rural e colocar em marcha programas de proteção social, além
de estabelecer em lei um salário mínimo.
Graziano assinalou
que os agricultores familiares, pescadores, pessoas dependentes das florestas,
pastores, comunidades tradicionais e indígenas são chave para a segurança
alimentar na maioria dos países.
Segundo o
diretor-geral, um estudo recente em 93 países aponta que as produções
familiares representam mais de 90% de todas as produções agrícolas. Ele também
indicou que os agricultores familiares dirigem a maior parte das terras
agrícolas do mundo, incluindo até 85% na Ásia e 63% na Europa.
“Além de produzir uma
alta porcentagem dos alimentos que comemos, a agricultura familiar é a maior
fonte de emprego no mundo”, destacou Graziano, acrescentando que os pequenos
agricultores são os guardiães da biodiversidade agrícola e dos recursos
naturais do planeta.
FAO alerta para a
ameaça da grilagem de terras
O diretor-geral da
FAO chamou a atenção para a importância de se proteger os agricultores
familiares do aumento de ameaças ao acesso tradicional da terra que representa
a insegurança e a grilagem de terras.
As diretrizes
voluntárias sobre a governança responsável da posse da terra, aprovadas pelo
Comitê de Segurança Alimentar Mundial, assim como os Princípios sobre
Investimentos Agrícolas Responsáveis – atualmente em fase de negociação – são
de grande importância para manter as ameaças sob controle.
“Existem grandes
investidores do setor privado na agricultura e eles continuarão, nós gostando
ou não”, explicou José Graziano. “Sendo assim é muito importante que haja um
entendimento comum sobre como investir em formas que sejam sustentáveis e
protejam os direitos dos agricultores familiares e as comunidades pobres.”
(ecodebate)
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